Regional de Saúde de Itabira promove capacitação sobre doença de Chagas

A oficina reuniu técnicos e lideranças comunitárias, destacando a importância de uma abordagem integrada no enfrentamento da Doença de Chagas

A Gerência Regional de Saúde (GRS) de Itabira, por meio da Coordenação de Vigilância em Saúde (CVS), promoveu no dia 8/4, no auditório da Faculdade UNA, em Itabira, uma importante capacitação em parceria com o Instituto René Rachou (Fiocruz-Minas). A oficina “Vigilância Popular em Doença de Chagas: Capacitação Multidisciplinar” reuniu profissionais de diversas áreas, com o intuito de promover uma abordagem colaborativa e integradora no enfrentamento da doença de Chagas no território.

De acordo com Marcelo Barbosa Motta, coordenador de Vigilância em Saúde da GRS Itabira, a capacitação teve como objetivo discutir de forma ampla as questões envolvendo a doença, suas formas de transmissão, os desafios no controle e as estratégias de vigilância. “A oficina contou com a participação de representantes de diversos segmentos da saúde, educação, meio ambiente e lideranças sociais, fortalecendo o conceito de um Sistema Único de Saúde (SUS) colaborativo e pluralista”, destacou.

 Liléia Diotaiuti, Marcelo Motta e Raquel Ferreira

Marcelo Motta acrescentou ainda a importância da participação popular nas ações de controle da doença de Chagas. Ele explicou que a vigilância pode ser dividida em duas modalidades: ativa e passiva. A vigilância ativa envolve a busca do vetor, o triatomíneo – popularmente conhecido como “barbeiro” –, com visitas casa a casa. Já a vigilância passiva ocorre por meio dos Postos de Informação de Triatomínios (PITs), unidades de referência frequentemente localizadas na zona rural, que atuam como pontos de apoio para a comunidade.

“Esses postos podem ser uma escola, uma igreja, uma unidade de saúde ou até mesmo a casa de um colaborador voluntário”, explicou Marcelo. Esses locais servem para que a população leve os insetos encontrados, permitindo que os agentes de saúde façam a identificação. “Caso se trate de um vetor, as medidas necessárias são adotadas e o retorno à comunidade é garantido, assegurando o feedback e a continuidade das ações”, acrescentou. 

De acordo com os organizadores da oficina, a iniciativa também teve como meta desenvolver um produto alinhado às necessidades específicas e às deficiências identificadas nos 27 municípios que integram a Gerência Regional de Saúde (GRS) de Itabira. Eles ressaltaram que, embora haja avanços, as ações de controle da doença de Chagas ainda são consideradas incipientes na região. O evento, portanto, teve como propósito principal contribuir para a reestruturação da vigilância da doença nesses municípios. “Nosso objetivo é retomar e fortalecer as ações de controle da doença de Chagas, por meio da troca de experiências e da análise da situação atual”, afirmaram.

Oficina de Vigilância Popular em Doença de Chagas: Capacitação Multidisciplinar realizada em Itabira

Palestras Técnicas

A programação da oficina contou com palestras técnicas que abordaram desde a ecologia do vetor até os aspectos clínicos da doença.

A primeira apresentação foi conduzida pela pesquisadora do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), Liléia Gonçalves Diotaiuti. Com o tema “Eco-epidemiologia e controle de triatomíneos”, ela apresentou uma análise detalhada sobre a ecologia desses insetos transmissores e abordou as técnicas mais eficazes para o controle da população de vetores.

Na sequência, Marcelo Cândido Sarmento Drumond Nobre, médico da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e do Hospital Margarida, de João Monlevade, apresentou os “Aspectos clínicos relevantes da doença de Chagas”. Marcelo Nobre destacou os principais sinais e sintomas da enfermidade, além de discutir o impacto das condições locais de saúde no diagnóstico e no tratamento de casos suspeitos.

Encerrando o ciclo de palestras, a pesquisadora do Instituto René Rachou (Fiocruz-Minas), Raquel Aparecida Ferreira, e Marcelo Barbosa Motta, da Coordenação de Vigilância em Saúde da GRS Itabira, apresentaram os resultados de um diagnóstico situacional sobre as ações de controle da doença de Chagas no território da GRS-Itabira. O estudo, iniciado em 2022 e concluído em abril de 2025, traçou um panorama das fragilidades e potencialidades da região, servindo como base para o planejamento de ações mais eficazes de vigilância e intervenção.

Dinâmica interativa e discussões multidisciplinares

A oficina adotou uma dinâmica interativa, permitindo que os participantes aplicassem seus conhecimentos adquiridos no trabalho e nas palestras em situações práticas, discutindo a eficácia das abordagens atuais e sugerindo melhorias nas estratégias de vigilância.

O evento teve caráter multidisciplinar, com a participação de representantes de diversas áreas essenciais para o controle da doença. Além de coordenadores de vigilância em saúde e epidemiológica, estiveram presentes supervisores de endemias, coordenadores de Atenção Primária à Saúde (APS), representantes do meio ambiente, da educação e lideranças comunitárias. A inclusão desses segmentos foi fundamental para reforçar a importância da colaboração entre diferentes setores da sociedade no enfrentamento das doenças endêmicas.

Produto final

A oficina foi concluída com a elaboração de um documento que sintetiza as discussões, sugestões e estratégias desenvolvidas pelos participantes. Esse material tem como objetivo fortalecer as ações de vigilância e controle da doença de Chagas, por meio da implementação de práticas baseadas nas necessidades e realidades locais.

Por Flávio A. R. Samuel / Fotos: Arquivo Marcelo Barbosa Motta

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