Com o início do período de maior transmissibilidade da febre maculosa, que vai de maio a novembro, o Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi) da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova realizou uma reunião, em 3/9, para traçar ações preventivas e de controle da febre maculosa. Treze municípios da área da SRS Ponte Nova, representados por seus coordenadores de Vigilância em Saúde e Epidemiologia, além de agentes de campo, estiveram presentes no auditório do Sindicato dos Produtores Rurais da SRS.
A febre maculosa é uma doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável, com elevada taxa de letalidade, sendo de difícil diagnóstico e rápida evolução. É causada pela bactéria Rickettsia rickettsii e transmitida por meio da picada de carrapatos infectados. Em Minas Gerais, o carrapato da espécie Ambyomma sculptum é o que apresenta maior relevância no ciclo biológico da doença, podendo ser encontrado em equídeos, roedores (como capivaras), marsupiais, cães, entre outros.
“Ela se confunde muito com dengue, gripe ou resfriado pelo fato de os primeiros sintomas serem febre, dor de cabeça e dor no corpo. Assim, não é raro os infectados procurarem atendimento médico somente quando percebem as primeiras erupções cutâneas (máculas) na pele, indicativo do agravamento da doença”, alertou a referência técnica em Vigilância das Zoonoses do Nuvepi, Isabela de Castro Oliveira.
Com a progressão da doença, pode haver insuficiência respiratória, icterícia, gangrena, hemorragias, necrose, alterações hemodinâmicas, entre outros, com grande chance de evoluir a óbito. “A febre maculosa possui tratamento e é fundamental que, diante da mínima suspeita clínica, já se inicie o uso do antibiótico, antes mesmo da confirmação dos exames laboratoriais”, completou.
Isabela esclareceu que o homem é sempre um hospedeiro acidental no ciclo dos carrapatos, tendo as formas imaturas – larvas e ninfas – as principais transmissoras da doença devido a seu tamanho reduzido. “A recomendação de que toda pessoa que esteja em áreas de mata, atividades rurais e locais propícios à infestação faça a procura corporal a cada três horas, pelo menos, lembrando que o carrapato precisa se fixar na pele no mínimo quatro horas para que ocorra a infecção”, explicou.
A referência técnica esclareceu, ainda, que a técnica mais utilizada para confirmação de casos é a da reação de imunofluorescência indireta (RIFI), exame laboratorial específico para a detecção de produção de anticorpos para a doença, sendo necessária pelo menos duas coletas de sangue para fechamento dos casos (dentro de um intervalo de 14 a 21 dias entre as coletas).
Recomendações
Isabela finalizou a reunião destacando algumas recomendações importantes, como não arrancar o carrapato com a unha. “Pode ocorrer a condução da doença por meio de lesões geradas pelo esmagamento do carrapato na epiderme. Para a retirada, recomendamos o uso da pinça, fazendo um movimento circular, de modo a conseguir retirar o carrapato inteiro”, orientou.
Em relação aos profissionais de campo, a servidora recomendou que seja realizado o planejamento do levantamento entomológico no território, ou seja, a demarcação e a escolha baseada em dados epidemiológicos, que permitirão investigar se as espécies de carrapato encontradas nos ambientes e pessoas estão infectadas com a bactéria causadora da febre maculosa.
Por Tarsis Murad
Foto: Priscila Moura