A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) promove, de terça a quinta-feira (30, 31/1 e 1/2), a qualificação de profissionais de saúde e gestores da Macrorregião Centro no manejo clínico das arboviroses. O objetivo é alertar sobre o cenário epidemiológico da dengue, chikungunya e zika e qualificar o atendimento dos pacientes evitando casos graves e óbitos. Além disso, a programação aborda os Plano Municipais de Contingência e a importância dos exames laboratoriais para subsidiar o diagnóstico e das notificações dos casos suspeitos.

Crédito: Juliana Teixeira

De acordo com o subsecretário de Vigilância em Saúde, Eduardo Prosdocimi, já no final de 2023, Minas estava com alto número de notificações e uma curva epidemiológica preocupante, muito acima do esperado. Em janeiro de 2024, o número de casos aumentou expressivamente.

“As notificações de arboviroses no estado aumentaram de forma bastante significativa nas últimas semanas e por isso, intensificamos a atuação nos territórios, auxiliando os municípios em diversas frentes, da prevenção ao manejo clínico dos pacientes com sintomas de dengue e chikungunya, principalmente”, explica.

“Nós da Secretaria Estadual de Saúde também estamos atuando localmente nas regiões para ampliar essa orientação e acompanhamento. Precisamos prestar uma assistência oportuna e eficiente porque um paciente com arbovirose, se tratado de forma adequada e em tempo hábil, não evolui para óbito”, declara o subsecretário.

Na abertura do primeiro dia da programação, Prosdocimi alertou os gestores sobre a necessidade de, diante da situação epidemiológica preocupante, efetivar o plano de contingência nos territórios. “Precisamos ser muito resilientes porque as arboviroses demandam muito empenho de toda a equipe de saúde, desde gestores às equipes de epidemiologia e de assistência”, ressaltou.

Camila Ribeiro, epidemiologista da Coordenação Nacional de Arboviroses do Ministério da Saúde, afirmou que o cenário tanto no país quanto em Minas Gerais é desafiador. E, neste contexto, o atendimento e manejo clínico adequados, integrados aos dados epidemiológicos corretos, é a estratégia mais eficaz.

“As análises do cenário mostram que é o momento ideal para capacitar os profissionais. Por isso, essa ação do estado é muito importante. É necessário fortalecer a integração entre epidemiologia e assistência, para diminuir casos graves e óbitos”, reiterou.

Cenário epidemiológico 

A Coordenadora Estadual de Vigilância das Arboviroses e Controle Vetorial, Danielle Capistrano, ressaltou que o cenário epidemiológico das arboviroses no estado exige o envolvimento de todos os profissionais de saúde que atuam na rede e também dos cidadãos.

Minas Gerais registrou 64.724 casos prováveis de dengue até o dia 29/1. Desse total, 23.389 casos foram confirmados para a doença. Até o momento, há um óbito confirmado por dengue no estado e 35 estão em investigação.

Em relação à febre chikungunya, foram registrados 8.682 casos prováveis da doença, dos quais 6.206 foram confirmados. Até o momento, um óbito foi confirmado por chikungunya em Minas Gerais e dois estão em investigação.

Quanto ao vírus zika, até o momento, foram registrados oito casos prováveis e um foi confirmado. Não há óbitos em investigação por zika em Minas Gerais.

“Temos muito trabalho a fazer para enfrentar o cenário epidêmico neste momento no estado e, especificamente, na região central. Atualmente, cerca de 34% dos casos são concentrados na macro Centro. Por isso, começamos a capacitação por aqui, para organizar rapidamente a assistência na região”, afirmou Capistrano.

Atuação clínica

Maurício Leão de Rezende, médico do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs-Minas), falou sobre o acolhimento inicial e a classificação de risco do paciente com suspeita de arbovirose.

“Para evitar a sobrecarga da rede assistencial, sobretudo casos graves e mortes, o acolhimento ao paciente é o principal passo. As unidades de saúde devem estar de portas abertas para o atendimento, tendo como prioridade atender os casos e, diante da necessidade, abrir salas para hidratação”, explicou ele.

A pediatra Daniela Caldas, também do Ciev-Minas, abordou o manejo clínico dos pacientes, alertando para a importância da hidratação e da investigação laboratorial. “Não podemos esperar que o paciente apresente sinais de alarme A hidratação deve começar imediatamente”, reiterou Caldas.  

Notificações

A coordenadora Danielle Capistrano também alertou os profissionais sobre a importância das notificações dos casos para mensurar o cenário e subsidiar a tomada de decisão dos gestores municipais e estaduais.  

“As notificações fornecem informações adequadas que permitem perceber quais as regiões estão precisando de mais recursos, de uma atuação mais efetiva do estado. Permite também definir prioridades da assistência e da atuação dos agentes de endemias. Com os dados em mãos, podemos, por exemplo, tomar medidas como deslocamento de equipes, ações de controle dos vetores, entre outras ações”, pontuou.

Os dados de incidência de dengue, zika e chikungunya em Minas Gerais estão disponíveis para consulta tanto dos gestores como dos cidadãos no Painel Arboviroses – Vigilância Epidemiológica: www.saude.mg.gov.br/aedes/painel.

Nele, é possível filtrar o número de casos por ano, semana epidemiológica, Macrorregião de Saúde, Microrregião de Saúde, Unidade Regional de Saúde e município. Durante o período sazonal, o painel é atualizado às segundas e quintas-feiras.

Programação

Nos dias 30 e 31/1, o evento será voltado para médicos e enfermeiros que atuam nos municípios da Macrorregião de Saúde Centro adscritos às Unidades Regionais de Saúde de Belo Horizonte, Sete Lagoas e Itabira. O objetivo é capacitar os profissionais sobre o manejo clínico de pacientes.

Ainda no primeiro dia, a médica da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), Thaysa Drummond Martins, ministra palestra sobre os desafios para a organização dos serviços de saúde para atender as pessoas que procuram as unidades de saúde e as garantias do cuidado. 

Na quarta-feira, 31/1, Rivaldo Venâncio da Cunha, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/MS) apresenta aos participantes a importância do diagnóstico e o acompanhamento laboratorial das arboviroses para evitar casos graves e óbitos. Ele também vai abordar o manejo clínico da chikungunya e da febre amarela. 

Já no dia 1/02, a programação será voltada aos gestores, secretários de saúde, profissionais da vigilância em saúde, comunicação e assistência (médicos e enfermeiros) da mesma macrorregião. Neste dia, a capacitação visa orientar os profissionais a respeito de como operacionalizar os Planos Municipais de Contingência.

 

Por Jornalismo SES-MG

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