Contabilizando, entre 2020 e o primeiro semestre deste ano, mais de 24,5 mil notificações de acidentes com escorpiões em 54 municípios, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros tem intensificado as ações de capacitação e mobilização de profissionais para o atendimento adequado de pacientes.
E uma iniciativa acaba de ser divulgada em uma importante revista científica do país. Trata-se de artigo intitulado “Instrumento Educativo e de Apoio Assistencial no Atendimento a Acidentes Escorpiônicos”, de autoria dos enfermeiros Amanda de Andrade Costa, doutoranda em ciências da saúde e referência técnica da SRS de Montes Claros; Carlos Keliton de Oliveira, referência técnica de vigilância em saúde do município de Espinosa; e Ernandes Gonçalves Dias, especialista em docência na saúde.
O artigo foi publicado em junho deste ano na Revista Sustinere, editada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). A Revista possui o Conceito Qualis A2, conferido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Saúde, como periódico “de excelência internacional, com alto fator de impacto e visibilidade científica”.
O Instrumento, criado pelos profissionais norte-mineiros, é didático e pode ser utilizado em ações de educação permanente de profissionais de saúde, bem como no apoio assistencial, dentro de instituições de saúde, para agilizar os atendimentos de pessoas vítimas de acidentes com escorpiões.
“A proposta é que o instrumento deve ser preenchido pelos profissionais que prestam assistência nas unidades de soroterapia, visando minimizar desvios de conduta por prescrição de subdoses ou superdosagens. O instrumento contém informações clínicas, condutas e observações baseadas nas melhores evidências e diretrizes vigentes no Brasil, bem como em convenções internacionais”, explicam os autores.
Além de ficha de identificação dos pacientes, incluindo o horário aproximado da ocorrência do acidente e as condições clínicas da vítima na chegada a uma unidade de saúde, o instrumento possibilita aos profissionais classificar o caso como quadro leve (tratamento da dor); moderado (administração de três ampolas de soroterapia independentemente da idade); ou quadro grave (utilização de seis ampolas de soroterapia e adoção de outras providências clínicas caso o paciente não tenha melhora após duas horas).
“Diante de um cenário de alta incidência de acidentes por animais peçonhentos notificados no Norte de Minas, com o apoio da Superintendência Regional de Saúde os profissionais que atuam em hospitais e nos serviços municipais de atenção primária têm intensificado ações de capacitação e disseminação de conhecimentos para prestar um atendimento mais ágil e eficaz à população. Consequentemente, isso reflete na redução de óbitos e na qualidade dos atendimentos às vítimas de acidentes”, avalia Amanda Costa, da SRS Montes Claros.
Cenário
No Norte de Minas os acidentes com escorpiões envolvem especialmente a espécie Tityus serrulatus, mais conhecido como escorpião amarelo.
De acordo com Milton Formiga, referência técnica da Coordenadoria de Vigilância em Saúde na SRS Montes Claros, dos mais de 24,5 mil acidentes com escorpiões notificados no Norte de Minas entre 2020 e o primeiro semestre deste ano, 47,87% dos casos (11.735) aconteceram em Montes Claros. Na sequência, com a maior quantidade de notificações estão: Janaúba (1.780 – 7,26%); Porteirinha (843 – 3,44%); Salinas (709 – 2,89%); Jaíba (624 – 2,55%); Bocaiúva (580 – 2,37%); Francisco Sá (575 – 2,35%) e Espinosa (547 – 2,23% do total de casos).
Para agilizar os atendimentos de pessoas vítimas de acidentes com animais peçonhentos e reduzir a ocorrência de óbitos, a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros mantém 18 polos de soroterapia. Foram definidos com base em informações epidemiológicas e geográficas. Em Montes Claros, o Hospital Universitário Clemente de Faria é o centro de referência para os atendimentos. Outras 17 unidades estão sediadas em Bocaiúva; Coração de Jesus; Espinosa; Grão Mogol; Francisco Sá; Jaíba; Janaúba; Mato Verde; Mirabela; Monte Azul; Montezuma; Ninheira; Porteirinha; Rio Pardo de Minas; São João do Paraíso; Salinas e Taiobeiras.
Por: Pedro Ricardo
Foto: Funed