Exame que será realizado pela Funed vai subsidiar trabalho realizado pela Vigilância Sanitária

Fundação Ezequiel Dias (Funed) passará a adotar ainda neste primeiro semestre uma nova metodologia para identificação de micotoxinas (toxinas produzidas por fungos) em alimentos. Em um único processo de análise, será possível monitorar a ocorrência de várias micotoxinas e em menor tempo. A metodologia foi desenvolvida pelo analista e pesquisador de saúde e tecnologia da Funed, Fabiano Narciso Paschoal, durante curso de mestrado e aguarda apenas finalização de obras no laboratório para ser implementada e ofertada no sistema público de saúde do Estado.

A contaminação de alimentos por micotoxinas é um tópico importante em segurança alimentar. Desde o ano 2000, a Funed participa do Programa Estadual de Monitoramento da Qualidade de Alimentos (PROGVISA) e, por isso, recebe, analisa e emite laudos técnicos sobre a incidência ou não dessas toxinas nos alimentos. De acordo com a conclusão dos testes, a Vigilância Sanitária proíbe ou não o comércio do produto. “O trabalho realizado pela Funed é importante para proteger a saúde da população, apontando amostras contaminadas, que são retiradas do mercado pela vigilância sanitária” destaca o presidente da Funed, Renato Fraga.

Somente em 2014 foram 263 amostras analisadas. Dessas, 20% apresentaram contaminação e três produtos foram condenados por apresentarem quantidade de toxina superior ao que recomenda a legislação RDC 07/2011 da ANVISA (norma que limita quantidade máxima tolerada para micotoxinas em alimento).

Fabiano Narciso Paschoal disse que o estudo para desenvolvimento da nova metodologia teve como base o fubá. A escolha se deu, de acordo com ele, devido ao fato de o milho e seus derivados apresentarem as maiores taxas e variedades de contaminação. Se comparar o milho com o amendoim, por exemplo, o primeiro apresenta frequentemente contaminação por fumonisinas (B1 e B2), Aflatoxinas (B1 B2 G1 e G2) e zearalenona. Já o segundo, tem histórico de contaminação, apenas, com aflatoxinas (B1, B2, G1 e G2).

O método

Durante dois anos, Fabiano desenvolveu o seu trabalho com base em um método que é capaz de monitorar a ocorrência de várias micotoxinas por análise, ou seja, permite a ampliação dos escopos analíticos, associada à redução de tempo, materiais, solventes e geração de resíduos.

O método é a Cromatografia Líquida de Ultra Performance Acoplada à Expectrometria de Massas Sequencial (UPLC-MS/MS). Segundo Fabiano Narciso Paschoal, a principal diferença em relação ao método atualmente utilizado é o aumento de sensibilidade e seletividade durante a análise. “A utilização desse método trará um impacto positivo para a Funed e para o programa de monitoramento de alimentos, pois reduz custos e é mais ágil, se comparado aos métodos que já são empregados”, reitera Paschoal.

Com a implementação da nova metodologia, a Fundação Ezequiel Dias será o único Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN) a empregar o método. O projeto de desenvolvimento da metodologia foi executado no curso de mestrado de Fabiano, na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob orientação de Scheilla Vitorino Carvalho de Souza.

A responsável-técnico pelo laboratório de micotoxinas da Funed, Marize Oliveira, relata que a Fundação busca sempre implantar as técnicas de excelência e capacitar recursos humanos para o cumprimento da resolução de limites máximos de micotoxinas permitidos no Brasil. Ela informa ainda que encaminham dados de micotoxinas para a Comissão do Codex Alimentarius, que executa o programa Conjunto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e à Agricultura sobre Normas Alimentares – cujo objetivo é proteger a saúde dos consumidores e garantir práticas equitativas no comércio de alimentos. “Como laboratório de referência nacional em micotoxinas, estamos preparados para contribuir com a vigilância sanitária do Estado de Minas Gerais e do Brasil por meio da ANVISA”, finaliza.

A Funed já adquiriu o equipamento necessário para utilização nas análises de micotoxinas em alimentos e aguarda apenas a finalização da reforma do laboratório para implementação. 

Por Agência Minas

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