O governador Romeu Zema fez pronunciamento nesta terça-feira (16/6), durante coletiva virtual, na cidade administrativa, em que anunciou entrega de 420 respiradores adquiridos com recursos da Ação Civil Pública movida contra a Samarco e suas controladoras (Vale e BHP), a título de garantia do rompimento da barragem da mineradora em 2015, em Mariana. Outros 80 equipamentos são fruto de remessa feita pelo Governo Federal, totalizando, portanto, 500 novos respiradores para o estado.
Ainda foram divulgadas a habilitação de novos 79 leitos de UTI. Esses leitos serão para o interior do estado, nas cidades de Lavras, Itaúna, Ipatinga, Patrocínio, São Sebastião do Paraíso, Divinópolis, Ouro Preto, João Monlevade, Governador Valadares, Unaí, Teófilo Otoni, Salinas, Taiobeiras, Lagoa da Prata e Conselheiro Lafaiete. Assim a rede de saúde passa a contar com 2.964 leitos para terapia intensiva. Anteriormente, eram 2.885 e em fevereiro deste ano, eram 2013 leitos de UTI.
“Hoje a situação da estrutura do estado é superior àquela de 90 dias atrás. De lá para cá, nós tivemos tempo de estruturar a rede de saúde. Lembro também que essa expansão de UTIs já ocorreu aqui em Belo Horizonte, com os hospitais Júlia Kubitschek e Eduardo de Menezes, que também tiveram as suas unidades de UTI ampliadas”, comentou o governador. Zema ainda mencionou os números de ocupação de leitos no Estado. No momento os indicadores apontam taxas de ocupação de 13,20% em decorrência da Covid-19, ou por suspeita da doença. Em relação aos leitos clínicos, a taxa de ocupação está em 9,15%. De forma geral, os índices são de 72,76% e 73,15%, respectivamente. “Não é mais um número tão confortável quanto ao que tínhamos cerca de 45 ou 60 dias atrás, que estavam por volta de 5 a 6%. Mas lembro que nós temos ainda um colchão de segurança”, avaliou.
Romeu Zema ainda se pronunciou sobre o Hospital de Campanha, montado no Expominas, na capital, considerando que não é momento ainda de abertura daquela estrutura. “Nós estamos ampliando continuamente o número de leitos de UTIs. Num hospital você tem toda uma estrutura de exames complementares, de acessos a recursos, que num hospital de campanha não têm. O hospital de campanha está apto a funcionar tão logo seja necessário”. O governador também mencionou a necessidade de manutenção das medidas de distanciamento e isolamento como principais ações para controle da epidemia. “As medidas de uso de máscara, higienização, nós vamos ter que conviver com isso ainda por muitos e muitos meses. Mas Minas Gerais, como eu disse, continua sendo um estado que está conduzindo de forma muito superior à média do Brasil”, declarou.
Após o pronunciamento do governador, o advogado-geral do Estado, Sérgio Pessoa, se manifestou sobre aquisições dos equipamentos que foram autorizadas pelo Judiciário, após petições ajuizadas pela Advocacia-Geral do Estado (AGE). “A orientação que o governador tem dado à AGE é no sentido de buscar no ambiente jurídico a possibilidade de insumos para esse momento difícil que o Estado e o país atravessam. Procurar o diálogo institucional tão fundamental nesse momento, envolvendo não apenas entes da federação, Minas Gerais e o Espírito Santo, que são atores nesse processo, mas também as instituições jurídicas, as equipes que coordenam esse processo no ambiente dos órgãos de controle, como Ministério Público Federal e Estadual, Defensorias Públicas de Minas Gerais e a da União, a Advocacia-Geral da União. É um apoio fundamental nessa articulação, nessa busca de soluções criativas e ao mesmo tempo céleres, com diálogo institucional e transparência”, afirmou.
