Prevenção, testagem e tratamento foram as temáticas abordadas no II Encontro Regional de Enfrentamento à Sífilis, promovido pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberlândia, no dia 26 de julho. Participaram do evento os coordenadores municipais da Vigilância em Saúde, da Vigilância Epidemiológica e da Atenção Primária à Saúde (APS), além de médicos e enfermeiros que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Jéssica Silva, referência técnica em sífilis da SRS Uberlândia, destaca a importância do evento para aprimorar os conhecimentos e fortalecer a rede de profissionais engajados no combate à doença. “Estamos reforçando as normas vigentes e a articulação de cada área no desenvolvimento das ações municipais, em conformidade com as diretrizes do Plano Estadual de Enfrentamento à Sífilis. Neste ano, além de tratarmos da prevenção, notificações, testagem rápida e manejo clínico, destacamos a atuação do assistente social e o compartilhamento das experiências municipais”.
De acordo com Talane Alcântara, referência técnica da coordenação de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a doença é um desafio nacional. “A sífilis é um problema de saúde pública não só em Minas Gerais, mas no Brasil inteiro. O aumento do número de casos registrados no decorrer dos anos demonstra que, apesar das ações que são desenvolvidas nos municípios, regionais e no estado como um todo, é perceptível que ainda existem fragilidades que podem acontecer principalmente quando envolvem pré-natal, tanto no momento do diagnóstico quanto no tratamento. Então, precisamos que mais ações sejam desenvolvidas para evitar a ocorrência de casos de sífilis congênita.”
Assistência Social
O acolhimento e o suporte fazem toda a diferença no tratamento da sífilis, desde o momento do diagnóstico, perpassando por todo o tratamento. A assistente social, Cláudia Spirandelli, comenta que é preciso envolver o paciente e os familiares no processo. “É importante existir uma equipe multidisciplinar na condução de casos de sífilis, principalmente em gestantes, assim poderemos oferecer um acolhimento pré-teste e pós-teste e envolver a rede de apoio no processo. Além disso, é importante haver uma discussão de casos em equipe e sempre fazer a busca ativa das gestantes”, observa Cláudia.
Avanços nos territórios
Articulação entre a Atenção Primária à Saúde e a Vigilância Epidemiológica no combate à sífilis: foi neste contexto que dois territórios compartilharam suas experiências. O município de Indianópolis apresentou as estratégias desenvolvidas para ampliar a testagem rápida nos últimos meses e a oferta do serviço nas unidades de saúde em datas e eventos alusivos ao Outubro Rosa e ao Novembro Azul para o fortalecimento da APS de forma contínua. A estratégia na Atenção Primária da Secretaria de Saúde de Monte Carmelo foi a criação de um comitê de enfrentamento à sífilis, com isso, todas as unidades de saúde começaram a ofertar a testagem rápida. Houve ainda uma descentralização do tratamento, começando a ocorrer também em todos os níveis de assistência do município, o que possibilitou maior adesão no tratamento, em especial com as gestantes.
Sífilis e as notificações em Uberlândia e região
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível, causada pela bactéria Treponema pallidum. Os sintomas às vezes são discretos e a procura tardia por tratamento pode causar complicações graves. Em gestantes há o risco da contaminação vertical, da mãe para o bebê (sífilis congênita). A doença tem cura e o tratamento está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Se não tratada a tempo, a sífilis pode comprometer o sistema nervoso central, o sistema cardiovascular e órgãos como olhos, pele e ossos.
Em 2022, os 18 municípios que compõem a SRS Uberlândia notificaram 757 casos de sífilis adquirida, 121 de sífilis congênita e 267 de sífilis em gestante. Até o momento, em 2023, a região já notificou 406 casos de sífilis adquirida, 82 de sífilis congênita e 153 de sífilis em gestante.
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