Na última Terça-feira (03/9), foi realizado em Araçuaí, Vale do Jequitinhonha, o I Encontro sobre Violência Autoprovocada e Interpessoal em Rede, organizado pela Secretaria Municipal de Saúde / Vigilância Epidemiológica, e contou com a participação do palestrante da Superintendência Regional de Saúde de Diamantina, Cláudio Luiz Ferreira Júnior, referência técnica em violência da macrorregional.
Um dos focos do evento foi a abordagem da obrigatoriedade da notificação, por parte de todos os profissionais em rede, incluindo o setor da educação, para que o município possa estratificar e coletar melhores informações acerca desse agravo. Promovendo dessa forma, acolhimento oportuno às vítimas. Tais dados deverão ser inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
As notificações podem ser classificadas como violência doméstica/intrafamiliar, sexual, autoprovocada, tráfico de pessoas, trabalho escravo, trabalho infantil, tortura, intervenção legal, violência homofóbica contra homens e mulheres de todas as idades. É responsabilidade de todos os integrantes da rede notificar e realizar o devido encaminhamento e seguimento da vítima.
Segundo a coordenadora do serviço da vigilância epidemiológica do município de Araçuaí, um dos pilares para o fortalecimento dessa ação será o plano municipal de abordagem às vítimas. “Esse plano vai vincular a rede municipal por meio de fluxograma e ações direcionadas a cada atendimento, para todos os gêneros (mulher, idoso, público LGBT e crianças). Ressalto que esse agravo já e de notificação compulsória sendo, nesse momento, trazido para discussão com maior sensibilidade e empatia ”, explicou Maria Neide Leal.
Outro ponto tratado foram as estratégias para criação e fortalecimento de uma rede de atendimento às vítimas de violência. Na ocasião, foi discutido a interação entre unidades de saúde, unidades de ensino (escolas, faculdades e outros), delegacias, conselho tutelar, Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), atenção básica, hospital São Vicente de Paulo e outros locais estratégicos que podem ser a porta de entrada das vítimas.
De acordo com Cláudio Ferreira, foi proposto ao final do evento a criação de um manual municipal para atendimento às vítimas. “É extremamente importante a criação desse manual, bem como a criação de uma comissão intersetorial com os vários pontos da rede para discussão mensal de casos e acompanhamento dos encaminhamentos dados às vítimas, após o atendimento, seja pela unidade de saúde ou por outras unidades notificadoras” ressaltou o representante da Regional de Saúde de Diamantina.