A adesão de todos os 94 municípios à Rede de Urgência e Emergência Macrorregião Sudeste revela o potencial de consolidação desse projeto da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG). E essa confiança foi mais uma vez evidenciada hoje (02/05), no primeiro dia do 2º Seminário de Implantação da Rede, unindo secretários municipais de saúde, diretores e coordenadores de urgência dos hospitais, dos municípios e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), representantes da defesa social e do corpo de bombeiros – totalizando mais de 500 pessoas – para a definição do desenho da rede hospitalar e da matriz de competência dos pontos de atenção conforme nível de complexidade. “Entendendo que não existe rede de um prestador só, com esse encontro estamos discutindo o papel de cada um nisso, de forma a criar uma logística eficiente para colocar o paciente certo, no local certo e no tempo mais adequado para a resposta clínica”, explicou o coordenador estadual de Urgência e Emergência, Rasível dos Reis Santos Júnior.
A primeira etapa da implantação da Rede foi realizada em março, com a definição das unidades do Samu. “As ambulâncias constituem o componente móvel, sendo acessadas pelo número 192, acionadas pela Central Operativa de Urgência e tripuladas por uma equipe capacitada para realizar o atendimento”, explica Rasível. Segundo ele, as unidades são “pontos de ligação física e tecnológica para garantir o melhor tempo resposta, de aproximadamente 15 minutos”. Um avanço significativo em relação ao que a maioria dos municípios vivencia atualmente. “Hoje, as ambulâncias podem até oferecer um tempo resposta menor, porém, essas unidades não dispõem de qualquer infraestrutura para realizar o atendimento de urgência, tendo muitas vezes apenas um motorista. Ou seja, o que se faz é apenas a transferência do óbito”.
Conforme explicou a gerente do Processo de Atendimento às Urgências e Emergências, Hellen Fernanda Souza, a expectativa é que “de cada oficina de trabalho realizada (que conta com exposições dialogadas, trabalhos em grupos e apresentações em plenária) saia um produto”. Foi o que aconteceu no primeiro encontro, realizado em março. “Junto aos prefeitos, definimos a melhor localização da Central de Regulação e distribuímos as oito Unidades de Suporte Avançado (USA) e as 31 Unidades de Suporte Básico (USB)”, exemplificou Rasível.
Utilizando a citação do escritor João Guimarães Rosa de que, “viver é um negócio muito perigoso”, o coordenador estadual de Urgência e Emergência apresentou os desafios a serem vencidos para a consolidação das Redes. Dentre eles estão, “a fragilidade dos entes de governança regionais, daí a importância do consórcio para a realização da gestão; a falta de modelo baseado em classificação e estratificação de risco; a ausência de um modelo de financiamento regional e as enormes diferenças regionais, como densidade demográfica, orçamento e outros”, listou Rasível. Outra dificuldade, segundo ele, está na “falta de critérios para a distribuição dos serviços de urgência, que devem ser baseados em tempo resposta, qualidade e risco”, sendo que, no caso desse último, “em parte, já tem sido vencida pela SES/MG, com as ambulâncias”, afirmou.
No segundo dia de programação (03/05), os participantes vão contar com a presença do secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Antônio Jorge de Souza Marques, que fará a abertura oficial do evento. Além disso, serão discutidos alguns temas, como “A situação atual da atenção hospitalar da Macrorregião Sudeste e os critérios para o desenho hospitalar da Rede de UeE” e o “Planejamento do período de dispersão”.
Autor: Sara Rodrigues.