Conscientização e comprometimento. Esse foi o clima que embalou a Força Tarefa no município de Biquinhas, entre os dias 22 e 26 de agosto. A equipe de mobilização da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) somou esforços para reduzir o número de casos da doença na cidade.
Segundo o prefeito de Biquinhas, Carlos Alberto Rodrigues Pereira, até 2012 não havia tido nenhum caso da doença na cidade. “A população achava que a dengue não chegaria ao município, mas tivemos 49 notificações e seis casos confirmados esse ano. Essa mobilização na cidade foi muito importante porque as pessoas receberam orientações de porta em porta”, apontou. Ele ainda ressaltou que foi essencial a coleta de todo o lixo da cidade no período seco para que na época das chuvas o município esteja limpo para evitar a proliferação do mosquito.
A cidade, que possui 2.602 habitantes, mostrou-se empenhada para combater a doença. Representantes da prefeitura, empresas privadas, escolas e associações estiveram reunidos no encontro intersetorial, no dia 22, para discutir os motivos que ocasionaram a proliferação do Aedes aegypti. Foi feito um planejamento com ações concretas para que a cidade se mantenha em alerta e os moradores se conscientizem para combater a doença.
O secretário municipal de saúde, Lucimar Alves Bueno, elogiou toda a mobilização feita no município e declarou sua satisfação com o apoio dado pela SES-MG. “Foi um verdadeiro curso que nossos agentes receberam. A equipe de mobilização é muito compromissada e conseguimos despertar a atenção da população sobre a importância da coleta de lixo e limpeza dos quintais. A responsabilidade de todos é fundamental para acabarmos com esse mosquito”, alertou.
A mesma opinião foi compartilhada pelo Fiscal de Vigilância Sanitária, Celso José da Silva, que acompanhou o trabalho dos agentes de Força Tarefa. “A limpeza feita foi perfeita e tivemos uma boa resposta dos moradores. Agora, cabe a cada um deles continuar com essa responsabilidade e iremos cobrar de cada cidadão essa conscientização. A administração está empenhada a não deixar a saúde comunitária virar um caos. Foi feito um trabalho educativo bastante importante”, avaliou.
No dia 23, o Dengue Móvel esteve na cidade para recolher materiais que oferecem risco para a proliferação do mosquito, como latas, garrafas de plástico, pneus e trocá-los por material escolar. Ainda no mesmo dia, a equipe de mobilização se reuniu com importantes atores sociais capacitando-os para disseminar orientações sobre a doença.
Minha cidade sem Dengue
A população também teve a oportunidade de participar do evento “Minha cidade sem Dengue”, realizado no dia 24, na Praça da Matriz. O encontro foi movimentado e ofereceu diversas atrações para os moradores presentes. Alunos das Escolas Municipais Pinguinho de Gente e João Mendes apresentaram atividades culturais como literatura de cordel, teatro e dança. Todos com a temática Dengue. O grupo União da Terceira Idade, também apresentou um teatro com dicas importantes de prevenção à doença e ao final da esquete distribuiu panfletos informativos para todo o público. Também foi feita uma gincana com perguntas e resposta sobre a Dengue e a equipe vencedora ganhou brindes.
O evento contou com a presença de enfermeiros do PSF, para medição de pressão arterial e cálculo do Índice de Massa Corporal e uma exposição de objetos recicláveis do CRAS – Centro de Referência em Assistência Social. A educadora social do CRAS, Juliana Oliveira do Amaral, informou que realiza um trabalho de artesanato com esse tipo de material para aproximadamente 150 alunos, por semana. Ela também programa aulas especiais para reutilizar possíveis focos do mosquito da dengue.
A troca de lixo por materiais recicláveis também aconteceu no dia 24. O estudante Breno Alves, 8 anos, não perdeu tempo e trocou 60 pets e 40 latas. “Debaixo do pé de manga da minha casa tinha muita garrafa pet. Quando o pessoal da dengue passou na minha escola, aprendi que eu tinha que recolher tudo para ninguém da minha família ficar com dengue”, contou.
A aposentada Maria da Conceição de Jesus, 67 anos, também fez o mesmo. “Meu filho e os amigos dele sempre vão pescar na represa e pedi para eles juntarem as latinhas de cerveja para mim. Hoje trouxe 230 latinhas e troquei por cadernos e borrachas para minha netinha que está na escola”, disse.
Em dois dias de trocas, o Dengue Móvel trocou 477 pneus, 720 latas e 720 garrafas pets por material escolar. O lixo recolhido foi encaminhado para um ecoponto. Para encerrar o evento, foi feito um passeio ciclístico, no dia 25, e a bicicleta mais decorada foi premiada.
A referência técnica em endemias da SRS Sete Lagoas, José Aparecido dos Santos, ressaltou a importância da Força Tarefa para a população de Biquinhas: “Não adianta apenas que o agente de saúde vigie as casas para a eliminação de focos do mosquito da dengue. A Força Tarefa é de grande ajuda porque está ensinando os moradores a adotarem a prevenção permanente à dengue”.
Autor: Alexandre Dutra