Desde o início da Pandemia de covid-19 elas foram desejadas, aguardadas e muito se especulou sobre elas, as vacinas. De lá para cá, filas se formaram em busca do imunizante, que cumpriu o seu papel de proteger e amenizar o risco de manifestações clínicas graves e até mesmo a morte. Mas, é preciso lembrar sempre que esse benefício não é apenas em relação ao coronavírus. Nossa volta gradual à normalidade, depois da maior operação de vacinação da história de Minas Gerais, infelizmente, não tem sido o suficiente para convencer as pessoas a se imunizarem para diversas outras doenças.
Em 2022, campanhas de vacinação contra a influenza, sarampo, meningites, poliomielite e atualização das cadernetas de vacinação para públicos diversos, têm sido amplamente divulgadas e até mesmo prorrogadas, sem atingir totalmente as metas de pessoas imunizadas.
Mobilização e criatividade
Para combater as notícias falsas e a desinformação, além de fomentar a procura da população por diversos imunizantes, os municípios têm usado a criatividade e persistência. Nos 24 municípios da área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Alfenas as ações de mobilização social têm sido bastante diversificadas.
“Nós vemos que os municípios estão tentando de tudo para vacinar o maior número de pessoas, para que elas completem seu esquema vacinal de acordo com a faixa etária ou condição de saúde”, diz Maria Goreti Michailidis, responsável técnica da Rede de Frio e de imunização da SRS Alfenas. “Eles nos enviam fotos, vídeos e surpreendem pela criatividade. São carros de som pelas ruas prestando informações, abordagens em salas de espera de unidades de saúde, vacinação com horário estendido, vacinação nas praças, montagem de brinquedos infláveis e distribuição de doces como forma de tornar o dia mais especial para as crianças”, continua. Segundo Goreti, as equipes têm feito palestras e vacinação nas escolas, além de aproveitar eventos como feiras para prestar orientações e conceder entrevistas para as rádios, divulgando a importância da vacinação. “Eles capricham na decoração das salas de vacinação, usam fantasias, vão até as empresas para que as pessoas se vacinem durante o trabalho, por exemplo. Vacinas não estão faltando, nem alternativas e dedicação para aplicação, o que precisa aumentar é a consciência e interesse das pessoas”, ressalta Maria Goreti.
O empenho dos municípios reflete em resultados, os índices de vacinação nas cidades abrangidas pela Regional de Alfenas não estão ruins, mas podem melhorar.
“O índice de cobertura vacinal acumulada da vacina Meningocócica (ACWY) em adolescentes de 11 a 14 anos, em Minas Gerais, de 2017 a 2022 é de 67,74%. Nos municípios da SRS Alfenas, conseguimos um resultado um pouco melhor, de 74,97%”, relata Silnes Helena Diogo Marçal, coordenadora de vigilância em saúde da SRS Alfenas. “Já na Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação, até o final de setembro, o Estado havia imunizado 74,23% das crianças de 1 a 4 anos, enquanto na SRS Alfenas atingiu 81,40% do público até esta data. Na campanha contra a influenza, que ocorreu de abril até setembro, Minas Gerais vacinou 77,9% do público-alvo e nos municípios da regional atingimos 79,67% de cobertura”, completa a coordenadora. Segundo Silnes, as campanhas foram amplamente divulgadas e até mesmo prorrogadas.
Em Guaxupé, município com mais de 52 mil habitantes, as iniciativas de incentivo à vacinação são diversas. Há estandes montados em feira, horário estendido das salas de vacina, unidades abertas aos sábados, além de profissionais de saúde fazendo conscientização nos rádios, praças e escolas. A Imunização do município produziu um vídeo, que foi divulgado pelas escolas em grupos de comunicação instantânea com os pais. “A baixa cobertura vacinal muito nos preocupa”, disse Andréa Coelho, enfermeira-coordenadora da vigilância epidemiológica de Guaxupé. “Isso significa que a nossa população está desprotegida contra certas doenças, que os pais não estão levando seus filhos para se vacinarem, que adolescentes e adultos não estão procurando as Unidades Básicas de Saúde”, continuou. “Isso pode ocasionar o ressurgimento de certas doenças que antes já haviam sido erradicadas, como a Poliomielite e o Sarampo. Nossa vacina é segura, eficaz e gratuita. Vacinação é um direito dos filhos e dever dos pais”, finalizou Andréa.
Vale lembrar que, independente de campanhas de vacinação, qualquer pessoa pode procurar as salas de vacina, na Unidade Básica de Saúde mais próxima, para verificar se precisa de alguma imunização. Há vacinas específicas para todas as faixas etárias.
Autor: Thayane Viana