Com o objetivo de valorizar e assegurar a inclusão dos movimentos da sociedade civil na formulação da Política Estadual de Saúde Integral LGBT, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) promoveu nesta quarta-feira (16/12) a Plenária Estadual de Entidades e Movimentos Sociais LGBT. O objetivo do encontro foi apresentar e aprovar junto aos movimentos sociais a proposta de composição do Comitê Técnico de Saúde Integral LGBT de Minas Gerais, além de eleger os membros desses movimentos que constituirão o grupo de trabalho. 

A mesa de abertura contou com a participação de representantes das entidades que militam em prol dos direitos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis, além de mulheres e homens transexuais. Ao lado deles, a Superintendente de Atenção Primária à Saúde da SES-MG, Maria Aparecida Turci, o coordenador especial de Políticas de Diversidade Sexual da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania de Minas Gerais (SEDPAC-MG), Douglas Miranda e a deputada estadual Marília Campos. 

Crédito: Osvaldo Afonso

A Plenária abriu espaço para uma mesa de debates sobre saúde integral LGBT. A professora de saúde coletiva Flávia Teixeira apresentou o trabalho desenvolvido pelo Laboratório Trans da Universidade Federal de Uberlândia, e os participantes presentes também puderam conhecer a experiência de sucesso da Coordenação de Saúde Integral da População LGBT de Pernambuco, através do ativista Jair Brandão, um de seus membros. 

Ao apresentar a proposta de composição do Comitê em Minas Gerais, a superintendente Maria Turci lembrou a iniciativa inédita e pioneira no estado de criação do Comitê para a formulação de uma política estadual de saúde voltada à população LGBT. “Nós sabemos que vamos precisar dos movimentos sociais para nos dizer qual o melhor caminho a seguir. A ideia é que esse Comitê seja abrangente para que a gente consiga construir uma política forte, que contribua também para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, sobretudo em um momento tão delicado para o SUS”, disse Maria Turci. 

Presente na Plenária, a presidente do Cellos MG, o Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais, e representante mineira da ANTRA (Associação Nacional das Travestis e Transexuais), Anyky Lima disse lamentar que a iniciativa de formação desse Comitê tenha demorado tanto a ocorrer. “Muitos Lgbts já morreram ou sofreram por falta de assistência médica, sobretudo as travestis e transexuais, que têm ainda menor acesso à saúde. Mas como tudo tem que ter um começo, eu acho essa uma boa iniciativa, porque a saúde é um direito de todas as cidadãs e cidadãos, e nós também fazemos parte da sociedade”. 

Crédito: Osvaldo Afonso

Anyky disse, ainda, que o fim do preconceito é uma das principais demandas de saúde de travestis e transexuais. “Nós travestis e transexuais precisamos de um aparato completo da saúde, de todo tipo de atenção, e infelizmente ainda existe aquele estigma do HIV/Aids. Não somos grupo de risco, todo tipo de pessoa hoje pode ter comportamento de risco para a doença. A sociedade tem que entender que nós sentimos todo tipo de doença; a gente pode ter câncer, a gente pode ter dor de dente, dor de barriga, dor de cabeça, não é só HIV. A gente precisa mostrar para as pessoas que travestis e transexuais não ‘são Aids”, somos ‘saúde’, como qualquer pessoa”, ressaltou Anyky. 

Após leitura e aprovação do regimento da Plenária, os participantes presentes formaram grupos de trabalho a fim de discutirem sobre as dificuldades de acesso da população LGBT aos serviços de saúde e o que cada segmento espera do seu representante dentro do Comitê. Dessa forma, todas as propostas levantadas pelos segmentos serão discutidas e analisadas pelo Comitê Técnico de Saúde Integral LGBT de Minas Gerais.

 

Por Pollyana Teixeira

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