A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) realizou o IV Workshop para o Controle da Tuberculose, na Plenária do Prédio Gerais da Cidade Administrativa, nos dias 15 e 16 de março. O objetivo foi a promoção de discussões sobre as estratégias de enfrentamento da doença no estado de Minas Gerais, principalmente no que se refere aos processos de gestão e vigilância, bem como aos aspectos sociais. “A tuberculose ainda é uma doença prevalente no território mineiro. Em 2021 tivemos 3.487 casos da doença no estado e 552 dos 853 municípios mineiros registraram casos. É importante traçar estratégias com a contribuição das regionais junto à equipe do nível central e oferecer o tratamento adequado à população”, salienta a subsecretária de Vigilância em Saúde da SES-MG, Herica Vieira Santos.

Participantes do IV Workshop para o Controle da Tuberculose - Foto: Rafael Mendes

O workshop foi em alusão ao dia mundial de combate à tuberculose - comemorado em 24 de março - como esclarece a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Tuberculose da SES-MG, Maíra Veloso. “É uma data importante de conscientização sobre a doença. Esse Workshop surgiu para promover discussões importantes sobre as estratégias de enfrentamento no Estado. Estamos em fase de atualização do plano estadual pelo fim da tuberculose como problema de saúde pública, baseado no plano nacional. O nosso plano está sendo estruturado com base nas diretrizes do Ministério da Saúde e inclui também as experiências inovadoras e especificidades do nosso Estado”. 

O evento, contou com a participação das referências técnicas das 28 unidades regionais de saúde, municípios estratégicos, laboratórios macrorregionais, Fundação Ezequiel Dias (Funed) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), bem como com palestrantes externos como Stefano Codenotti da Fiocruz do Distrito Federal, Patrícia Sanine da Coordenação Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas do Ministério da Saúde e Maíra Guazzi da coordenação de tuberculose da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, além de referências da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (SEJUSP-MG).

Atividades durante o IV Workshop para o Controle da Tuberculose - Foto: Rafael Mendes

A tuberculose é uma doença que tem cura e o diagnóstico e tratamento são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para o êxito do tratamento, é importante que o paciente tome os medicamentos de forma regular (todos os dias, em doses adequadas) e pelo tempo previsto (mínimo de 06 meses). Com aproximadamente 15 dias de tratamento, a maioria das pessoas não transmite mais a doença, evitando novos casos. Para a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Tuberculose da SES-MG, Maíra Veloso, um dos principais desafios é a conscientização da população sobre a doença. “A tuberculose pode atingir qualquer pessoa, embora determinados grupos tenham maior risco de adoecimento. A tosse por três semanas ou mais é um dos principais sintomas. Temos no SUS a disponibilidade do diagnóstico e tratamento. É importante que as pessoas saibam quais são os sintomas para procurar as Unidades Básicas de Saúde (UBS)”, explica. 

Sobre o tratamento, Veloso enfatiza a importância da adesão até o final. “Em geral, nos primeiros meses de tratamento ocorre a regressão dos sintomas e com 15 dias o paciente não transmite mais a doença, mas é necessário que o paciente realize o tratamento de forma adequada até o final, que é de no mínimo 6 meses, para que seja curado.” Em relação ao tratamento e diagnóstico, o SUS conta com diversas tecnologias como teste rápido molecular que faz diagnóstico e ainda sinaliza se o paciente tem resistência ao principal medicamento para tratamento.

A interface entre Atenção Primária e Vigilância Epidemiológica da Superintendência Regional de Saúde de Belo Horizonte (SRS-BH) foi apontada como estratégica pela referência técnica de Atenção Primária à Saúde (APS) da SRS-BH, Roseli Lima. “O evento favorece a elaboração de ações e estratégias envolvendo diferentes e complementares setores na questão da tuberculose. A Atenção Primária, como porta de entrada, e a Vigilância Epidemiológica, potencializam o acesso e o tratamento à população”. Nesse contexto, a superintendente de Vigilância Epidemiológica da SES-MG, Elice Eliane Nobre Ribeiro, destaca o papel das Unidades Regionais de Saúde (URS). “A tuberculose é, historicamente, negligenciada. As URS trabalham nos municípios mineiros com objetivos de detecção precoce da tuberculose, e o acompanhamento até o cidadão completar o tratamento. Há trabalho feito em parceria com a APS na busca ativa. É importante parabenizar as regionais premiadas e que continuem sendo nossos parceiros”.

