Experiência
O Subsecretário de Políticas e Ações de Saúde da SES-MG, Homero Souza Filho, explica que o objetivo em trazer a equipe gaúcha foi treinar os profissionais do Centro Estadual de Atenção Especializada (Ceae) e de toda a Atenção Primária de Janaúba, de acordo com o protocolo de Santa Maria, documento com diretrizes de atendimento às vítimas da boate Kiss, que orienta sobre tratamento de vítimas de queimadura e de intoxicação por inalação de fumaça de incêndio.
Para o secretário de Estado de Saúde, Sávio Souza Cruz, a experiência trazida pela equipe é fundamental para que a SES-MG, juntamente com o município de Janaúba, dê continuidade à assistência às vítimas de Janaúba nos próximos anos.
“Depois que a SES-MG prestou os atendimentos mais complexos de urgência e emergência, transferiu os pacientes para os hospitais de referência em queimados, em Belo Horizonte e Montes Claros, tudo com o apoio do governador Fernando Pimentel, agora, é o momento de planejarmos e oferecermos assistência às vítimas e aos seus familiares para os próximos anos. A equipe que assistiu às vítimas da boate Kiss, em Santa Maria, pode nos orientar muito nesse trabalho, trazendo sua experiência”, afirmou Souza Cruz.
Nesse sentido, acrescentou a gerente de Atenção à Saúde do Hospital Universitário de Santa Maria, Sueli Guerra: "encontramos o município de Janaúba e a Secretaria de Estado de Saúde com um entrosamento muito respeitoso, muito afinado. Os questionamentos de ambos, nessa terceira fase de atendimento às vítimas referem-se à 'Como elas chegarão? Com quais necessidades? Do que precisamos para recebê-las?' É isso que estamos fazendo aqui, orientando-os nessas respostas, com base na nossa experiência na tragédia da boate Kiss."
Essa terceira fase do tratamento, o atendimento ambulatorial das vítimas, deverá focar o tratamento das queimaduras e intoxicação por inalação da fumaça do incêndio, conforme explicou Sueli Guerra.
Agilidade no atendimento
"Verificamos que a primeira abordagem, mesmo com as dificuldades restritas ao atendimento à criança, que sempre é uma área muito mais especializada, foi muito efetiva. O Sistema Único de Saúde (SUS) funcionou, deu o suporte básico e avançado necessário para que essas crianças chegassem a um local adequado para receber o tratamento intensivo. Todo o apoio do Estado foi percebido como uma resposta altamente positiva pela nossa equipe”, destacou Sueli.
“O apoio que o Estado nos deu, desde o primeiro momento, com a presença em Janaúba desde o dia da tragédia, tem sido fundamental. E, agora, a equipe de Santa Maria vem acrescentar, trazendo todo o seu conhecimento para que possamos dar os primeiros passos no tratamento dos pacientes de intoxicação por inalação de fumaça com mais segurança”, afirmou a secretária Municipal de Saúde de Janaúba, Cecília Freitas.
Articulação entre os hospitais
O Governo de Minas Gerais, por meio da SES-MG, tomou uma série de medidas para disponibilizar leitos nos hospitais estaduais para não deixar as vítimas desassistidas, de acordo com a subsecretária de Regulação em Saúde, Wandha Karine dos Santos.
“Foram disponibilizados mais leitos no hospital João XXIII, em Belo Horizonte, para receber as vítimas de queimadura e uma enfermaria para receber as crianças foi montada em poucas horas. Os pacientes infantis que já estavam no João XXIII - em situação estável e com condições de transferência -, no Centro Geral de Pediatria, foram transferidos para outros hospitais pediátricos para que o Centro recebesse exclusivamente as vítimas de Janaúba”, explicou Wandha.
O fluxo do João XXIII, ainda segundo a subsecretária, também foi desviado, para evitar a superlotação e deixar os leitos disponíveis para as vítimas da tragédia. O mesmo aconteceu com o Odilon Behrens, referência em traumas, que teve o seu fluxo alterado. Tais ações só foram possíveis graças a uma articulação entre as centrais de regulação do Estado e do município de Belo Horizonte.
Em Montes Claros, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica da Santa Casa, hospital também referência em vítimas de queimaduras, a exemplo do que aconteceu em Belo Horizonte, teve seu fluxo desviado para os demais hospitais infantis da região, a fim de disponibilizar leitos para as vítimas. "O Estado agiu muito rápido. A ação articulada das instituições envolvidas fez a diferença no atendimento às vítimas", concluiu Wandha.