Investimento nas ações de educação em saúde da população, com foco na adoção de medidas de prevenção, entre elas, a adoção de hábitos saudáveis de vida foram alguns dos temas abordados no webnário “Outubro Rosa – Aspectos relacionados ao câncer de mama e ao câncer do colo de útero que todo profissional de saúde deve saber”, realizado nesta quinta-feira, 26 de outubro, pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros. O evento contou com a participação de profissionais que atuam em serviços de Atenção Primária em Saúde (APS) de 54 municípios que integram a área de atuação da regional. A APS é a principal porta de entrada da população nos serviços mantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  

A referência técnica em atenção à saúde da mulher e da criança na SRS Montes Claros, Ludmila Gonçalves Barbosa destaca que, “por mais que todos os anos durante o Outubro Rosa o câncer de mama e de colo de útero seja um assunto muito abordado nos serviços de saúde e perante a população, a atualização dos profissionais que atuam nos serviços de atenção primária se faz necessária a fim de que as ações voltadas para o diagnóstico precoce e o tratamento das mulheres acometidas por tais agravos seja viabilizado em tempo oportuno possibilitando, com isso, a redução da mortalidade”.

Ao falar sobre “Câncer de Mama: o que todo profissional de saúde deve saber”, a médica mastologista da Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica da SRS Montes Claros, Carolina Lamac Figueiredo, reforçou que, desde 2021, o câncer de mama é um problema de saúde pública. Isso porque, é o agravo maior causador de óbitos no mundo, tendo causado 18.139 mortes no Brasil em 2021. 

26.10.2023.Montes-Claros-Outubro-Rosa

“Entre outros tipos de agravos, o câncer de mama chega a uma taxa de 11,7% casos novos por ano, correspondendo a 2,3 milhões em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é de que entre 2023 e 2025 sejam diagnosticados 73.610 novos casos de câncer de mama por ano”, alertou a médica.

Entre os principais fatores de risco da doença estão: a mulher não ter filhos ou a primeira gestação ocorrer após os 30 anos de idade; não amamentar; uso de hormônios; consumo abusivo de álcool; obesidade; sedentarismo; má alimentação e estresse.

“Trinta por cento dos casos de câncer de mama podem ser evitados pelas mulheres com a adoção de hábitos de vida saudáveis. Além disso, a realização de exames de mamografia diagnóstica a partir dos 40 anos de vida é importante, a fim de detectar a existência de lesões antes que elas se tornem palpáveis. A maioria dos casos ocorre entre os 40 e 50 anos de idade. Quando descoberto de forma precoce, o câncer de mama tem 95% de cura”, pontuou a médica.

Para o diagnóstico precoce do câncer de mama, a médica destacou a importância dos serviços de saúde investirem no diagnóstico da doença por meio do exame de mamografia. “O ideal é que 70% das mulheres sejam submetidas ao exame anualmente, porém, em Minas Gerais, esse percentual está abaixo de 25%. Com isso, o diagnóstico em estágio avançado ocasiona tratamentos mais agressivos, pior prognóstico e aumento da mortalidade”, ressaltou Carolina Lamac. 

 

Câncer de colo de útero

   Ainda durante o webnário, o médico ginecologista e obstetra da SRS Montes Claros, Raimundo Nonato Lopes. falou sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de colo de útero. Destacou que, “assim como o câncer de mama, o câncer de colo de útero também merece atenção especial por parte das mulheres e dos profissionais de saúde pelo fato de apresentar uma taxa de incidência alta. Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), para este, ano são esperados 1.670 novos casos em Minas Gerais, alcançando taxa bruta de 15,17 casos por 100 mil mulheres”, frisou o médico.

No caso específico do Norte de Minas, entre 2021 e 15 de outubro deste an,o Raimundo Nonato observou que foram diagnosticados 285 casos de câncer de colo de útero. Por outro lado, no período de 2020 a 2022, ocorreram 101 óbitos causados pela doença. 

Assim como no câncer de mama, o médico destaca que o investimento dos municípios em ações de educação em saúde é fator de fundamental importância para reforçar as ações de prevenção. Isso porque, “entre os fatores de risco para a evolução do câncer de colo de útero está o início precoce da atividade sexual; múltiplos parceiros sexuais; uso prolongado de contraceptivos orais; tabagismo; infecção pelos vírus HIV e HPV”. 

Diante dessa situação, Raimundo Lopes destaca que entre as principais ações de conscientização da população para prevenção contra o câncer do colo de útero está a vacinação de meninos e meninas a partir de nove anos contra o HPV; pessoas vivendo com HIV; pessoas transplantadas; pacientes oncológicos; imunossuprimidos e pessoas vítimas de violência sexual. 

Entre as recomendações para prevenção, detecção e controle do câncer de colo de útero, o médico falou sobre a importância do trabalho ser implementado por equipes multiprofissionais, com estímulo às ações de prevenção primária de educação em saúde.

Também foi sugerido que os profissionais dos serviços de saúde “façam o acolhimento e a escuta qualificada de pacientes, além da busca ativa de mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos para o rastreamento, diagnóstico em tempo oportuno, possibilidade de cura e de tratamentos mais conservadores, menos invasivos, com redução de danos e da mortalidade”. 

Por Pedro Ricardo

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