O carnaval acabou, mas o lema da campanha da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais continua atual “Ah, que trem bão!#Sexo Seguro”. Se a maior festa do samba terminou na quarta-feira de cinzas, a prevenção deve ser constante. Essa é a visão da diretora-geral da Associação de Prostitutas de Minas Gerais, Cida Vieira. “Temos as parcerias com o setor das Infecções de Doenças Transmissíveis do Estado para mobilização e educação permanente durante todo o ano”. Preservativos, testes de HIV e gel são distribuídos semestralmente para as profissionais que são multiplicadoras para prevenção. “Trabalhamos com educação e multiplicação para os clientes. Levamos informações sobre sífilis e HIV. A incidência aumentou recentemente”.

Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação das Infestações Sexualmente Transmissíveis de outubro de 2022, a categoria de exposição ao HIV em homossexuais representa cerca de 47,76% dos casos registrados durante o período de 2017 a 2021, e em heterossexuais foi de 27,1% (figura 5). No sexo feminino, o maior número de casos está notificado como a categoria heterossexual (83,46%).

Cida Vieira destaca a importância da camisinha feminina. “O uso da camisinha feminina é muito importante para empoderamento e segurança da mulher. Se ele não quiser usar, a mulher pode utilizar”. O papel de mobilização é constante. “Não podemos ter só a “bolha do carnaval”. Perguntamos a voluntários, a Associação tem parceria com a PUCMinas. Levamos as informações sobre prevenção e tratamento, como a Profilaxia Pós Exposição (PEP)”. A atuação das mais de 5 mil associadas é explicada por Vieira que aponta a rotatividade do local de trabalho como um potencializador. “Um dia estamos na zona, depois estou na boate de rua, na boate.Nós, trabalhadoras, nos conhecemos. Esse trabalho de mobilização em Minas é diferenciado. Outras profissionais de outros estados falam que esse trabalho não tem outros locais”, descreve.

 

Créditos: Leandro Heringer

Em relação ao HIV, a referência em Infecções Sexualmente Transmissíveis da Superintendência Regional de Saúde de Belo Horizonte da SES-MG, Verlanda Bontempo, destaca a quantidade de casos entre 2017 e 2021 em Minas Gerais. “No período de 2017 a 2021 foram diagnosticados 24.541 casos de HIV/Aids na população sendo que 77,3% (18.964 casos) ocorreram no sexo masculino e 22,7% (5.574 casos) ocorreram no sexo feminino e 3 casos foram notificados como ignorados”.

Bontempo aponta que o número de casos de sífilis no país vem aumentando notadamente a cada ano, representando no Brasil uma reemergência da doença os dados de sífilis e HIV apesar do constante processo de incentivo à Implantação dos Comitês de Investigação da Transmissão Vertical (CITV) nas Unidades Regionais de Saúde (URS) e municípios do Estado. “Temos o objetivo principal de realizar o mapeamento dos casos de transmissão vertical das IST e propor medidas e estratégias de intervenção com foco na prevenção, diagnóstico, tratamento e vigilância do agravo”.

Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (2021), no ano de 2020 foram notificados no SINAN 115.371 casos de sífilis adquirida (taxa de detecção de 54,5 casos/100.000 habitantes); 61.441 casos de sífilis em gestantes (taxa de detecção de 21,6/1.000 nascidos vivos/NV) e 22.065 casos de sífilis congênita (taxa de incidência de 7,7/1.000 NV). “Foram notificados 12.749 casos de sífilis adquirida no estado de Minas Gerais, com maior concentração de casos na regional de Belo Horizonte com 40,3%. Ressaltando que essa regional possui cerca de um quarto da população mineira”, enfatiza Bontempo.

Prevenção

A camisinha, masculina ou feminina, é o método mais eficaz para se prevenir contra as infecções sexualmente transmissíveis, como o HIV/Aids, hepatites B e C, e a sífilis, por exemplo. Além disso, evita uma gravidez não planejada. Preservativos interno e externos e gel lubrificante estão à disposição nos SAE e CTA e organizações da sociedade civil.

Dados do Ministério da Saúde revelam que os jovens são a faixa etária que menos usam camisinha. Em Minas Gerais, no período de 2017 a dezembro de 2022, no que se refere a faixa etária, observou-se que, de um total de 23.194 casos, a maioria dos casos de infecção pelo HIV encontra-se na faixa etária de 20 a 34 anos, com 11.920 casos, percentual de 51,64% dos casos registrados.

Créditos: Leandro Heringer

Existem dois tipos de camisinha: a externa, que é feita de látex e deve ser colocada no pênis ereto antes da penetração; e a camisinha interna, que é feita de latex ou borracha nitrílica e é usada internamente na vagina ou ânus, podendo ser colocada algumas horas antes da relação sexual, não sendo necessário aguardar a ereção do pênis. Ambas também funcionam como métodos contraceptivos, evitando uma gravidez não planejada.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico, por meio dos testes rápidos para HIV/Aids, sífilis e hepatites B e C está disponível nos Serviços de Atenção Especializada e Centros de Testagem e Aconselhamento (SAE/CTA), e qualquer pessoa pode realizar o exame. Outra maneira de se testar é realizar o teste anti-HIV, através do exame de sangue convencional disponível nas unidades básicas do Estado de Minas Gerais. O tratamento, também disponível no SUS, melhora a qualidade de vida e interrompe a cadeia de transmissão dessas infecções.

Se por algum motivo você teve relação sexual sem preservativo ou passou por alguma situação de risco à infecção pelo HIV e outras IST's, é muito importante fazer a testagem rápida de HIV/Aids, hepatites virais B e C e sífilis, nas Unidades de Saúde e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), para que você possa iniciar o tratamento o mais rápido possível, caso seja diagnosticado com alguma dessas doenças.

Locais disponíveis para Profilaxia Pós-Exposição (PEP) em Minas Gerais

Locais disponíveis para Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) em Minas Gerais


Mais informações em https://www.saude.mg.gov.br/sexoseguro

Por Leandro Heringer

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