Maio Amarelo 2025: Desacelere. Seu bem maior é a vida.

Durante todo o mês de maio, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) participa do movimento internacional Maio Amarelo, com o objetivo de sensibilizar a população sobre a importância da segurança no trânsito. Neste ano, a campanha traz o tema “Desacelere. Seu bem maior é a vida.”, chamando atenção para o impacto da velocidade na ocorrência de acidentes e no agravamento de lesões, especialmente entre os mais vulneráveis. A iniciativa busca promover uma mudança de comportamento por meio de ações educativas, acessíveis e empáticas, que dialoguem com a realidade da população e incentivem escolhas mais conscientes no trânsito.

Diversos são os fatores associados à ocorrência de lesões e mortes no trânsito. Entre os fatores associados à conduta das pessoas, os principais apontados para a ocorrência dos eventos que acarretam traumatismos no trânsito são a velocidade excessiva, a condução de um veículo sob efeito de bebida alcoólica e a negligência no uso de equipamentos como cintos de segurança, mecanismos de retenção para crianças (cintos de segurança, cadeirinhas, entre outros), além de capacetes para motociclistas – por evitar ou reduzir os danos dos traumatismos, esses recursos são também referidos como “fatores de proteção”. Mais recentemente, a distração ao volante, como o uso de telefones celulares, a fadiga e o álcool têm merecido cada vez mais destaque (OPAS, 2018).

Considerando estes fatores de risco que contribuem para a ocorrência do acidente, a velocidade excessiva ou inadequada também é reconhecida como um dos principais fatores de risco no trânsito. A velocidade excessiva contribui tanto à probabilidade de ocorrência de um acidente quanto à gravidade das suas consequências. Isso ocorre, pois altas velocidades reduzem a capacidade de perceber o entorno, aumentam a distância necessária para parar e a energia de impacto em colisões. (BRASIL, 2024)

Foi declarada por meio da Resolução da Assembleia Geral da ONU 74/299 – a Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2021-2030, com a meta explícita de reduzir mortes e lesões no trânsito em pelo menos 50% durante esse período. A Década alinha-se com a, Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, em que dois dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e duas das metas (3.6 e 11.2) contemplados pela agenda são diretamente vinculados à segurança no trânsito.

O Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS), que é baseado na abordagem de Sistemas Seguros e Visão Zero, também reconhece a gestão da velocidade como importante elemento para a segurança no trânsito e prevê diversas ações relacionadas a esse tema nos pilares que o compõem.

O Programa Vida no Trânsito elenca os fatores e as condutas de risco, os usuários que contribuíram para o acidente e as vítimas envolvidas nos acidentes, dentre os principais fatores de risco a velocidade é destacada como fator de risco contributivo para a ocorrência de um acidente.

Alinhado a estes instrumentos, o objetivo da mensagem “Desacelere. Seu bem maior é a vida” é propor que a sociedade perceba a importância da redução de velocidade nas vias e promova a mudança de comportamento no trânsito, no curto prazo.

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS

O cenário epidemiológico dos acidentes de transporte terrestre em motociclistas em Minas Gerais, 2019-2024

O gráfico 1 apresenta a frota de veículos, no período de 2019 a 2024, em Minas Gerais. Observa-se que houve aumento da frota total de 19% e da frota de motocicleta de 20% nesse período.

Gráfico 1 – Frota de veículos, segundo Secretaria Nacional de Trânsito. Minas Gerais, 2019 a 2024

A tabela 01 mostra que os acidentes envolvendo os motociclistas foram a causa de internação na qual houve o maior aporte de recursos financeiros, 47% do total de gastos com internações no período de 2019 a 2024.

Tabela 01 – Valores gastos com internações hospitalares por Acidentes de Transporte Terrestre, segundo categoria. Minas Gerais, 2019 a 2024

O gráfico 2, apresenta a distribuição de internação por acidentes de transporte terrestre (ATT) (n= 146.027) entre as faixas etárias, observa-se que a categoria motocicleta na faixa etária (20 a 29 anos) concentra o maior número das internações (27,8%).

Gráfico 2 – Distribuição das internações hospitalares por Acidentes de Transporte Terrestre, segundo categoria e faixa etária. Minas Gerais, 2019 a 2024

Perfil sociodemográfico das vítimas fatais de motociclistas envolvidos em lesões no trânsito

A tabela 2 apresenta o perfil das vítimas motociclistas que foram a óbito decorrente de lesões no trânsito, sendo possível observar a predominância do sexo masculino (89%), adultos jovens na faixa etária de 20 a 39 anos (52,9%).

