O Comitê Regional de Enfrentamento das Arboviroses (Crea) da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Varginha se reuniu, no dia 22/1, para realinhar estratégias de atuação junto aos 50 municípios da área de abrangência da macrorregião de Saúde Sul.

Estiveram presentes servidores da vigilância epidemiológica, vigilância em saúde, vigilância sanitária, Atenção Primária à Saúde (APS), assistência farmacêutica, núcleo de regulação e comunicação da SRS Varginha. Foi avaliado o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) na reunião.

O boletim mostra que o município de Lambari está com alta incidência, com 62 casos prováveis de dengue e a população local corresponde a pouco mais de 20 mil habitantes. Já Varginha se encontra em média incidência, com 215 casos prováveis, sendo um município com mais de 130 mil habitantes. Os demais municípios da SRS Varginha encontram-se, até o momento, em baixa e média incidência para dengue. Na região não há, em 2024, casos confirmados de zika ou chikungunya.

23.01.2024-Varginha-Arboviroses

Estado

No cenário estadual, até 22/01, são 32.316 casos prováveis (casos notificados, exceto os descartados) de dengue. Desse total, 11.490 casos foram confirmados para a doença. Até o momento, há um óbito confirmado por dengue no estado e 14 estão em investigação.

Em relação à febre chikungunya, foram registrados 4.353 casos prováveis da doença, dos quais 3.067 foram confirmados. Até o momento, um óbito foi confirmado por chikungunya em Minas Gerais e dois estão em investigação. Quanto ao vírus zika, até o momento, foram registrados dois casos prováveis e ainda não há casos confirmados da doença. Também não há óbitos confirmados ou investigação por zika em Minas Gerais.

 

Atuação da Regional

Diante da alta incidência em Lambari, o agente de saúde pública da epidemiologia da SRS Varginha, Paulo Barbosa, permaneceu durante a última semana na localidade. Na oportunidade, ele acompanhou as ações de mobilização social e enfrentamento às arboviroses executadas pelo município.

“Nós nos reunimos com os Agentes de Combate às Endemias (ACE), agentes comunitários de saúde e com lideranças da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para reforçar orientações e definir estratégias. É papel da Regional auxiliar no planejamento estratégico, analisando os mapas gerais da cidade e auxiliar na identificação dos locais com maior infestação”, destaca Paulo Barbosa.

Durante a reunião, foi destacada a importância de um trabalho de prevenção, conscientização e combate a focos feito de forma articulada, envolvendo a atuação da saúde, obras, limpeza urbana, educação e defesa civil no município, além da conscientização e do empenho de toda a população.

“Os agentes precisam verificar e orientar aos moradores para eliminar locais de focos. O ideal é fechar as casas no início da manhã e fim de tarde para evitar a entrada do mosquito, que são os horários nos quais ele mais se movimenta. No ambiente urbano, a arquitetura de algumas casas e os materiais acumulados contribuem para a proliferação do mosquito e é papel de todos evitar essa transmissão ao máximo” alerta o Demétrio Junqueira Figueiredo, coordenador de Vigilância em Saúde da SRS Varginha. Ele destacou ainda a importância de mapear pontos estratégicos da proliferação e ter uma ação permanente nesses locais, eliminando larvas. “Os números desse ano e a preocupação com a volta da circulação do sorotipo 3, nos mostram que é preciso agir rápido para evitar casos graves, internações e óbitos preveníveis”, reforça o coordenador.

Rafael Santos, de 17 anos, morador do bairro Centenário, em Varginha, teve dengue no ano passado. Além dele, o irmão Thiago, também adoeceu na mesma época. “Precisei ir ao hospital duas vezes para hidratação e medicação. Os sintomas foram muito ruins, a gente sente muita dor, indisposição, febre e perde o apetite. Eu não imaginava que ela trazia tanto mal estar assim”, contou Rafael. Ele relatou que mais pessoas na vizinhança tiveram dengue. “Teve mais vizinhos aqui perto que também tiveram e agora, mais do que antes. A gente se preocupa sempre em não deixar focos, olhar o quintal, os terrenos aqui perto e denunciar na prefeitura, quando é preciso”, disse.

A proximidade do carnaval e a possibilidade de aumento de contaminações pela maior aglomeração de pessoas também foi debatida. O Comitê Regional de Enfrentamento das Arboviroses da SRS Varginha aprovou o uso do método Ultra Baixo Volume (UBV) veicular em Lambari. A proposta será remetida ao nível central da SES-MG.  O método UBV consiste na pulverização de inseticida pelas ruas em locais que atendem aos critérios técnicos estabelecidos na Nota Técnica Nº 1/SES/SUBVS-SVE-DVAT-CEVARB/2021, Plano Estadual de Contingência para Enfrentamento das Arboviroses 2021-2023 e às Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue.

Foram estabelecidas também datas para reuniões com coordenadores e gestores municipais de saúde para orientações e monitoramentos. Além disso, foi solicitado também o reforço aos municípios para que suas equipes assistenciais sejam capacitadas permanentemente, destacando um curso on-line e gratuito que a SES-MG está disponibilizando para atualização em manejo clínico de arboviroses, através do ambiente virtual de aprendizagem (AVA) em seu site.

 

Investimentos

Desde o ano de 2019, o Governo de Minas Gerais já destinou mais de R$200 milhões aos municípios para fortalecer as atividades de vigilância e controle das arboviroses. Além disso, tem investido no desenvolvimento de inovações para o enfrentamento a essas doenças.

Em 2023, a SES-MG investiu R$15 milhões para que os municípios contratem o serviço de drones e, em 2024, serão mais R$ 16 milhões para o uso dos equipamentos na identificação, monitoramento e tratamento dos focos e criadouros do Aedes aegypti. Até julho de 2024, serão repassados mais R$80,5 milhões, para ações de enfrentamento e mobilização.

Por Thayane Viana de Carvalho Lenzi

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