A Coordenadoria de Vigilância em Saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros concluiu nesta quinta-feira, 15, em Mirabela, a capacitação de profissionais que atuam no controle de endemias. O treinamento teve como foco a coleta de vísceras de quatro primatas encontrados mortos, sendo dois em São João do Pacuí, um em Coração de Jesus e outro em Mirabela. A iniciativa dá continuidade às ações de descentralização do Programa de Controle da Febre Amarela.

O trabalho foi conduzido pela referência técnica da SRS, Bartolomeu Teixeira Lopes, com apoio dos profissionais de saúde de São João do Pacuí: Sebastião Leandro Soares Santana; Matheus Melo e Ivanildo Oliveira de Araújo. De Mirabela participaram do treinamento dois agentes de controle de endemias e uma veterinária.

Além da coleta de amostras que serão encaminhadas para análise no laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, Bartolomeu Lopes explica que “a descentralização do Programa de Controle da Febre Amarela visa possibilitar que profissionais de controle de endemias dos municípios agilizem a investigação da circulação do vírus da doença, quando primatas são encontrados mortos nas zonas urbanas e rurais”.

Em março deste ano a SRS realizou a primeira etapa de capacitação de profissionais dos municípios de Mirabela, Coração de Jesus e São João do Pacuí. As atividades são teóricas e práticas com foco na coleta, armazenamento e transporte de vísceras para análise laboratorial.

Créditos: SRS Montes Claros

As atividades de descentralização do Programa de Controle da Febre Amarela foram iniciadas em 2022 nas microrregiões de Coração de Jesus e Salinas. As atividades envolveram referências técnicas da Superintendência Regional de Saúde, do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) e do Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte. Já na primeira quinzena de março deste ano os municípios de Bocaiúva e Guaraciama foram contemplados pelo trabalho executado pela SRS.

Entre 2021 e 2022, dados da SES-MG revelam que 20 primatas foram encontrados mortos no Estado. Desse total, 17 casos ocorreram no Norte de Minas, distribuídos da seguinte forma: Brasília de Minas (8); Icaraí de Minas (4); Ubaí e São João da Lagoa (2 casos em cada município); Coração de Jesus (1 epizootia). As três epizootias restantes ocorreram em Belo Horizonte, Curvelo e Itapagipe.

Vacinação

A coordenadora de vigilância em saúde da SRS, Agna Soares da Silva Menezes observa que além da descentralização do Programa de Controle da Febre Amarela a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES–MG) tem reforçado junto aos municípios a importância do aumento das coberturas vacinais contra a doença. “Em caso de surto como o ocorrido entre 2016/2017, a vacina é o meio mais eficaz de proteção das pessoas”, observa a coordenadora.

As recomendações de vacinação contra a febre amarela são as seguintes: criança com nove meses de vida, uma dose; crianças com quatro anos de idade, uma dose de reforço; pessoas entre 5 a 59 anos de idade, não vacinadas ou sem comprovante de vacinação, uma dose. A pessoa que recebeu uma dose da vacina antes de completar cinco anos de idade está indicada a tomar uma dose de reforço, independente da faixa etária.

Entre 1989 e 2023 foram notificados 1.116 casos de febre amarela em Minas Gerais. Desse total, 384 pessoas morreram por causa da doença. O período em que o Estado registrou maior número de casos notificados e óbitos por febre amarela aconteceu entre 2016 e 2018. Ao todo foram registrados 1.006 casos da doença e 340 pessoas morreram.

A doença

A febre amarela é uma doença febril aguda, de evolução rápida e de gravidade variável. Possui elevada letalidade nas suas formas mais graves. É transmitida por mosquitos e pernilongos infectados e não há transmissão de uma pessoa para outra.

É uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, todo caso suspeito tanto morte de macacos, quanto casos humanos com sintomas compatíveis, devem ser prontamente comunicados pelos gestores de saúde dos municípios em até 24 horas após a suspeita inicial. Em seguida, os serviços estaduais de saúde devem notificar ao Ministério da Saúde os eventos de febre amarela suspeitos.

No ciclo silvestre os macacos são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus. Já no ciclo urbano o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica. A transmissão da febre amarela ocorre a partir de vetores infectados, entre eles o mosquito Aedes aegypti, também transmissor da dengue, Febre Chikungunya e do Zika vírus.

Por Pedro Ricardo

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