Dados sobre o diagnóstico de HIV levantados pelo Laboratório de Carga Viral da Fundação Ezequiel Dias (Funed) entre 2000 e 2011 revelam o aumento do número de casos da doença na terceira idade. De acordo com o estudo realizado pela analista de saúde e tecnologia da Funed, a bioquímica Cássia Mendicino, a média de crescimento anual da Aids na população inferior a 60 anos foi de 2,66%. Já na população superior ou igual a 60 anos foi de 8,53%, uma diferença de três vezes a mais no crescimento.
Segundo o estudo de Mendicino, o avanço nas pesquisas sobre Aids, a oferta de novos medicamentos e, principalmente, a conscientização da população a respeito dos riscos tem colaborado para a manutenção de um cenário estável em relação ao surto inicial da doença nos anos 80. “No entanto, o índice de casos da doença na terceira idade vem crescendo em níveis alarmantes”, afirma.
Um dos motivos que mais contribuem para este aumento, segundo a Bioquímica, é a desinformação e a falta de prevenção. “O idoso é visto tanto pela sociedade em geral como pelos profissionais de saúde como um indivíduo frágil, e, se tratando de vida sexual, completamente inativo. Essa imagem estereotipada contribui para que eles não sejam alvo de campanhas de conscientização, programas de prevenção do governo e da publicidade”, explica.
Apesar desta imagem caricatural que se tem da população idosa, Cássia lembra que isto muitas vezes é um equívoco: “Existe hoje no mercado uma série de drogas estimuladoras, tratamentos alternativos entre outros que proporcionam ao idoso manter, em certa medida, uma atividade sexual moderada. Há uma procura por parte da terceira idade em prolongar a vida sexual, mas muitos nunca cultivaram o uso de preservativos ou obtiveram orientação sobre cuidados e prevenções” explica.
Projeto premiado
Esse estudo, realizado no laboratório de carga viral (HIV) da Funed, foi premiado com o segundo lugar numa jornada de encontros com profissionais de 90 laboratórios que atuam no tratamento e combate à Aids no país. O encontro foi realizado pelo Ministério da Saúde, em Brasília, entre os dias 31 de outubro e 1º de novembro e teve como proposta acompanhar os projetos que estão em desenvolvimento no Brasil, compartilhar experiências e resultados entre as instituições, propor novas medidas e premiar as melhores ações na área.
O trabalho da equipe de Minas foi bem recebido e despertou a atenção dos órgãos de saúde para necessidade de campanhas voltadas para essa camada da população. Nesse caso, as dificuldades vão além do incentivo à prevenção, mas, em caso de diagnóstico positivo, os profissionais de saúde ainda precisam ajudar a vencer o preconceito por parte da população da terceira idade.
A bioquímica conta que nem sempre o paciente e a família lidam bem com a situação. “Além do tratamento com exames laboratoriais e os remédios, o paciente precisa do apoio da família, dos amigos. No caso do idoso, os filhos precisam apoiar e acompanhar o tratamento, auxiliando com os remédios, exames periódicos e todo o tipo de informação necessária.
Conscientização
Desde 1987, o dia 1º de dezembro é lembrado anualmente como o dia de mobilização mundial para a luta contra a Aids. Neste dia, órgãos de saúde e meios de comunicação em geral se organizam para conscientizar a todos sobre prevenção, o tratamento e principalmente combater o preconceito. “Seria muito oportuno que as ações contemplassem a terceira idade”, afirma Cássia Mendicino.
No Brasil, além da informação, o Ministério da Saúde através do Departamento DST/AIDS, oferece gratuitamente o exame para diagnosticar a doença, e, para os portadores do vírus, todo o monitoramento que vai desde consultas, exames laboratoriais e tratamento com medicamentos, proporcionando ao portador uma vida plena e saudável.
Autor: Talles Cabral