O diretor assistencial da Fhemig, Marcelo Lopes Ribeiro, recebeu a imprensa na porta do Hospital João XXIII, na tarde desta segunda-feira, para uma coletiva, na qual esclareceu sobre todo o trabalho que vem sendo prestado pela Rede Fhemig às vítimas do rompimento da barragem da mineradora Vale, na Mina Feijão, em Brumadinho.
Segundo o diretor, ainda permanecem internados no hospital quatro vítimas diretas da tragédia (três mulheres, de 15, 22 e 43 anos, e um homem de 55 anos). Além deles, também seguem internados um homem de 19 anos e uma mulher de 59, que passaram mal ao receberem notícias de parentes mortos ou desaparecidos. Outras duas pessoas (uma vítima direta do acidente e outra que também passou mal ao receber informações) receberam alta (uma no sábado e outra nesta segunda-feira), e um homem de 55 anos também acaba de ser transferido para nesta tarde para outro hospital da capital. Outras três pacientes podem receber alta já amanhã e o restante ainda demanda de cuidados minuciosos, porém nenhum corre risco de morte eminente.
Ainda de acordo com Marcelo, no fim de semana a mineradora Vale se prontificou a transferir os pacientes do João XXIII para a rede particular, a fim de aliviar o pronto socorro, porém a transferência foi negada por todos. “Dos sete pacientes que estavam conosco no momento, elencamos cinco que poderiam ser transferidos e a minha equipe de assistentes sociais, que está sendo brilhante, conversou com cada um dos familiares e pacientes. A resposta foi unânime: ‘A gente quer ficar no Hospital João XXII. Nunca tivemos um atendimento tão efetivo e cuidadoso’. Isso para a minha equipe foi uma satisfação”, contou o diretor assistencial.
Segundo ele, algumas pessoas deglutiram a lama, mas em pouca quantidade, e algumas delas tiveram irritação ocular, sendo necessário um exame mais minucioso do olho por não estarem enxergando direito. “Não tivemos como identificar o tipo de substância que continha na lama. O Serviço de Toxicologia do João XXIII pediu para que fosse feita a coleta do material e passar para a gente todas as substâncias contidas nela, só que o material ainda permanece em estudo”, afirmou.
Primeiras vítimas
De acordo com o diretor, o primeiro helicóptero chegou com duas vítimas em estado grave, sendo que uma delas já teve que ser encaminhada ao bloco cirúrgico imediatamente, com múltiplas fraturas na pelve e no tórax, e a outra chegou com hipotermia, pois estava encharcada de lama, e com fratura no cotovelo e lesões de partes moles.
“Quando atendíamos essas pessoas, chegou mais uma ambulância com outras duas vítimas. Uma com várias escoriações na face e a outra com trauma abdominal leve. Logo depois chegou o quinto, com traumatismo craniano”, explicou.
Plano de catástrofe
O Plano de Atendimento a Múltiplas Vítimas (Plamvi) do Hospital João XXIII foi ativado assim que chegou a notícia do rompimento da barragem, por volta das 13h da última sexta-feira, 25. Em seguida, foi instalado o Centro de Gerenciamento de Crise (CGC) e feita uma busca em toda a unidade para saber quais pacientes poderiam ser transferidos para outro hospital, visando aumentar ainda mais a capacidade de atendimento às vítimas do acidente. “Conseguimos transferir 16 pacientes, principalmente para hospitais da Rede Fhemig. Nosso plano tem capacidade de atender 80 pessoas simultaneamente. Se por acaso extrapolasse esse número, iríamos dividir com a rede de urgência da cidade”, afirmou o diretor assistencial.
O Plano de catástrofe foi desativado às 21h de sexta-feira, mas deixado em estado de alerta. Caso ainda sejam encontrados sobreviventes, o hospital permanece de portas abertas e a equipe está atenta.
Autor: ASCOM Fhemig