Mapeamento de plantas medicinais e fitoterápicos abre nova perspectiva para a economia norte-mineira

Crédito: Pedro Ricardo

Com a identificação inicial de onze espécies nativas do cerrado, mas que poderá ter a quantidade ampliada ao final das discussões, foi iniciada nesta quarta-feira, 21/09, em Montes Claros, a 5ª Oficina de Trabalho para Análise e Mapeamento das Cadeias de Valor de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Os trabalhos prosseguem nesta quinta-feira, dia 22/09, sob a coordenação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário.

A Oficina faz parte da Rede de Experiências, Tecnologias e Inovação em Saúde (Retisfito). Trata-se de um espaço voltado ao mapeamento, à sistematização e à articulação de experiências da base produtiva e das tecnologias envolvidas na produção, comercialização e nas mais variadas formas de uso e aplicação das plantas medicinais e fitoterápicos. A realização da Oficina conta com o apoio da Arquidiocese de Montes Claros e Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) por meio da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros.

A técnica da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário, Daniela Vasconcelos explica que neste ano já foram realizadas quatro oficinas de análise e mapeamento das cadeias de valor de plantas medicinais e fitoterápicos  nos municípios de Foz do Iguaçu, Petrópolis, Natal e Palmas. No Norte de Minas a oficina está sendo realizada pela primeira vez com o objetivo de mapear as potencialidades existentes, identificar gargalos e oportunidades com o intuito de estabelecer estratégias de melhorias e ações de apoio para estimular a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

Na abertura dos trabalhos, a superintendente regional de saúde de Montes Claros, Patrícia Aparecida Afonso Guimarães Mendes destacou a importância da ação conjunta da Fiocruz, Secretaria Especial de Agricultura Familiar, SES-MG e da Arquidiocese de Montes Claros.

“A estruturação da rede de produção de plantas medicinais e fitoterápicos é fundamental para o Norte de Minas levando-se em conta as potencialidades existentes e a possibilidade de se agregar valor, aumentar a renda e gerar novas oportunidades de trabalho contemplando, inclusive, a agricultura familiar”. A superintendente lembrou que a promoção da saúde da população terá grande ganho por meio da inserção de novos produtos no Sistema Único de Saúde (SUS), tendo como base produtos já existentes na natureza e que atualmente são aproveitados em pequena escala.

SUSTENTABILIDADE

Por sua vez o arcebispo de Montes Claros, Dom José Alberto Moura assinalou que a agregação de valor à produção regional terá grande ganho com a organização da rede de produção de plantas medicinais e fitoterápicos, por meio do incremento de uma agricultura sustentável, livre de agrotóxicos e que proporcionará ganhos relevantes na promoção da saúde da população em geral.

A coordenadora da Fiocruz, Luciana Rocha também destacou a importância do trabalho que a Fundação Oswaldo Cruz e a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário vêm implementando em diversas regiões do país, no sentido de avançar na promoção da saúde aliado à valorização das potencialidades já existentes em cada região.

Levantamento preliminar realizado pela Fiocruz aponta que no Norte de Minas existem onze plantas medicinais que podem ter a produção mapeada e serem inseridas na cadeia de valor de produção de fitoterápicos: arnica, carqueja, mastruz, carapiá, imburana, temperão, romã, folha de amora, capim cidreira, semente de abóbora e flor de mão.

No caso específico do Norte de Minas a coordenadora lembrou que a possibilidade de avanço nas ações de estruturação da rede de produção de plantas medicinais e fitoterápicos tem amplas condições de obter bons resultados visto que, além de plantas já identificadas, outras poderão serem agregadas e inseridas no mapeamento das cadeias de valor. É o caso, por exemplo, do pequi, cuja casca contém uma substância que está sendo pesquisada pela  Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) para o tratamento do câncer de boca.

NOVAS PERSPECTIVAS

O ex-bancário, Francisco de Paula Soares Fonseca, membro do Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Riachão, município de Mirabela, destaca que a estruturação da rede de produção de plantas medicinais e fitoterápicos possibilitará a abertura de novas perspectivas para o Norte de Minas levando-se em conta que em várias comunidades rurais já existe o aproveitamento de plantas nativas do cerrado para a fabricação de diversos produtos. No caso específico da comunidade de Riachão, um grupo de dez produtores rurais estão produzindo xaropes, pomadas, soluções nasais e diversos outros produtos destinados tratamentos de gripe, doenças de pele, entre outras.

“Com a estruturação da rede de produção de plantas medicinais e fitoterápicos teremos condições de profissionalizar a produção, que atualmente é artesanal, e ampliar a comercialização que atualmente é feita de boca em boca”, avalia Francisco Fonseca.

Autor: Pedro Ricardo

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