De 6 a 9 de junho, por meio de parceria entre a Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova, foi realizado o “Curso prático para profissionais na atuação de Vigilância Epidemiológica em ambientes de ocorrência da Febre Maculosa (FM) e outras Riquetsioses”. No primeiro dia, houve conteúdo teórico na sede da SRS, com apresentação do cenário epidemiológico da Febre Maculosa na região e a importância do trabalho in loco para a vigilância. Nos demais dias, foi a vez das atividades de campo, com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Casca, realizadas em fazendas que apresentaram registros de casos.
Segundo a referência técnica do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi) da SRS Ponte Nova, Graziele Menezes Ferreira Dias, o treinamento buscou tratar da epidemiologia das doenças transmitidas por carrapatos, das rotinas de encaminhamento de materiais biológicos para análise laboratorial, das atividades de campo e do uso adequado de equipamentos de proteção individual e coletiva. “O trabalho de campo consiste na coleta de espécimes de carrapatos em ambientes, conforme técnica de arrasto, e catação em animais de produção. Após a coleta, os carrapatos são enviados ao laboratório da Funed para identificação taxonômica e posterior análise da bactéria Rickettsia rickettsii”, esclareceu.
O curso deu sequência às ações já promovidas pela Regional de Saúde para vigilância ativa da Febre Maculosa, uma vez que o território é propenso à ocorrência da doença. “Nosso território apresenta-se como área endêmica para a doença, que é uma importante causa de morbi-mortalidade na região”, frisou. Em análise de dados extraídos do Sistema Nacional de Notificação de Agravos (Sinan-Net) entre o período de 2012 a 2022 na SRS Ponte Nova, detectou-se a ocorrência de 111 notificações de FM e a confirmação de dez casos. Dentre eles, oito evoluíram para óbito, resultando em uma taxa de letalidade de 80%.
Considerando a distribuição dos casos segundo município de ocorrência e ano da notificação do caso, nota-se predominância em três municípios da microrregião de Ponte Nova. “Observa-se que são todos municípios ribeirinhos e com atividade de pesca, que são áreas sabidamente de maior risco, com terrenos de pastagens, matas, próximos às coleções hídricas como rios, lagos e lagoas, onde podem haver os hospedeiros dos carrapatos, como cavalos e capivaras”, descreveu Graziele.
A referência esclareceu, ainda, que embora os demais municípios da área de abrangência da SRS Ponte Nova não tenham registro de casos, o curso foi ofertado a todos, pois é importante incentivar a vigilância de ambientes da febre maculosa em áreas consideradas silenciosas para presença da doença. Dentre as principais atividades preventivas, ela definiu como fundamentais as ações educativas, informando à população sobre características clínicas, unidades de saúde e serviços para atendimento, áreas de risco, ciclo do vetor e orientações técnicas, buscando-se evitar o contato com os potenciais vetores. “A promoção de capacitações de profissionais da saúde envolvidos no diagnóstico, tratamento e vigilância são, também, ações essenciais para manejo de casos e redução da taxa de letalidade”, concluiu.
Autor: Tarsis Murad