Ao final da gestação, é comum você sentir a barriga endurecer várias vezes ao dia. Antes de pensar em sair para o hospital, tome um banho, repouse e veja se essas contrações continuam fortes, com duração maior que 30 segundos e regulares. Pode ser que ainda não seja o trabalho de parto, mas apenas um treinamento (contrações de treinamento).
Dias ou até semanas antes do parto, poderá sair por sua vagina um muco grosso e amarelado, como clara de ovo, com rajas de sangue, conhecido como o tampão mucoso. Este é um sinal de que o colo do útero está sendo preparado para o trabalho de parto.
O trabalho de parto acontece em fases. A primeira fase, conhecida como fase preparatória ou fase passiva do trabalho de parto, inicia-se com o aparecimento de contrações rápidas, irregulares e com pouca força, de duração incerta, podendo perdurar algumas horas, dias ou até semanas. Essa fase é necessária para a preparação do colo do útero para o parto.
A segunda fase, conhecida como fase ativa do trabalho de parto, começa com o surgimento de contrações mais dolorosas, com duração maior que 30 segundos cada, com intervalos mais regulares e menores que 5 minutos entre elas. Geralmente, a fase ativa do trabalho de parto dura 8 a 12 horas, mas pode durar menos ou mais, dependendo de cada mulher.
Sinais que indicam a necessidade de avaliação por profissional de saúde na maternidade de referência:
É importante que seja discutido no pré-natal a via de parto, para esclarecimentos e orientações. Com base nas melhores evidências científicas existentes até o momento e na ausência de indicações maternas e/ou fetais para a realização de parto cesariano, o SUS preconiza a assistência ao parto vaginal seguro, de qualidade e humanizado como orientação de rotina às gestantes.
A cesariana foi desenvolvida para preservar, em situações de risco, o bem-estar da mãe e do bebê. Entre as preocupações relacionadas a esse tipo de parto, porém, estão a possibilidade de acontecerem complicações cirúrgicas e anestésicas; a possibilidade de uma recuperação mais lenta, dificultando os cuidados com o bebê ou favorecendo a separação da mãe; aumento do risco de problemas da placenta em gestações futuras; maior permanência hospitalar, entre diversas outras.
Na hipótese de, após serem explicados os riscos e benefícios de cada tipo de parto, a mulher optar por uma cesariana nas situações de baixo risco, sem indicação clínica (chamada de cesariana a pedido materno), essa somente poderá ser realizada a partir da 39ª semana de gestação para garantir a segurança de que o bebê é maduro o suficiente para nascer. Além disso, um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que reforce as informações prestadas e que explique as vantagens e desvantagens potenciais da operação, deve ser assinado pela mulher e pela equipe médica. A cesariana a pedido materno deve ser desaconselhada para gestantes que desejem ter vários filhos.
Muito se fala sobre parto humanizado. É importante ressaltar, porém, que não se trata de uma via de parto, mas um modelo de assistência que preza por respeito, protagonismo da mulher e intervenções baseadas em evidências científicas. A Política Nacional de Humanização, publicada em 2003, traz a autonomia e protagonismo como um dos princípios do atendimento realizado no SUS.
Violência durante a Gestação/Parto
A violência durante a gestação pode acontecer de várias formas. A violência institucional ocorre quando a instituição não garante os direitos da gestante e não proporciona assistência de qualidade e respeitosa, por exemplo: não permite a presença do acompanhante (Lei Federal nº 11.108/2005); não oferta banho quente, etc. Esse tipo de violência está relacionado a estrutura física da instituição, ao não cumprimento das legislações e evidências cientificas para atenção ao parto e nascimento.
A violência obstétrica pode ser realizada por qualquer profissional de saúde ou por um familiar, ao desrespeitar e maltratar a mulher durante a gestação e o puerpério. Pode ocorrer durante a gestação, parto e pós-parto, e é o desrespeito à mulher e sua autonomia. Algumas manifestações podem ser violência física, verbal, sexual ou na realização de procedimentos desnecessários e/ou sem evidências científicas. Afeta negativamente a qualidade de vida das mulheres, ocasionando sentimento de revolta, transtornos psíquicos, dificuldades na vida sexual, medo de uma nova gestação e parto, dentre outros.
Alguns exemplos de violência obstétrica são: