Consulta Pública sobre Fibrose Cística pretende otimizar atendimento dos portadores da doença no Estado

Para dar mais legitimidade e transparência no atendimento das pessoas portadoras de Fibrose Cística, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SESMG), através da Comissão Estadual de Fibrose Cística, elaborou o Protocolo para a Rede estadual de Atenção à saúde aos portadores de Fibrose Cística. O documento poderá ser consultado pela população durante 30 dias, de 22/11/2011 a 22/12/2011.A fibrose cística, também conhecida como Mucoviscidose, é uma doença genética autossómica recessiva causada por um distúrbio nas secreções de algumas glândulas, que afeta o cromossomo 7, sendo este o responsável pela produção de uma proteína que vai regular a passagem de cloro e de sódio pelas membranas celulares.Atualmente, em Minas Gerais, existem 430 portadores da doença e o diagnóstico tem como primeira etapa a triagem realizada pelo “Teste do Pezinho” ou Triagem Neonatal. Em casos positivos para Fibrose Cística, a família é acionada pelo Posto de Saúde e encaminhada para realização do “Teste do Suor”, que é o exame diagnóstico realizado pela NUPAD/ UFMG.  Em Caso positivo, a pessoa é considerada portadora de Fibrose Cística e encaminhada para um dos Centros de Referência de Minas Gerais: Hospital das Clínicas/UFMG, Hospital Infantil João Paulo II/FHEMIG, Hospital Júlia Kubitschek/FHEMIG, Hospital Universitário/UFJF ou Hospital de Clínicas/UFU. “O Estado sempre busca inovação no atendimento aos seus usuários. Com a Fibrose Cística não é diferente, trabalhamos com a lógica de Redes de Atenção à Saúde, onde este é o ponto fundamental inserido neste protocolo, agregando e atribuindo ações às atenções primárias, secundárias e terciárias. Este protocolo busca a padronização dos cuidados aos portadores da doença, resultado das inúmeras reuniões da Comissão onde se buscou o consenso de todos os médicos prescritores e sociedade Civil da Associação Mineira de Assistência a Mucoviscidose (AMAM)”, explica a Coordenadoria do Núcleo de Doenças Complexas, Ana Carolina de Araújo Leite.

Para participar da Consulta Pública do Protocolo para a Rede Estadual de Atenção à Saúde aos Portadores de Fibrose Cística, o cidadão deve acessar o link, onde terá mais detalhes: http://www.saude.mg.gov.br/atos_normativos/consulta-publica/2011/CONSULTA%20PUBLICA%20No03%20-Fibrose%20Cistica%20-%2022%2011%2011%20-%20rsf.pdf, disponível no site da secretaria de saúde  www.saude.mg.gov.br,

 O que é a Fibrose Cística?

A mucoviscidose, mais conhecida como fibrose cística ou apenas FC, é uma doença genética, grave, sem cura, que afeta as glândulas exócrinas, provocando alterações nos pulmões, pâncreas, fígado e intestino. A doença surge através de genes defeituosos que passam de pais para filhos. Quando a pessoa herda o gene da fibrose cística, ela vai apresentar um “defeito” na produção das secreções, que se tornam espessas e em grande quantidade, prejudicando o bom funcionamento dos órgãos. O muco (secreções) é diferente: grosso e mais pegajoso. Devido a sua forma e consistência, acaba obstruindo vários caminhos que existem no corpo humano, impedindo ou dificultando a passagem de substâncias que são importantes para o crescimento e funcionamento de algumas partes do organismo. O muco prejudica também o sistema digestivo, pois dificulta a digestão dos alimentos. Isso acontece porque as substâncias (enzimas) que deveriam passar pelos caminhos para ajudar na digestão dos alimentos, não conseguem chegar até eles para digeri-los. Este é o motivo que obriga o fibrocístico a fazer o uso de enzimas e vitaminas todos os dias, além de manter uma alimentação saudável e beber muita água, principalmente nos dias mais quentes e durante atividades físicas, nestes dias é aconselhável dar uma “pitadinha” de sal para reposição daquele perdido pelo suor excessivo. Assim como no sistema digestivo, o muco atinge também o sistema respiratório, bloqueando as vias pulmonares e assim prejudicando a passagem de ar através dos alvéolos pulmonares, uma vez que o muco (catarro) prende-se nesses “caminhos”. A conseqüência desse processo é uma tosse natural, justamente para remover o muco do caminho onde o ar deve passar. Na FC, essa tentativa de remover o muco, acaba provocando uma tosse muito forte. Caso o muco esteja contaminado por bactérias, ele torna-se ainda muito mais pegajoso e espesso, havendo a necessidade do uso de remédios específicos para desprendê-lo dos pulmões. Estudos científicos mostram que uma criança, filha de dois portadores assintomáticos tem 25% de chances de ter a doença; 50% de ser um portador e 25% de não ter a doença. A FC é uma doença em pessoas de cor branca, sendo rara em pessoas de origem africana ou asiática, o que torna um desafio para a comunidade científica mundial o estudo da genética das populações, no sentido de encontrar a cura definitiva. Apesar de continuar sendo uma doença genética grave, os avanços na terapêutica clínica, os novos antibióticos e os transplantes de pulmão e fígado, estão conseguindo diminuir a letalidade e aumentar a sobrevida dos pacientes, já chegando em média aos 40 anos de idade. Diagnosticar a fibrose cística precocemente e seguir um rígido e contínuo tratamento, ainda é o melhor remédio.

Autor: Guilherme Torres


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