Ao avaliar as demais variáveis, observa-se o predomínio das vítimas com raça/cor de pele preta e parda (57,9%), solteiras (56%), com 8 a 11 anos de estudo (41,8%). Entretanto, cabe uma ressalva ao percentual alto de registro ignorado/não informado sobre a escolaridade dessas vítimas (22,6%).

Referente ao local de óbito das vítimas envolvidas nos acidentes, observa-se que a via pública apresentou a maior proporção (50,1%), seguida pelo hospital (42,5%).

Tabela 2 – Perfil dos indivíduos envolvidos em ATT, segundo características sociodemográficas, Minas Gerais, 2019-2024

Na análise da série histórica de óbitos por acidentes envolvendo os motociclistas (n=4.909), no período de 2019 a 2024, observa-se que o sexo masculino apresentou um número de óbitos 8,1 vezes maior do que o sexo feminino (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Distribuição dos óbitos de motociclistas segundo sexo e ano. Minas Gerais, 2019 a 2024

Ao avaliar a variação percentual em Minas Gerais entre os anos de 2019 e 2024, observa-se que houve um aumento de 11% dos óbitos entre os motociclistas.

Distribuição da taxa de óbito por acidentes de transporte terrestre em motociclistas, nas 28 Unidades Regionais de Saúde

Na figura 1, é possível observar a taxa óbito (por 100 mil habitantes) nas Unidades Regionais de Saúde (URS) no ano de 2024. As URS de Governador Valadares (8,5/100.000), Leopoldina (8,3/100.00), Ituiutaba (7,7/100.00) Patos de Minas (7,6/100.000), Ubá, Pirapora e Manhuaçu (7,3/100.000) apresentaram as maiores taxas de óbitos em motociclistas em Minas Gerais.

Figura 1 – Taxa da taxa de óbito por acidentes de transporte terrestre em motociclistas, segundo Unidade Regional de Saúde de Minas Gerais, 2024

O quadro 1 elenca vários fatores de risco e causas relacionadas as lesões em motociclistas.

Quadro 1 – Fatores de risco relacionados às lesões de motociclistas

Considerando o cenário apresentado em Minas Gerais referente à morbimortalidade por lesões no trânsito, envolvendo principalmente os motociclistas, é notável que se trata de uma questão relevante de saúde pública, que requer políticas públicas que envolvam atividades de educação e segurança no trânsito, como uma responsabilidade compartilhada, que demanda cooperação, inovação e compromisso com a prevenção dos acidentes de trânsito. Deve-se efetivamente discutir o tema, engajar-se em ações e propagar o conhecimento, abordando toda a amplitude que a questão do trânsito exige, nas mais diferentes esferas.

O crescimento da frota das motocicletas e o aumento das demandas por serviços de tele-entregas, que se agravou após a pandemia em 2020 e a importância em caracterizar as circunstâncias que envolvem os acidentes e reconhecer se houve algum nexo ocupacional, torna-se necessário capacitar a rede de atenção à saúde para identificar os acidentes de trabalho com motociclistas, tanto de trajeto quanto típicos, notificando adequadamente nos sistemas de informação em saúde, permitindo obter informações fidedignas desse agravo e propor ações de promoção de saúde e prevenção desses acidentes.

TRÂNSITO SEGURO

Lesões no trânsito podem ser evitadas. É necessária a adoção de medidas para abordar a segurança no trânsito de maneira integral. Isso requer envolvimento de vários setores, como transporte, segurança pública, saúde, educação e ações que tratam da segurança viária, veículos e seus usuários.

Entre a lista de intervenções eficazes estão: desenhar uma infraestrutura mais segura e incorporar elementos de segurança viária na planificação do uso de solo e de transportes; melhorar os dispositivos de segurança dos veículos e a atenção às vítimas de acidentes de trânsito; estabelecer e aplicar normas relacionadas aos principais riscos; e aumentar a conscientização pública sobre o tema.

FATORES DE RISCO

Um aumento na velocidade média está diretamente relacionado tanto à probabilidade de ocorrência de um acidente quanto à gravidade das suas consequências. Cada aumento de 1% na velocidade média produz, por exemplo, um aumento de 4% no risco de acidente fatal e um aumento de 3% no risco de acidente grave. O risco de morte para pedestres atingidos frontalmente por automóveis aumenta consideravelmente (4,5 vezes de 50 km/h para 65 km/h).


No choque entre carros, o risco de morte para seus ocupantes é de 85% a 65 km/h.

