Foi realizada hoje (24), pela manhã, no plenário da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG), a solenidade de assinatura do convênio para a construção do monumento em homenagem aos doadores de órgãos do Estado – o objetivo é incluir na escultura os nomes de todas as pessoas que doaram ou que venham a doar órgãos em Minas Gerais. Além da ALMG, estão envolvidos na criação do memorial a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o complexo MG Transplantes e a Fundação Hospitalar do estado de Minas Gerais (Fhemig).
Estiveram presentes no evento autoridades como o secretário de Estado de Saúde Antônio Jorge de Souza Marques, o presidente da ALMG Dinis Pinheiro, o presidente da Rede Fhemig Antonio Carlos de Barros Martins, o diretor do MG Transplantes Charles Simão Filho e o deputado estadual Dilzon Melo, que participaram da mesa de abertura e da assinatura do termo de convênio, entre outros.

Para o secretário de Estado de Saúde Antônio Jorge de Souza Marques, o maior desafio em Minas Gerais e em todo o Brasil é a sensibilização das pessoas para o ato da doação de órgãos: “O monumento homenageia também as famílias dos doadores, que apesar do sofrimento com a morte do ente querido, tiveram a visão da importância da doação e o espírito de abnegação em prol do próximo”, afirmou o secretário, acrescentando que nos últimos anos mais que dobrou as doações quando calculadas por milhão de habitantes. “Ainda precisamos avançar no transplante em si, aumentando o número para os múltiplos órgãos. Para isso, o governo investe na construção de um hospital de transplantes. Estamos vocacionando o Júlia Kubistchek para ser uma unidade pública transplantadora, um hospital de alta tecnologia, concentrando equipe, todos os insumos e procedimentos prognósticos para que a fila possa andar mais rapidamente e assim as pessoas possam ter mais qualidade de vida”.
Já para Charles Simão Filho, diretor do MG Transplantes, a construção do memorial coroa uma ideia antiga da instituição de reconhecer o mérito dos doadores e de suas famílias: “o transplante por si só é um símbolo de até onde pode chegar a compaixão e a solidariedade humana”, salientou. De acordo com o presidente da Fhemig, Antonio Carlos de Barros Martins, “a conscientização das pessoas para a importância da doação de órgãos é difícil, e deve ser algo constante. Por isso, o monumento é também um reconhecimento ao trabalho que o MG Transplantes vem desenvolvendo”, ressaltando a importância do projeto da instituição para a sensibilização das famílias quanto ao ato da doação.
Famílias
Familiares de doadores de órgãos também estavam no local para assinarem a autorização da inclusão dos nomes de seus parentes no monumento. A dona de casa Patrícia Santana, mãe de Kauan Vitor, que faleceu com 1 ano e 4 meses após uma parada cardiorrespiratória, e doou rins e fígado, se disse orgulhosa por saber que seu filho seria homenageado: “é um presente para mim saber que meu filho ajudou outra criança”. A mãe de Patrícia e avó de Kauan, Jescilane Santana, teve uma filha que nasceu com um problema no coração, precisava de transplante e morreu por não conseguir um doador. Para ela, o neto veio para mostrar a importância da doação de órgãos: “Digo que ele não morreu, mas é um pedacinho que está em outro lugar”, disse.
O artista
O responsável pela execução do memorial, o artista plástico Leo Santana, participou da solenidade para apresentar o projeto do monumento, que será feito em aço, e terá um formato orgânico, parecido com um coração, de onde saírão duas mãos: segundo ele, uma que doa e a outra que recebe. “Este monumento é diferente de tudo o que tenho feito, por causa do assunto que ele aborda. É a primeira vez que homenageio pessoas de uma forma tão abrangente, já que estamos falando de uma comunidade. Fiquei emocionado e agradecido por ter sido lembrado para fazer isso”, disse o artista, que é formado em publicidade e desenho industrial. De acordo com Leo, todos os nomes dos doadores – mais de 20 mil – terão espaço no memorial, com previsão de continuidade.
Leo Santana é autor de 15 monumentos públicos em cinco cidades brasileiras e em Washington (EUA). Entre suas obras mais importantes estão a escultura do escritor Carlos Drummond de Andrade na orla de Copacabana (Rio de Janeiro) e o monumento em homenagem aos 20 anos das eleições diretas no Brasil, com Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e Teotônio Vilela, na Praça Carlos Chagas, em frente a ALMG. Sua obra já foi comercializada e exposta na Itália, Portugal, Alemanha e Estados Unidos.
MG Transplantes
Criado em 1992, o Complexo MG Transplantes é reconhecido nacionalmente como um dos órgãos mais organizados do país e um dos mais ativos. É responsável, por meio do Serviço Nacional de Transplantes-SNT, por monitorar a lista única de transplantes de órgãos e tecidos, receber fichas de inscrição dos profissionais autorizados a transplantar, manter busca ativa constante nos hospitais de cada das seis regionais/MG, entre outras funções.
Atualmente, o Complexo MG Transplantes registra um número de doações de múltiplos órgãos da ordem de 12,7 doadores por um milhão de pessoas. Este dado revela a constante evolução pela qual tem passado a temática dos transplantes nos últimos anos. Em 2006, a relação “doador por milhão” era de 3,6 o que mostra um aumento de mais de 50% em seis anos. Se esse crescimento se mantiver constante, ou seja, caso evolua, anualmente, à taxa de 10%, é provável que a meta de 15 doadores por milhão até o ano de 2015, traçada pelo Ministério da Saúde, torne-se realidade. Somente em 2013, até o dia 31/08 foi realizado um total de 1333 transplantes.
Autor: Jornalismo FHEMIG