ESP-MG realiza debate sobre o cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes

Imagem

A Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), em parceria com a Coordenação de Estadual de Saúde Mental da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), realizou nesta quinta-feira (27/07), na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, a terceira atividade da “Ação educativa o cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes”. Com o tema “Abordagem referente às necessidades decorrentes do uso de drogas por crianças e adolescentes”, o debate de hoje apresentou aos participantes a experiência do consultório de Rua de Belo Horizonte e da Unidade de Atendimento Integrado da microrregião de saúde de Janaúba.

A atividade, que terá cinco encontros mensais até setembro deste ano, tem o objetivo de fortalecer a atuação dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) nos diversos níveis de atenção, em especial os da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), dos profissionais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) que atuam nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), profissionais da educação, conselhos de direitos (Conselho Municipal de Saúde, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conselho Municipal de Assistência Social), Conselhos Tutelares e representantes das medidas socioeducativas.

A ação educacional é uma das propostas do II Encontro Mineiro de Saúde Mental de Crianças e Adolescentes realizado em 2016 pela SES-MG. E é transmitida para as 28 regionais do estado. A ação conta, ainda, com o apoio do Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais (CES-MG) e do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (COSEMS-MG).

Sujeitos singulares nos consultórios de rua de BH

A coordenadora da unidade de acolhimento transitório e integrante o consultório de Rua de BH, Bárbara Ferreira, contou o que é possível aprender com as experiências vivenciadas com as crianças e adolescentes em situação de rua. Segundo Bárbara, o imaginário social e midiático constrói uma imagem dessas pessoas como delinquentes e usuários de crack. Porém, é possível perceber que, na maioria dos casos, essa ideia é um estigma. A maioria dessas crianças e adolescentes são usuários de solventes como o loló e cola, por exemplo. O crack entre eles é uma exceção.

Créditos: Marcus Ferreira

“Ao nos aproximarmos desses adolescentes, percebemos que a maioria não tem o uso de drogas como o grande problema. Nas histórias dessas vidas, percebem-se diversos tipos de violação dos direitos humanos. São pessoas que estão longe da escola, não têm moradia, laços familiares. As drogas são uma solução para esses traumas e essas marcas de violação”, explicou.

Para Bárbara, o tratamento desse público deve ser realizado de forma única, ou seja, compreendendo que cada sujeito é um ser específico e que necessita de uma compreensão singular da sua história, dos seus desejos e de seus laços sociais.

“Não podemos supor, por exemplo, que o adolescente é obrigado a se tratar. O sujeito que sofre tantas violações não se sente obrigado a nada. É preciso sensibilizar, construir uma rede de afetos e atenção, que possa sustentar o cuidado necessário a essas pessoas. O que a rede deve fazer é oferecer suporte e se afastar de discursos que estigmatizam o adolescente ou que pregam uma visão higienista do cuidado com a saúde mental”, disse.

A experiência do UAI-Janaúba

O enfermeiro e coordenador da Unidade de Atendimento Intensivo de Janaúba (UAI), Andrei de Souza, contou que a unidade realiza o acolhimento 24 horas de crianças e adolescentes em uso abusivo de álcool e outras drogas nos 15 municípios que compõem a microrregião de Janaúba. Para ser atendido na unidade, o usuário deve ser encaminhado pela equipe do CAPS I.

O acolhimento voluntário e o cuidado contínuo são as linhas guias dos atendimentos. A unidade busca a reintegração social com inserção escolar, consulta médica, atividades culturais, oficinas, passeios. A unidade também busca integração com a família para fortalecer os laços sociais dos atendidos.

“A UAI realiza discussões periódicas dos casos atendidos. Buscando compreender as particularidades de cada um para oferecer suporte adequado á realidade e aos desejos de cada criança e adolescente”, explicou Andrei.

Autor: Juliana Gutierrez

Rolar para cima