Prêmio para Unidades Regionais de Saúde

Com melhores indicadores de ações relativas ao enfrentamento da tuberculose, a Gerência Regional de Saúde (GRS) de Pirapora foi a primeira colocada na premiação. A referência técnica regional do Programa da Tuberculose, Gilza Francisca Alves, aponta que a premiação demonstra a valorização e o reconhecimento dos esforços que são empregados para a melhoria ou garantia da saúde da população, principalmente com relação à tuberculose. “Essa ação e esse evento são estratégicos. A tuberculose continua sendo um grave problema de saúde pública. Reforçamos o nosso compromisso de reproduzir oportunamente todas as demandas solicitadas, orientações ou outras necessidades do serviço”.  Alves reforça o trabalho conjunto com os municípios. “Deixo registrado esse agradecimento a todos que contribuíram para esse mérito, com boas práticas na rotina dos serviços que culminaram na execução dos indicadores. Ressalto que foi necessário implementar e aprimorar a forma de execução das atividades por meio do repasse de informações sobre os conteúdos abordados no Manual de Recomendação para o Controle da Tuberculose no Brasil”.

Premiados no IV Workshop para o Controle da Tuberculose - Foto: Rafael Mendes

Referência técnica de controle da tuberculose da SRS Barbacena, Ana Cristina dos Santos, foi uma das premiadas no evento. “Ganhar um prêmio é sempre gratificante e neste contexto até mais. A gente teve que se desdobrar no contexto da pandemia, que trouxe dificuldades por exemplo na busca da população aos serviços de saúde. E a sobrecarga do serviço de saúde dificulta a adesão e continuidade de tratamento, uma vez que ele é mais longo. No âmbito pessoal, tive uma grande perda, minha mãe, para a covid-19”, conta.

Outra Unidade Regional de Saúde premiada foi Uberaba. A referência técnica de tuberculose, hanseníase e vigilância do óbito da Vigilância Epidemiológica da Unidade Regional de Saúde de Uberaba, Júnia Vilela de Oliveira, destacou a relevância do reconhecimento do trabalho para a equipe. “Nós, do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da URS de Uberaba ficamos contentes com esse reconhecimento. Considerando as inúmeras dificuldades em trabalhar os demais agravos em virtude da pandemia de covid-19, tanto na esfera municipal quanto regional,  os profissionais fizeram o que estava ao seu alcance para que a tuberculose não passasse despercebida. Compartilhamos esse prêmio com os 27 municípios da macrorregião de saúde do Triângulo Sul, atores fundamentais da batalha travada na saúde por todos nós no ano de 2021”.

A Tuberculose

Em 24 de março é comemorado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, doença que permanece como um importante problema de saúde pública, com registro de casos e óbitos em todo o mundo. Minas Gerais notificou 3.487 casos da doença em 2021. Dos 853 municípios mineiros, 552 registraram pelo menos 01 caso de tuberculose. As regionais de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Montes Claros foram as que registraram maior número de casos da doença em 2021.

Trata-se de uma doença infectocontagiosa, que acomete principalmente os pulmões, mas pode atingir outras partes do corpo.  É transmitida de pessoa para pessoa pela via respiratória, quando um indivíduo com a doença tosse, espirra ou fala. Quanto maior a intensidade e a frequência da tosse, o tempo de permanência do indivíduo com tuberculose com os seus contatos (pessoas que vivem no mesmo domicílio, que trabalham ou dividem o mesmo ambiente), e quanto menor a ventilação do local, maior a probabilidade de infecção.

Qualquer pessoa pode adoecer por tuberculose, mas alguns grupos populacionais possuem um risco maior de adoecimento, como aqueles que vivem com o vírus HIV/AIDS, indígenas, diabéticos, pessoas em situação de rua, os privados de liberdade, entre outros.

Sintoma e Diagnóstico

O principal sintoma da tuberculose é a tosse, que pode vir acompanhada de febre ao final da tarde, suor noturno e emagrecimento. Recomenda-se que todo indivíduo com tosse de duração de 03 ou mais semanas seja investigado para a tuberculose. Para isso, deve-se procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima.

O diagnóstico da tuberculose é realizado pela avaliação clínica do paciente, por exames bacteriológicos (baciloscopia de escarro, cultura, teste rápido molecular) e exames complementares (raio X de tórax, entre outros). O Estado de Minas Gerais possui uma rede de laboratórios que realiza o Teste Rápido Molecular (que detecta em algumas horas a bactéria da tuberculose e a resistência à rifampicina, um dos medicamentos utilizados no tratamento básico) e outros exames para o diagnóstico e acompanhamento dos casos de tuberculose.

 

 

Por Leandro Heringer

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