Nos próximos dias 22 e 23 de outubro, será realizado o seminário “Reflexões sobre uma nova Abordagem” na Casa de Saúde Santa Izabel, em Betim. Durante o evento, haverá um debate sobre dois temas: a linha de cuidado e o uso social das terras nas unidades do complexo de Casas de Saúde (Santa Izabel, Santa Fé, Padre Damião, e São Francisco de Assis) da Fhemig.
Estará presente no evento o governador do Acre, Tião Viana, um dos criadores da lei 11520/2007, que instituiu pensão indenizatória para portadores de hanseníase submetidos à internação e isolamento compulsório. Além de Tião Viana, também comparecerão gestores das casas e autoridades das cidades nas quais elas estão localizadas.
Linha de Cuidado
Um dos assuntos a serem tratados na pauta do seminário é a linha de cuidado que será utilizada pelos profissionais nas Casas de Saúde, ou seja, os fluxos de processos assistenciais que visarão garantir a segurança do paciente e o atendimento às suas necessidades.
A linha de cuidado do Lar Inclusivo e Atenção Domiciliar das Casas de Saúde se destinará a atender 471 pacientes institucionalizados, dos quais 439 são ex-hansenianos que foram internados compulsoriamente há muitos anos atrás, seguindo a política higienista vigente de 1923 até meados da década de 70. Atualmente, 155 pessoas moram em estruturas hospitalares como pavilhões, enfermarias e lares abrigados, e 316 são residentes nas vilas e bairros que se formaram ao redor da área hospitalar ao longo dos anos.
Para Tiago Possas, assessor das Casas de Saúde da Fhemig, a história de vida dos pacientes asilares é o ponto mais importante a ser considerado, e não apenas fatores geriátricos, de reabilitação e da própria hanseníase devem ser analisados na elaboração de seus planos terapêuticos. “A assistência deve ser multidimensional, sendo realizada por vários profissionais de saúde que tenham a visão da integração de suas ações no cuidado ao indivíduo, sua família e comunidade”, afirma o também fisioterapeuta.
Perfil dos pacientes
De acordo com Possas, o cuidado atualmente dispensado nestas unidades hospitalares da Fhemig está direcionado aos problemas clínicos e funcionais decorrentes das morbidades geradas por doenças crônicas- degenerativas, e a incapacidades funcionais na realização de atividades do dia a dia. Todo o trabalho é desenvolvido por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar. “Hoje, 78% dos pacientes necessitam de serviços estabelecidos nas normas de saúde do idoso, e 70%, nas da pessoa com deficiência física”, afirma ele.
Eixos
A nova linha de cuidado se baseia nos seguintes eixos:
1. Assistência multiprofissional e interdisciplinar em modelo de lar inclusivo e de atenção domiciliar.
2. Assistência planejada de forma singular e executada de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde, da Vigilância Sanitária e da FHEMIG que dizem respeito à saúde do idoso, saúde da pessoa com deficiência e vigilância epidemiológica e tratamento da hanseníase.
3. Autonomia. Participação do usuário no nível individual (exceto nos casos onde o seu nível cognitivo impeça) em relação a seu plano de tratamento e, por nível geral, em relação ao que este plano lhe proporcionará de satisfação em relação a sua qualidade de vida.
4. Ambiência humanizada com uma arquitetura que lembre um lar e não um hospital.
5. Gestão colegiada e participativa, que proponha um modelo de gestão horizontal, participativo, implicando e responsabilizando a todos os servidores envolvidos planejamento e na execução dos cuidados assistenciais.
Segundo Possas, estes cinco alicerces possibilitarão que a reabilitação seja construída sobre práticas que contemplem também ações educacionais, culturais e de lazer. “As intervenções serão feitas junto à família do paciente e da comunidade, e integradamente com outros serviços públicos e organizações não governamentais, de acordo com os princípios do SUS”, explica o assessor.
Autor: Fhemig