A formação de médicos especialistas em saúde da família e da comunidade é tema do Simpósio Internacional realizado nesta quarta-feira e quinta-feira (18 e 19/11) na Faculdade de Medicina da UFMG. O evento conta com a participação de especialistas do Canadá e da Espanha, que vão compartilhar com os futuros médicos as experiências de seus países na atenção primária.
O Secretário de Estado de Saúde, Fausto Pereira dos Santos, compôs a mesa de abertura e parabenizou a faculdade pela iniciativa de criação de um departamento voltado para a Atenção Primária em Saúde. “A UFMG tem uma larga tradição e vanguarda em iniciativas na área de saúde e gostaríamos que outras universidade e faculdades tivessem a mesma iniciativa nessa formação do médico de família. Toda a estratégia de implantação da atenção primária no Brasil, desde a década de 90, esbarra nesse ponto crítico da formação de profissionais que efetivamente trabalhem na atenção primária”, avaliou.
O gestor estadual frisou a importância da mudança curricular da graduação em medicina e do papel do Programa Mais Médicos como estratégia de expansão e fortalecimento da atenção primária. “O lado que ficou mais conhecido do programa Mais Médicos é o provimento emergencial, quando veio médicos estrangeiros, principalmente os médicos de Cuba, mas o lado B é um lado muito bom pra gente que é o da expansão, da mudança da graduação e acho que é isso que é estruturante e é o definidor do sucesso do projeto da atenção primária no Brasil”, reforçou.
A pró-reitora de extensão e docente do departamento de pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Benigna Maria de Oliveira, falou sobre o processo da mudança curricular da faculdade que propôs que as disciplinas ligadas à atenção primária fossem prioritárias na grade de estudos. “A proposta era maravilhosa. A gente sabe que o currículo teve que sofrer várias mudanças, mas eu acho que o importante é mantermos a atenção primária como eixo, a medicina da comunidade como uma questão central na formação dos nossos alunos, na formação de profissionais comprometidos com a construção de uma sociedade melhor”, afirmou.
A Superintendente do Hospital das Clínicas da UFMG, professora Luciana de Gouvêa Viana, falou sobre os gargalos enfrentados na urgência e emergência e de como o fortalecimento da atenção primária pode contribuir para melhorar também os serviços hospitalares. Ela falou, ainda, sobre a chegada de uma médica de família para integrar a equipe hospitalar. “A contratação da primeira médica especialista em saúde da família no HC é um marco que promove certamente a ligação entre o complexo hospitalar como é o HC e a atenção primária e secundária em saúde. Desenvolver essa vocação nos alunos e nos médicos já graduados é muito importante, muito mais que o compromisso de estar na atenção primária é desenvolver a verdadeira vocação de atuar como médico da família e da comunidade”, disse.
Estima-se que cerca de 80% dos atendimentos realizados na urgência dos hospitais seriam resolvidos na atenção primária. Minas Gerais conta atualmente com mais de 5,8 mil equipes de saúde atendendo na atenção primária. O estado aderiu ao programa Mais Médicos e tem atualmente 1.500 profissionais que integram o programa atuando nas unidades básicas de saúde, desses, 990 são médicos cubanos.
Autor: Giselle Oliveira