Conduzir sob a influência de álcool ou qualquer substância ou droga psicoativa aumenta o risco de acidente com morte e lesões graves.

O risco de uma colisão no trânsito começa com baixos níveis de concentração de álcool no sangue e aumenta significativamente quando o a Concentração de Álcool no Sangue (BAC) do motorista é ≥ 0,04 g/dl.

No caso do uso de drogas psicoativas, o risco de incorrer em um acidente de trânsito aumenta em diversos graus. O risco de acidente fatal com uma pessoa que consumiu anfetaminas, por exemplo, é cerca de 5 vezes o risco de alguém que não o fez.

O uso correto de capacetes pode reduzir em 42% o risco de mortes e em 69% o risco de lesões graves.

Usar o cinto de segurança reduz o risco de morte entre motoristas e passageiros dos bancos dianteiros entre 45% e 50% e o risco de morte e lesões graves entre passageiros dos bancos traseiros em 25%.

O uso de sistemas de retenção para crianças pode reduzir em 60% o número de mortes.

Existem muitos tipos de distrações que podem levar a uma condução prejudicada. A distração causada por celulares é uma preocupação crescente para a segurança no trânsito.

Os condutores que usam celulares enquanto dirigem têm cerca de 4 vezes mais chances de estarem envolvidos em um acidente. O uso de um telefone ao dirigir diminui os tempos de reação (principalmente o tempo de reação da frenagem, mas também a reação aos sinais de trânsito) e dificulta que o condutor mantenha o carro na pista correta e guarde as distâncias de segurança.

A opção de viva-voz nos veículos não é muito mais segura do que os telefones à mão e as mensagens de texto durante a direção aumentam consideravelmente o risco de um acidente.

O desenho das vias pode ter um impacto importante em sua segurança. Idealmente, elas devem ser projetadas considerando a segurança de todos os usuários das vias. Isso significa garantir serviços adequados para pedestres, ciclistas e motociclistas. Medidas como calçadas, ciclovias, pontos de passagem seguros e outras formas de ordenamento do trânsito são fundamentais para reduzir o risco de lesões.

Veículos seguros desempenham um papel essencial na prevenção de acidentes e na redução da probabilidade de lesões graves. Há uma série de regulamentos das Nações Unidas sobre segurança veicular que, se aplicados aos padrões de produção dos países, potencialmente salvariam muitas vidas. Isso inclui exigir que os fabricantes de veículos cumpram as regulamentações de impacto dianteiro e lateral, incluindo controle eletrônico de estabilidade, airbags e cintos de segurança em todos os veículos. Sem esses padrões básicos, o risco de lesões no trânsito – tanto para os que estão nos veículos quanto para os que estão fora deles – aumenta consideravelmente.

A demora na detecção e no atendimento aos envolvidos em um acidente de trânsito aumentam a gravidade dos ferimentos. O cuidado com as lesões é extremamente sensível ao tempo: atrasos de minutos podem fazer a diferença entre a vida e a morte. Melhorar os cuidados após os acidentes requer a garantia de acesso ao atendimento pré-hospitalar oportuno e à melhoria da qualidade do atendimento pré-hospitalar e hospitalar, por meio de programas de treinamento especializados, por exemplo.

Se as leis de trânsito relacionadas à direção sob efeitos do álcool, uso do cinto de segurança, limites de velocidade, capacetes e sistemas de retenção para crianças não forem cumpridas, elas não poderão resultar na redução esperada nas mortes e lesões no trânsito.

A aplicação efetiva da legislação inclui o estabelecimento, atualização regular e cumprimento de leis em níveis nacional, estadual e municipal que abordam os fatores de risco mencionados acima. Inclui também a definição das penalidades apropriadas.

Lesões no trânsito podem ser evitadas. É necessário a adoção de medidas para abordar a segurança no trânsito de maneira integral. Isso requer envolvimento de vários setores, como transporte, segurança pública, saúde, educação e ações que tratam da segurança viária, veículos e seus usuários.

Entre a lista de intervenções eficazes estão: desenhar uma infraestrutura mais segura e incorporar elementos de segurança viária na planificação do uso de solo e de transportes; melhorar os dispositivos de segurança dos veículos e a atenção às vítimas de acidentes de trânsito; estabelecer e aplicar normas relacionadas aos principais riscos; e aumentar a conscientização pública sobre o tema.

Fonte: https://www.paho.org/pt/topicos/seguranca-no-transito

MATERIAIS DE REFERÊNCIA

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