A Regional de Pedra Azul realizou nesta terça-feira, dia 12/02, uma reunião que teve como objetivo implantar o Colegiado Gestor Regional de Saúde Mental, visando o fortalecimento da Rede e maior interação entre os seus membros/referências. Participaram do encontro, representantes dos núcleos de Atenção Primária (Napris), Redes de Atenção à Saúde (NRAS), Vigilância em Saúde e Regulação da Regional de Pedra Azul; além de representantes do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems), da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (SEDESE), e referências técnicas em Saúde Mental municipal e regional, coordenadores do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e representantes dos hospitais.
A referência técnica de Saúde Mental do NRAS da Regional de Pedra Azul, Veruska Sousa, abriu espaço para um debate sobre a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), apresentou uma atualização do plano de ação da RAPS 2019-2020 e do Regimento Interno do Colegiado Gestor Regional de Saúde Mental, para que fosse avaliado e aprovado por seus membros. “A Rede de Atenção Psicossocial é um conjunto de diferentes serviços disponíveis nas cidades e comunidades, que articulados formam uma rede devendo ser capaz de cuidar das pessoas com transtornos mentais e com problemas em decorrência do uso de drogas, bem como a seus familiares, nas suas diferentes necessidades”, explicou.
A RAPS é composta pela Atenção Primária (Unidade Básica de Saúde e Equipes de Saúde da Família, Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) e consultório de rua), Atenção Especializada (Caps I, II, III, i e Ad), Atenção Hospitalar (leitos de saúde mental em hospital geral), Atenção Residencial de Caráter Transitório (Unidade de Acolhimento para Adultos (UAA) e Unidade de Acolhimento Infanto Juvenil (UA i)), Urgência e Emergência (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Pronto Socorro (PS) e Sala de Estabilização), desinstitucionalização e reabilitação.
A Regional de Pedra Azul conta, atualmente, com 11 CAPS do tipo I (que são aqueles que apoiam uma a duas equipes da Estratégia de Saúde da Família), dois CAPS i (que fazem o acolhimento e cuidado as crianças e adolescentes com transtornos mentais e/ou com problemas em decorrência do uso de álcool e outras drogas e seus familiares), dois CAPS AD (acolhimento e cuidado as pessoas com problemas em decorrência do uso de álcool e outras drogas e seus familiares) e quatro municípios com leitos de saúde mental (Almenara, Itaobim, Jequitinhonha e Joaíma). “Os leitos são serviços hospitalares de retaguarda para os Centros de Atenção Psicossocial com vistas a cuidar de pessoas com transtornos mentais ou com problemas em decorrência do uso de drogas, em situações clinicas que necessitem da tecnologia hospitalar”, esclareceu Veruska.
Em um dos momentos mais emocionantes do encontro, o paciente do CAPS AD do município de Pedra Azul, Valdete Amaral, de 66 anos, relatou que era um andarilho, viciado em álcool e que era vítima de trabalho escravo na BR 116 no trecho entre Pedra Azul e Medina. “Eu dormia nas barracas de queijo, de favor. Trabalhava, lá, mas não recebia dinheiro. Eles me pagavam com cachaça”, relatou o senhor Valdete. A enfermeira e coordenadora do Caps AD de Pedra Azul, Iane Ferraz, contou que a equipe do Caps AD encontrou o senhor Valdete em condições de saúde deploráveis, com barba e unhas enormes. “Logo que tomamos conhecimento da situação do senhor Valdete, buscamos contato com ele e iniciamos um trabalho de aproximação com sua família. O irmão dele aceitou acolher o senhor Valdete, e com isso, conseguimos tira-lo da rua. Outra ação que realizamos foi o acompanhamento diário da sua saúde. Há três anos que o senhor Valdete está conosco, sendo atendido por uma equipe de psiquiatra, psicólogo e de enfermagem, que com conversa, orientações, e via medicamentos, o ajudam a superar o vício que tinha em álcool”, relatou Iane.
A coordenadora do NRAS da Regional de Pedra Azul, Michele Ferraz, destacou que a proposta da Rede de Saúde Mental é atuar de forma humanizada, respeitando as individualidades. “Não se trata apenas de cuidar do portador de sofrimento mental, mas também avaliar a sua situação social e familiar, proporcionando a sua autonomia para que este possa se integrar na sociedade, alcançando sua cidadania”, defendeu.