O Governo de Minas, por meio da Fundação Ezequiel Dias (Funed), assinou nesta quarta-feira, 18/01, em Brasília, durante solenidade para anúncio de mudanças no calendário de vacinação infantil, acordo de cooperação técnico-científico com o Ministério da Saúde para desenvolvimento e produção de uma nova vacina para o Sistema Único de Saúde, capaz de imunizar, com uma única dose, contra sete doenças: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, poliomielite, meningite C e outras infecções bacterianas.
O acordo prevê que a heptavalente seja desenvolvida e produzida por meio de uma parceria entre a Funed (MG), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/RJ) e o Instituto Butantan (SP), a partir de combinação de vacinas já desenvolvidas pelos três laboratórios. “Estamos formando uma rede para criar base competitiva internacional no campo de vacinas”, afirmou o Secretário de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha.
O presidente da Funed, Augusto Monteiro Guimarães, acrescentou que essa parceria é um marco para a produção e inovação em biotecnologia a favor da saúde pública. “Trata-se de ação de cooperação entre os produtores, por meio da qual cada um fornecerá o seu melhor. O resultado certamente será um produto de alta tecnologia e qualidade, que permitirá redução de custos aos cofres públicos e ganhos para os usuários da rede pública de saúde”, disse.
Segundo o ministro, atualmente, 96% de todas as vacinas aplicadas no Brasil são de produção nacional e o Ministério tem todo interesse em continuar discutindo e avançando no desenvolvimento de produtos de saúde de alta tecnologia, que conquistem maior adesão e aceitabilidade por parte da população. “Esse acordo sé está sendo possível porque estamos desenvolvendo tecnologia aqui no país e é um passo importante para que o Brasil possa ocupar o mercado mundial de vacinas”, afirmou.
A expectativa é que no prazo máximo de cinco anos (até 2017), a heptavalente passe a fazer parte do calendário de vacinação brasileiro, sendo distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, será proposto um plano de trabalho com prazos e responsabilidades dos órgãos envolvidos. O plano será elaborado pelos comitês gestor e técnico, que são compostos por membros das instituições que participarão do desenvolvimento e produção da vacina.
Mudanças no calendário vacinal
A assinatura do Acordo foi realizada durante uma solenidade que anunciou alterações no calendário de vacinação do Ministério da Saúde. De acordo com o Ministro, Alexandre Padilha, a partir de agosto deste ano, a vacina poliomielite, hoje aplicada em três doses em forma de gotas, passará a ser aplicada de forma combinada com a injetável (dose única). A tendência é de que todos os países adotem apenas a injetável. “Ela é mais segura. Com a injetável, os riscos de efeitos colaterais como algumas formas de paralisia são praticamente nulos”. Mas, de acordo com o Ministro, isso só será realizado até que a doença seja totalmente erradicada no mundo.
Outra mudança anunciada no evento foi a inclusão da pentavalente, para imunização contra difteria, tétano, conqueluche, haemophilus influenza tipo B e hepatite B. De acordo com o Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Jarbas Barbosa, ao concentrar a proteção de várias doenças em uma única vacina permitirá reduzir o número de picadas, melhorar o controle e administração das doses e, claro, gerar uma economia para o país. O ministério calcula uma economia de R$700 mil ao ano com a inclusão da pentavalente no calendário a partir de agosto deste ano.
A partir da combinação da pentavalente é que o Ministério já anunciou e firmou acordo para o desenvolvimento e produção da heptavalente, que contará com a participação da Funed. “Em quatro anos, pretendemos incorporar mais dois componentes – a pólio e a meningocócica C – e fazer a heptavalente”, disse o Secretário Jarbas Barbosa. Segundo ele, o Ministério já estuda também o desenvolvimento de outras vacinas como, por exemplo, contra Hepatite A, Varicela (catapora) e contra o HPV.
Heptavalente
A heptavalente será produzida pela combinação das vacinas já existentes: DTP (Tríplice Bacteriana) contra difteria, tétano e coqueluche e HepB (Hepatite B) contra hepatite B, ambas sob responsabilidade de produção do Instituto Butantan. A composição da heptavalente conta, ainda, com a vacina MenC (Meningite C) contra Meningite C – que será fornecida pela Funed -, e com a IPV (Vacina Inativada de Poliovírus) contra a Poliomielite Inativada e a Hib (Haemophilus influenzae tipo B) contra meningite por Haemophilus, ambas viabilizadas pela Fiocruz, que ficará também responsável pela coordenação das atividades de produção da vacina.Futuramente, há a possibilidade de que a Funed, além de participar do desenvolvimento da vacina, também assuma parte do controle de qualidade, armazenamento e distribuição e fornecimento da heptavalente.
No comitê gestor, o Estado de Minas Gerais será representado pelo Presidente da Fundação Ezequiel Dias, Augusto Monteiro Guimarães, pelo Chefe de Gabinete, Homero Jackson de Jesus Lopes, e pela Diretora Industrial, Lissandra Clementoni. Já o comitê técnico contará com Roberta dos Santos, Alisson Bruno Luzia, Maria Olivia Nogueira Teixeira e Shirley Lima, que atuam na Gerência de Projetos Estratégicos (GePE) da Funed.
O trabalho será realizado com recursos próprios da Funed, Fiocruz, Instituto Butantan e com o apoio do Ministério da Saúde. De acordo com o chefe de gabinete da Funed, Homero Jackson de Jesus Lopes, ainda não é possível calcular o valor exato da economia que se pretende gerar com esse novo produto, “mas, com certeza, a redução será expressiva, pois será possível agregar múltiplas imunizações em dose única, com impacto direto nos custos logísticos do Programa Nacional de Imunização”, destacou.
Política Nacional de Desenvolvimento de Fármacos
A definição e incentivo para o desenvolvimento e produção dos medicamentos estratégicos de alto custo pelos laboratórios oficiais faz parte da Política Nacional de Desenvolvimento de Fármacos do Ministério da Saúde (MS). A política estimula a parceria entre laboratório privados e públicos para a nacionalização da produção de medicamentos, por meio de transferência de tecnologia.
A Funed já está inserida nessa PDP – Política de Desenvolvimento Produtivo, tendo já firmado diversas parcerias para a produção de novos fármacos como, por exemplo, para a produção do Tenofovir- medicamento importado, de alto custo, utilizado no tratamento de pacientes portadores do HIV-, e para produção da vacina contra meningite C.
Outras parcerias como estas também estão em desenvolvimento na Funed e, futuramente, podem tornar possível a produção de outros medicamentos de alto valor agregado, como o EntecaVir, outro Antiretroviral usado no tratamento da Aids; o Donepezila, usado no tratamento de Alzheimer; a Atorrvastatina, usada para controle de colesterol e Pramipexol, medicamento para mal de Parksinson.
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Autor: Aline Xavier e Marina de Castro