Durante a terceira mesa de debate do Encontro Mineiro de Saúde, que aconteceu nessa terça-feira (26/05), em Contagem, na Grande BH, foram discutidas as Redes de Atenção à Saúde, bem como o seu fortalecimento e a garantia da atenção ambulatorial e hospitalar para a consolidação das redes. A tendência é que nessa nova gestão da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) a atual configuração das redes de atenção seja revista e reforçada, a partir da lógica de funcionamento do Ministério da Saúde.
Para a Diretora do Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas do Ministério da Saúde, Elaine Giannotti, as propostas de fortalecimento das redes de atenção irão nortear as metas planejadas para cada região. “A estruturação será por meio de redes, com programação geral de ações e serviços em saúde regionalizados e em interface com o programa “Mais Especialidades”. As diretrizes propostas irão abranger três dimensões: a Assistência à Saúde, Vigilância e Assistência Farmacêutica”, disse.
Ao falar sobre o “Mais Especialidades”, Giannotti afirmou que existe um grupo do Ministério da Saúde que está levantando alguns problemas de maior demanda dentro de cada especialidade e, a partir daí irão pensar a linha de cuidados, que vai desde a consulta, até o caso em que existir indicação para cirurgia. “A ideia é criar e financiar pacotes de determinadas especialidades, com maior flexibilidade de contratação para conseguirmos capitar no privado essa oferta de especialistas que não temos no SUS e, assim, responder à essa necessidade existente na esfera pública”.
Segundo a subsecretária de Políticas e Ações de Saúde da SES-MG, Míriam Maria de Souza, para falar das propostas de fortalecimento das redes de atenção no Estado é importante se pensar em âmbito regional. “Dentro das redes de Urgência e Emergência, Cegonha, Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual e Violência Doméstica, Assistência Psicossocial e Assistência Farmacêutica iremos pensar em fluxos e arranjos que possam atender às necessidades em níveis regionais”.
Ela reforçou que é preciso incorporar a política de rede e corrigir as inadequações existentes no papel desempenhado por cada uma dessas redes. Também citou a necessidade de aprimorar a articulação da atenção especializada com a atenção básica, reorganizar a capacidade instalada para atender às demandas regionais, garantir o acesso regulado, estabelecendo referências e contra-referências nas linhas prioritárias do cuidado assistencial, estruturar as unidades para atuarem de forma multidisciplinar, fornecendo estrutura de apoio ao diagnóstico e assistência.
“Foi realizado um diagnóstico sobre os equipamentos e serviços de saúde existentes em nosso estado e identificamos que temos os pontos de atenção, mas ainda não funcionamos em rede. É preciso integrá-los para garantir o acesso em cada região, para isso iremos reavaliar o atual modelo de assistência e adaptá-lo, assim que possível, na proposta do “Mais Especialidades”, do Ministério da Saúde”, explicou.
Experiência
Como exemplo de experiência em atenção especializada ambulatorial e hospitalar foi citado o município de Governador Valadares. Segundo a Secretária Municipal de Saúde do município, Kátia Barbalho, foi realizada uma pesquisa com a população usuária do serviço público de saúde local e identificaram que os hospitais eram a primeira opção na busca de atendimento.
Após um trabalho de estruturação, conseguiram mudar essa lógica e o atendimento primário começou a ser solicitado nas unidades básicas de saúde. “Conseguimos reduzir o número de pessoas que procuravam pelo primeiro atendimento diretamente em hospitais, sobrecarregando desnecessariamente as instituições. Isso só foi possível por meio de instrumentos estruturadores da atenção. Temos gestão participativa, as pessoas têm conhecimento dos serviços básicos e especializados. Hoje contamos com equipes de multiprofissionais e integração das redes”, finalizou a Secretária Municipal.
Autor: Miria César