ESP-MG recebe atividade intersetorial sobre drogas e políticas públicas

Crédito: Sílvia Amâncio

A Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG) recebeu hoje (22) o “Seminário Regional Sudeste – Drogas e Políticas Públicas: pensamentos para práticas cidadãs”. A atividade foi promovida pelo Projeto Redes, em parceria com a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (VPPAS/Fiocruz) e do Ministério da Justiça.

O seminário contou com a presença de trabalhadores das áreas de saúde, educação e defesa social que fazem interface com a saúde mental, dos municípios de Belo Horizonte, Betim, Contagem, Governador Valadares, Itaúna, Juiz de Fora, Ribeirão das Neves e Uberaba.

A trabalhadora da Escola, do Núcleo de Redes de Atenção à Saúde, Daniene Santos abriu a atividade com uma reflexão sobre os direitos constitucionais dos cidadãos brasileiros sendo usurpados com o desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS) e as deformações no enfrentamento às drogas, que reproduz preconceitos nos serviços de saúde contra a população negra e pobre. “Nossa atividade hoje pretende fomentar discussões sobre esse sistema para evitar a exclusão social em todos os sentidos dos usuários de drogas e também reforçar que o SUS é uma conquista do povo brasileiro”, afirmou.

A coordenadora da saúde mental da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Marta Elizabeth, falou sobre o atual cenário no estado com as comunidades terapêuticas, onde recursos públicos são direcionados em tratamentos baseados em questões religiosas em detrimento à redução de danos. “Estamos fiscalizando esses espaços e encontramos, em muitos deles violações severas de direitos humanos, além de outras irregularidades”. Ela ainda disse que os profissionais têm o “enfrentamento ético” diante desse desafio de construir redes de referências em saúde mental.

Práticas cidadãs

Para Zuleica Alves Lopes Santos, psicóloga no Centro de Referência em Especialização em Assistência Social (CREIAS) do município de Ribeirão das Neves (Região Metropolitana de Belo Horizonte), a atividade é importante pelo aprendizado no acolhimento aos usuários de drogas. “Eu cheguei ao seminário com a intenção de entender porque eu tenho que denominar como normal uma pessoa usar qualquer tipo de psicoativo, uma vez que isso está prejudicando o seu organismo. Minha expectativa é grande aqui hoje, em especial para não deixar os usuários sem atendimento correto”, diz.

Já Manuel João Matheus, enfermeiro que atua no atendimento à População Privada de Liberdade (Sistema Prisional) e no Centro de Saúde do Bairro Santa Inês, região nordeste de Belo Horizonte, considera que os debates das atividades irão ajuda-lo a melhorar a forma de abordagem aos usuários com uma visão ampliada. “Em especial por lidar diariamente com o usuário de drogas, principalmente no atendimento a pessoas privadas de liberdade. Acredito que as coisas que ouvi aqui hoje são importantes para a gente começar a implementar uma nova abordagem ao nosso atendimento. A principal mudança será a minha visão modificada pelos conhecimentos adquiridos aqui hoje”, afirma.

Debates

Durante todo o dia, os profissionais serão inseridos em debates sobre a “Genealogia das Drogas”, “O Direito Penal das Drogas”, “Vulnerabilidade Social das Drogas” e “Redução de Danos como escolha civilizatória”, com palestrantes de diversos campos como Antropologia, Serviço Social, Direito e Psicologia.

Projeto Redes

O Projeto Redes, como é mais conhecida a “Articulação de rede intersetorial de base territorial para atenção às pessoas em sofrimento decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas em municípios do programa Crack, é possível vencer”, é desenvolvido em parceria pelo Ministério da Justiça via Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), Ministério da Saúde, Ministério do Desenvolvimento Social e Fundação Oswaldo Cruz.

Autor: Sílvia Amâncio

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