A Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS) sediou nesta terça-feira, 9/08, a realização de reunião com representantes da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Instituto Estadual de Flores (IEF) e com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com o objetivo de alinhar ações com vistas à prevenção à febre amarela. Neste mês a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) recebeu a confirmação da ocorrência de um caso de febre amarela em primata encontrado na zona rural de Montes Claros, mas até o momento, não foram registrados casos humanos suspeitos ou confirmados. O último caso humano de febre amarela silvestre do estado ocorreu no município de Ubá, em 2009, com evolução para cura.
Os coordenadores de vigilância em saúde e epidemiologia da SRS de Montes Claros, Valdemar Rodrigues dos Anjos e Josianne Dias Gusmão, respectivamente, destacaram a importância da Secretaria Municipal de Saúde ter um plano de ação consistente envolvendo os agentes de controle de endemias e os profissionais da atenção primária em saúde, visando reforçar as ações de vigilância epidemiológica bem como a assistência da população na área médica.
Patrícia Brito, referência técnica da vigilância em saúde ambiental da Superintendência Regional de Saúde apresentou as ações que a SES-MG está implementando desde março, quando surgiram as primeiras informações sobre a ocorrência de mortes de primatas no município de Coração de Jesus. O trabalho foi intensificado com o apoio de técnicos das regionais de saúde de Divinópolis, Barbacena, Varginha, Uberaba e Januária que, entre os meses de março e julho, registraram a ocorrência de morte de primatas em doze municípios do Norte de Minas: Brasília de Minas, Coração de Jesus, Francisco Dumont, Glaucilândia, Icaraí de Minas, Indaiabira, Lontra, Mirabela, Montes Claros, São Francisco, São João do Pacuí e Urucuia. Todas as amostras coletadas foram encaminhadas para análise em laboratório, porém somente no dia 4 de agosto os primeiros resultados foram recebidos pela SES-MG.
Entre as ações de prevenção tomadas pela SES-MG e municípios da região está a avaliação e intensificação da vacinação, priorizando populações de áreas rurais e silvestres, principalmente para aqueles indivíduos com maior risco de exposição (população de área rural, silvestre, pessoas que fazem turismo “ecológico” ou “rural”, agricultores, extrativistas e outros que adentram áreas de mata ou silvestres). Além disso, população e profissionais de saúde estão sendo mantidos informados sobre a doença e a importância da notificação de casos suspeitos em primatas. Todos os casos humanos suspeitos também devem ser notificados e investigados (até 24h), incluindo as doenças febris hemorrágicas e óbitos por causa desconhecida.
O coordenador do Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Edvaldo Freitas Francisco destacou a importância do alinhamento de ações entre o município e a SES-MG visando garantir que o combate ao mosquito Aedes aegypty seja intensificado, por se constituir no principal vetor de transmissão da febre amarela. Além disso, frisou o coordenador, “há necessidade do município estruturar plano de ação envolvendo os agentes de controle de endemias e os profissionais da atenção primária em saúde, uma vez que pelo fato da febre amarela está sob controle no país, nem sempre os profissionais da área de saúde estão atentos às medidas de prevenção e identificação da doença”.
O analista do Ibama, Daniel Felipe Dias salientou que a integração dos órgãos governamentais e das instituições de ensino superior é fundamental no sentido de contribuir com o repasse de informações e mobilização da população no sentido de notificar a ocorrência de mortes de primatas. Nesse sentido, pelo fato do Ibama abranger área de atuação envolvendo 129 municípios e possuir um centro de triagem de animais em Montes Claros, o Instituto se dispõe a ser parceiro da Superintendência Regional de Saúde na troca de informações.
Já o coordenador de proteção à fauna, João Geraldo Ferreira destacou que nas visitas mensais que o IEF realiza nas comunidades rurais, os técnicos poderão agregar o repasse de informações para a população sobre a febre amarela, orientando inclusive sobre o encaminhamento de informações quanto à ocorrência de mortes de primatas a fim de que as causas sejam investigadas com a maior brevidade possível.
Tratamento e Vigilância
De acordo com o Ministério da Saúde a febre amarela é uma doença febril aguda, de curta duração (no máximo 12 dias) e de gravidade variável. A forma grave caracteriza-se clinicamente por manifestações de insuficiência hepática e renal, que podem levar à morte. Deve-se levar em conta seu potencial de disseminação em áreas urbanas. Em ambas as formas epidemiológicas, os mosquitos vetores são os reservatórios do vírus amarílico. Na doença urbana, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica. Na forma silvestre, os primatas são os principais hospedeiros do vírus amarílico e o homem é um hospedeiro acidental.
A doença só é transmitida por meio da picada de mosquitos transmissores infectados. O período de incubação é de 3 a 6 dias após a picada do mosquito. O diagnóstico pode realizado por isolamento do vírus amarílico e detecção de antígeno em amostras de sangue ou tecido e por sorologia. Também podem ser realizados exames de histopatologia em tecidos pos morten.
Não existe um tratamento específico no combate à febre amarela. O paciente deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e perdas sanguíneas quando necessário.
Ocorrência de suspeita de febre amarela deve ser notificada imediatamente e investigada o mais rapidamente possível, pois se trata de uma doença grave e de notificação compulsória internacional – todos os casos suspeitos devem ser informados às autoridades sanitárias, já que um caso pode sinalizar o início de um surto, o que pede medidas de ação imediata de controle.
Contra a febre amarela há vacina segura e eficaz. No Brasil, a vacinação está indicada a partir dos nove meses de idade para todos os residentes das áreas de risco – endêmica, transição e risco potencial e para viajantes que se dirigem para estas áreas. A vacina é gratuita e está disponível em postos de saúde de todos os municípios do país e tem validade de dez anos.
Autor: Pedro Ricardo