A Gerência Regional de Saúde (GRS) de Itabira, com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de São Domingos do Prata, realizou, nos dias 23 e 24/4, mais uma etapa do treinamento de campo para ações de busca ativa de vetores da doença de Chagas. A capacitação foi direcionada aos técnicos de Vigilância Epidemiológica, de Zoonoses e Agentes de Combates a Endemias (ACE) dos 27 municípios que compõem as microrregiões de saúde de Guanhães, Itabira e João Monlevade.

O treinamento, que teve início na semana passada, foi realizado no município de São Domingos do Prata, sendo ministrado por Nelson Mendes Gomes, referência técnica do Ministro da Saúde em Zoonoses e Ações de Campo. “Durante o treinamento das ações de campo, foram apresentadas as técnicas e cuidados necessários para a realização da varredura (intra e peridomiciliar), localização do vetor, os cuidados necessários para captura, armazenamento e as normas e técnicas para aplicação residual”, explicou Nelson Gomes.

Equipe técnica de Vigilância Epidemiológica e de Zoonoses das microrregiões de Saúde de Guanhães, Itabira e João Monlevade

De acordo com Marcelo Barbosa Motta, coordenador da Vigilância em Saúde da GRS Itabira e responsável pela coordenação da capacitação, explicou que o treinamento foi dividido entre as três microrregiões de saúde da GRS Itabira. Nos dias 16 e 17/4, foram convidados os 14 municípios pertencentes às microrregiões de Guanhães e João Monlevade. E, nos dias 23 e 24/4, os 13 municípios que fazem parte da microrregião de saúde de Itabira.

O coordenador reforçou ainda que a capacitação buscou dar condições para que os agentes de saúde locais possam detectar a presença de triatomíneos (barbeiros) nas localidades rurais e assim desencadear as ações pertinentes junto à comunidade, assim como atualização de croquis para reconhecimento geográfico, qualificando o serviço no âmbito regional. “Para ser efetiva a vigilância da doença de Chagas, é preciso que sejam realizadas as ações de campo. Para isso, é necessário expertise e conhecimento técnico por parte dos profissionais que estão na ponta”, disse Marcelo Motta.

Ainda de acordo com o coordenador da Vigilância em Saúde, é durante as ações de campo que se trabalha a educação permanente junto à população, apresentando as formas de prevenção e transmissão da doença. Marcelo Motta complementa que “também são aplicadas as ações e normas técnicas de controle de vetores, o que torna o trabalho muito eficiente na prevenção da doença”.

Treinamento de campo sobre doença de Chagas

Sintomas da doença de Chagas
A doença de Chagas pode apresentar sintomas distintos nas duas fases que se apresentam, que são a aguda e a crônica. Na fase aguda, os principais sintomas são: febre prolongada (mais de sete dias); dor de cabeça; fraqueza intensa; inchaço no rosto e pernas. No caso de picada do barbeiro, pode aparecer uma lesão semelhante a um furúnculo no local

Transmissão
Vetorial: contato com fezes de triatomíneos (insetos que se alimentam de sangue, conhecidos popularmente como barbeiros), infectados após o repasto/alimentação sanguínea. A transmissão vetorial do parasito só acontece se o triatomíneo estiver infectado. Diversas espécies de mamíferos (silvestres e domésticos) podem ser reservatórios e infectar os barbeiros (tatus, gambás, quatis, cão, gato, rato etc).

Oral: ingestão de alimentos contaminados com parasitos provenientes de triatomíneos infectados ou suas excretas.

Vertical: ocorre pela passagem de parasitos de mulheres infectadas por Trypanosoma cruzi para seus bebês durante a gravidez ou o parto. Transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados a receptores sadios.

Acidental: pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado durante manipulação em laboratório ou na manipulação de caça.

José Mauro, referência técnica em zoonoses do município de São Domingos do Prata.

Diagnóstico
Na fase aguda da doença de Chagas, o diagnóstico se baseia na presença de sinais e sintomas sugestivos da doença e na presença de fatores epidemiológicos compatíveis, como a ocorrência de surtos. Já na fase crônica, a suspeita diagnóstica também é baseada nos achados clínicos e na história epidemiológica, porém como parte dos casos não apresenta sintomas, devem ser considerados os contextos de risco e vulnerabilidade.

Tratamento
O tratamento da doença de Chagas deve ser indicado por um médico, após a confirmação da doença. O remédio, chamado benznidazol, é fornecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde (MS), mediante solicitação das secretarias estaduais de saúde e deve ser utilizado em pessoas que tenham a doença aguda assim que ela for diagnosticada. Para as pessoas na fase crônica, a indicação deste medicamento depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso.

Prevenção
A prevenção da doença de Chagas está intimamente relacionada à forma de transmissão e uma das formas de controle é evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro das residências, por meio da utilização de inseticidas residuais por equipe técnica habilitada.

Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros ou telas metálicas. Também recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelentes, roupas de mangas longas, entre outros) durante a realização de atividades noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata.

Por Flávio A. R. Samuel / Fotos: Marcelo Barbosa Motta e Secretaria Municipal de Saúde de São Domingos do Prata

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