A Gerência Regional de Saúde (GRS) de Januária, no último dia 4 de abril de 2024, realizou encontro dos diversos serviços de saúde da Atenção Primária e Secundária, envolvendo coordenadores e profissionais da assistência de Atenção Primária à Saúde (APS), equipes e-multi da APS, Centro de Atenção Psicossocial (Caps), Centro Estadual de Atenção Especializada (CEAE), Centro Especializado em Reabilitação (CER) e leitos de saúde mental em um processo de construção e reflexão coletiva sobre a temática do Projeto Terapêutico Singular (PTS). 

O encontro foi organizado pela Coordenação de Atenção à Saúde (CAS) da GRS de Januária, utilizando metodologias ativas, com várias atividades visando a desconstrução, reflexão e construção de conceitos e perspectivas para que o Projeto Terapêutico Singular seja uma ferramenta de cuidado compartilhado entre pontos de atenção para o objetivo comum, que é o usuário.

09.04.2024 - Januária - PTS 2

Segundo Gustavo Nunes de Oliveira (2008), “Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um movimento de co-produção e de co-gestão do processo terapêutico de indivíduos ou coletivos, em situação de vulnerabilidade”. 

Dentre as reflexões elucidadas, destacou-se a questão de quem e para quem é o PTS, entendendo que o usuário é o protagonista do projeto e os coadjuvantes são os profissionais que integram e, conjuntamente, o planejam junto ao usuário. “Os profissionais ajudam o indivíduo em um plano de vida para enfrentar situações que, naquele momento, ele ainda não consegue planejar sozinho”, explica Nayra de Oliveira Duarte, coordenadora de Atenção à Saúde e facilitadora do encontro.

Dentre os participantes, replicamos as falas destes sobre o evento enfatizando o olhar de cada ponto de atenção dentro das Redes de Atenção à Saúde.

Mirelle Pedreira, gerente de Saúde do CER II, ressaltou que o Projeto Terapêutico Singular na reabilitação/habilitação prevê uma abordagem multiprofissional e interdisciplinar dos profissionais de saúde e o envolvimento direto da pessoa com deficiência, familiares e atendentes pessoais nos processos de cuidado. “Estes encontros com toda rede de saúde são importantíssimos para discutirmos as estratégias de ações para reabilitação, sendo estas estabelecidas a partir das necessidades singulares de cada indivíduo, considerando o impacto da deficiência sobre sua funcionalidade, bem como fatores emocionais, ambientais, comunicacionais, sociais e o desempenho ocupacional”, disse.

Luarah Macedo, referência técnica da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD) de Bonito de Minas, enfatizou que o PTS é um dispositivo de Integração e organização de equipes de Profissionais de Saúde, não se limitando ao momento de crise, mas visando a continuidade da vida do usuário, favorecendo o processo de proximidade entre equipe, usuário e família. A singularidade é a razão de ser do PTS e favorece a capacidade de pensar e de criar novas realidades para o sujeito. ⁠A Rede de Saúde tem necessidade de identificar um profissional de referência para ficar na gestão dessa clínica, tanto para articular quanto acompanhar os desdobramentos do processo. 

Graziela Seixas, gerente do Centro Estadual de Atenção Especializada  de Januária, destacou que “o encontro foi um momento muito importante para possibilitar mais informações sobre o PTS e compreensão de que é necessário se desvincular de métodos padronizados e focar na singularidade do indivíduo para construir com ele um cuidado realmente possível”.

A fisioterapeuta do Serviço Municipal de Fisioterapia, Juliana Santos,ressaltou que o Projeto Terapêutico Singular sempre tem que visar o outro e não os profissionais. “Temos que levar em consideração que, enquanto profissional da saúde, temos conhecimentos técnicos e o indivíduo tem o conhecimento da vida dele. Por isso devemos apoiar, acolher, respeitar e entender a vida deste usuário”. Juliana Santos observa que, somente a partir deste momento em que se conhece de fato o usuário, é possível elaborar estratégias, proporcionando condições para que o indivíduo tenha o máximo de independência possível, se reconheça como ser humano e busque se desenvolver de forma digna no seu PTS.

Dimas Sales, diretor executivo da Fundação Hospitalar de Amparo ao Homem do Campo (FHAHC) e ex-supervisor clínico de Saúde Mental da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) de Manga, destaca que o Projeto Terapêutico Singular precisa começar quando a oferta do cuidado é demandada pelo paciente, isto no local de primeiro acesso do usuário aos serviços de saúde. Sua finalidade tem a ver com a produção de vida e saúde. “Tal perspectiva da equipe de referência dos leitos de Saúde Mental da FHAHC e demais serviços da Raps, em Manga - nas pessoas de seus representantes no último colegiado de saúde mental -, se viu fortalecida e contemplada com um dia de muito aprendizado e compartilhamento de conhecimentos”.

Complementando sobre o encontro, Dimas Sales disse que a experiência apontou didaticamente inclusive sobre como uma rede de atenção psicossocial precisa funcionar compartilhando o cuidado e trocando experiências. Segundo o diretor executivo, “para além da proposta, ao discutir PTS, o último colegiado conseguiu mostrar que, sem estrelismos individuais, uma rede de cuidados em saúde mental tem tudo para dar certo quando, de fato, o centro do cuidado é o paciente. É com este sujeito e a partir dele que se caminha e se constrói o cuidado”.

Por Gerência Regional de Saúde de Januária / Foto: Dimas Sales - diretor executivo da FHAHC

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