Já o juiz federal, Mário de Paula Franco Junior, representando a Justiça Federal, enfatizou a integração entre a Justiça Federal e o Governo de Minas Gerais. “Neste momento tumultuado que o país vem enfrentando, nessas águas turbulentas, o Governo de Minas Gerais tem sido um porto seguro para que, no âmbito do processo da Samarco e no desastre de Mariana, que tanto sofrimento e tanta dor trouxeram, possa haver reversão para atendimento do interesse público, de forma que possamos avançar e que a dor e os danos sejam reparados”, destacou.
Boletim Epidemiológico
Posteriormente, o secretário de Estado de Saúde (SES-MG), Carlos Eduardo Amaral, respondeu às perguntas da imprensa, informando o cenário epidemiológico da epidemia no Estado, além de abordar as ações de prevenção e enfrentamento ao coronavírus em Minas Gerais. Até o momento, foram confirmados 22.024 casos confirmados. Outros 9.696 estão em acompanhamento e 11.826 são considerados recuperados. Em relação aos óbitos, 502 mortes foram confirmadas em razão da Covid-19.
O secretário comentou a conjuntura dos últimos 15 dias. Minas Gerais apresenta, no momento, uma aceleração do número de casos. “Iniciamos uma rodada de videoconferências com as macrorregiões, no momento faltam apenas três regiões. Então buscamos mostrar os dados da SES a cada um dos prefeitos e secretários, solicitando que eles ficassem atentos às medidas de isolamento social, que tivessem o máximo de adesão, formal ou não, às orientações do Minas Consciente, de forma a que nós pudéssemos ter um controle maior e redução na tendência dos casos”, afirmou.
Segundo o gestor, a partir dos próximos dias deve ser verificada uma mudança na tendência, com redução da intensidade do crescimento. “Toda medida que é tomada leva cerca de 14 dias para vermos os resultados. Nesta semana e na semana que vem nós esperamos ter uma discreta redução nos casos, mas é uma discreta redução dentro do que é esperado nessa curva”. Amaral ressaltou que não há espaço para relaxamento do distanciamento e mudanças de comportamento. “Não é momento para grande flexibilização. Nós devemos, sim, manter o isolamento social, para que nós tenhamos o máximo de controle e evitemos o pico de casos. Nós não desejamos de ter pico em Minas Gerais”.
Quanto à política de ampliação de leitos, o secretário mencionou que a SES-MG tem realizado esforços para destinar leitos de terapia intensiva a várias áreas do interior do Estado. “Nós teremos a capacidade de ampliar 140 leitos de Terapia Intensiva no interior do Estado. Com isso, nós manteremos aquela ideia da oferta de leitos perante a demanda, a necessidade dos leitos e necessidade da epidemia. Mas a ampliação da oferta de leitos só terá resultado se o isolamento for mantido de forma adequada. Isso também vale para a Região Metropolitana. Nós precisamos de um isolamento adequado. Vários municípios já retroagiram nesse isolamento”.
Segundo Amaral, a expansão das UTIs deve ser realizada na Rede Fhemig e também naqueles que já estavam dentro das unidades previstas, conforme o Plano de Contingência. O secretário explicou que a remessa de respiradores também vai ao encontro dessa ampliação da estrutura de atendimento. “A capacidade aumentará muito nos próximos 45 dias. Em relação aos respiradores, primeiramente nós vamos enviar para aquela região que tiver uma estrutura pronta para recebê-los. Também devemos verificar as regiões com maior necessidade, que estão com maior estresse em suas redes de saúde. A Região Noroeste, por exemplo, vai receber alguns desses equipamentos. O que precisamos é confirmar com as prefeituras e prestadores se eles estão prontos para receber, para que não tenhamos respiradores parados”, explicou.
Lavras, Itaúna, Ipatinga, Patrocínio, São Sebastião do Paraíso, Divinópolis, Ouro Preto, João Monlevade, Governador Valadares, Unaí, Teófilo Otoni, Salinas, Taiobeiras, Lagoa da Prata e Conselheiro Lafaiete
Autor: Ramon Santos