Eficácia do teste do pezinho na rede pública possibilita resultados mais abrangentes
A importância do teste do pezinho nos recém-nascidos para a identificação de doenças já nos primeiros dias é fundamental para toda a vida. Agilidade e coletas adequadas são fatores que possibilitam uma triagem neonatal mais correta, que normalmente deve ser realizada entre o terceiro e sétimo dia de vida. Por meio de gotinhas de sangue tiradas do calcanhar do bebê, são feitas as avaliações para detectar algumas doenças genéticas e congênitas que necessitam de tratamento, evitando assim sequelas na vida da criança.
A coordenadora do Centro de Educação e Apoio Social do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD/UFMG), Isabel Castro, reforça que pelo menos uma unidade básica de saúde nos 853 municípios mineiros conta com o serviço de coleta de sangue para o teste do pezinho e que a cobertura em Minas Gerais chega a 94% dos nascidos vivos. Na rede pública e em postos de saúde a triagem básica é gratuita.
“Importante mencionar que o Sistema Único de Saúde (SUS) preconiza um programa de triagem e não apenas a identificação da doença. No SUS, a criança que teve alguma doença identificada recebe todo o tratamento gratuito”, explica. No caso de pais que optam por fazer o teste do pezinho em laboratórios particulares, estes normalmente apenas identificam a doença, cabendo o tratamento ser providenciado pelos pais.
Casos
Uma dessas doenças é fenilcetonúria, caracterizada pela ausência ou carência de uma enzima ligada ao metabolismo do aminoácido fenilalanina, presente em alimentos protéicos como carne, leite e ovos. Quando não é “quebrado” adequadamente pela enzima, gera um acúmulo excessivo no corpo que pode levar a lesões no sistema nervoso central, com comprometimento no desenvolvimento neurológico da criança.
A coordenadora do NUPAD, Isabel Castro, relembra um caso de uma criança em que foi identificada a doença após os exames pós-nascimento, mas que pelo fato de os pais terem feito a coleta em laboratórios particulares não deram prosseguimento ao tratamento, que só iniciou quanto iança estava como cinco meses. “É um grande risco que o bebê corre de ficar com sequelas para o resto da vida”, salienta.
Maior aproximação com municípios
Em abril deste ano, no primeiro curso de capacitação do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD/UFMG), a cobertura de toxoplasmose nos municípios da zona de abrangência da Superintendência Regional de Saúde de Coronel Fabriciano (SRS/CF) era de 50%. Com a metodologia empregada no curso e, principalmente, com a boa participação de enfermeiros, subiu para mais de 70% os municípios com cobertura do exame. “Houve a sensibilização dos gestores para a importância da realização do exame para o bem estar e saúde das crianças”, reforçou Isabel Castro.
Autor: Roberto Bertozi