O manejo de escorpiões foi tema de uma capacitação realizada pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova, por meio do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi), no dia 3/11, em sua sede. Vinte e dois municípios estiveram presentes, por meio de seus coordenadores de Vigilância em Saúde, Epidemiologia e agentes de combates a endemias (ACE). A data foi escolhida em celebração ao Dia Nacional da Saúde Única, instituído pela Lei nº 14.792/2024, que visa conscientizar sobre a relação indissociável entre a saúde humana, animal e ambiental.
Em março de 2025, o Governo de Minas reinaugurou a Fábrica de Produção de Soros Hiperimunes da Fundação Ezequiel Dias (Funed), essencial para o combate aos efeitos de envenenamento por animais peçonhentos, entre os quais figuram os escorpiões. Diante disso, a Coordenação Estadual de Vigilância das Zoonoses da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) elaborou uma nota técnica orientando os municípios sobre captura, acondicionamento e transporte de escorpiões vivos para a produção de soros antiescorpiônicos.
A instrução foi apresentada pela referência técnica de Zoonoses da SRS Ponte Nova, Isabela de Castro Oliveira. “Agora, com a retomada do envio desses animais para a Funed, o enfrentamento ao problema ocorrerá de maneira mais eficaz. Lembrando, ainda, que os escorpiões desempenham papel importante no equilíbrio ecológico como predadores de outros seres vivos, devendo ser preservados na natureza”, disse. No entanto, a referência observou que algumas medidas devem ser adotadas para evitar a sua proliferação, como ações de controle, captura (busca ativa) e manejo ambiental.
Isabela destacou que a espécie mais encontrada em Minas Gerais é o escorpião amarelo do gênero Tityus serrulatus, de alta toxicidade e potencialmente fatal (a depender da vulnerabilidade dos indivíduos). “Ele se reproduz pelo processo de partenogênese, ou seja, não há diferenciação entre exemplares de machos e fêmeas, sendo um único animal capaz de se autorreproduzir, gerando em média vinte filhotes por período gestacional, o que pode ocorrer até três vezes ao ano”, explicou. Ela ainda observou que não há como controlar efetivamente a proliferação por meio de inseticidas, já que escorpiões não são insetos.
Assistência
A referência técnica em Imunização do Nuvepi, Thiany Silva Oliveira, informou sobre a rede de soroterapia na região, em caso de acidentes por picada de escorpião: Hospital São Sebastião, de Viçosa, Hospital Arnaldo Gavazza, de Ponte Nova, Hospital Nossa Senhora de Lourdes, de Alvinópolis, Hospital Nossa Senhora da Conceição, de Rio Casca, Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de São José do Goiabal, e Hospital São Sebastião, de Raul Soares.
“Mediante a ocorrência de acidente, o ideal é que a vítima seja imediatamente encaminhada a um centro de soroterapia. Para isso, é necessário que as equipes municipais estejam capacitadas para seguir os protocolos e que haja educação em saúde junto à população. A rapidez do atendimento é crucial para evitar mortes”, alertou. Thiany acrescentou que, nos últimos cinco anos, conforme registros dos sistemas de mortalidade, houve dois óbitos por picadas de escorpião na região.
Prevenção
Algumas medidas de prevenção são fundamentais para controle dos escorpiões: manter jardins e quintais limpos; evitar o acúmulo de entulhos e lixo doméstico; vedar soleiras de portas, buracos em paredes, assoalhos e vãos; usar telas em ralos; afastar as camas e berços das paredes; preservar os inimigos naturais de escorpiões (gambás, corujas, lagartos e sapos); usar luvas e botas em caso de moradores de áreas rurais e trabalhadores do campo.
Por Tarsis Murad
Foto: Tarsis Murad
