Como parte das ações do Outubro Verde, voltado para o enfrentamento da transmissão congênita da sífilis, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros realiza nesta quarta-feira, 25 de outubro, videoconferência de atualização de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. O evento é direcionado a profissionais que atuam em 54 municípios da área de atuação da SRS Montes Claros e a organização é da Coordenadoria de Vigilância em Saúde, com a participação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Montes Claros, por meio do Serviço Ambulatorial Especializado (SAE).

A referência técnica em sífilis na Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, Adriana Barbosa Amaral, destaca que “a atualização dos profissionais de saúde é de fundamental importância para que sejam intensificadas as ações voltadas para o diagnóstico precoce e o tratamento da doença, a fim de conter a transmissão do agravo”. 

A capacitação, que será conduzida pelas médicas Janer Silveira e Ana Paula Holzmann, que atuam no Serviço Ambulatorial Especializado, reforçará a importância da realização da testagem rápida para o diagnóstico da doença; manejo clínico; tratamento e utilização da técnica de aplicação de penicilina. 

24.10.2023.Montes-Claros-capacitação-sífilis

A sífilis é transmitida por meio de relações sexuais desprotegidas, sangue ou produtos sanguíneos (agulhas contaminadas ou transfusão com sangue não testado), além da transmissão da mãe para o filho em qualquer fase da gestação, no momento do parto ou pela amamentação. O tratamento é estendido aos parceiros sexuais e é feito com antibióticos, além de ser acompanhado com a realização de exames clínicos e laboratoriais para avaliar a evolução da doença. 

“A sífilis é uma infecção curável, com tratamento relativamente simples, mas pegar uma vez não promove imunidade. Nas formas mais graves da doença, como na fase terciária, o não tratamento adequado pode levar à morte. O uso de preservativos (tanto femininos como masculinos) durante todas as relações sexuais é a maneira mais segura de prevenir a doença. O acompanhamento das gestantes e dos parceiros sexuais durante o pré-natal contribui para o controle da sífilis congênita”, explica a coordenadora de vigilância em saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes.

Entre 2016 e 2021 a frequência da sífilis adquirida no país foi de 78,5 casos por 100 mil habitantes e, em Minas Gerais, a taxa ficou em 74,8 casos/100 mil habitantes. Entre os 54 municípios que compõem a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, a taxa de frequência da sífilis adquirida ficou em 32,5 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.

Já a frequência da sífilis congênita, transmitida da mãe para o bebê durante a gestação ou amamentação, apresentou o seguinte cenário em 2021: no Brasil, 9,9 casos por mil nascidos vivos; em Minas Gerais, 8,9 casos; e na área de jurisdição da SRS Montes Claros, 10,8 casos por mil nascidos vivos.

“Estamos num período de tendência de aumento de casos de sífilis. Por isso, a ampliação da testagem rápida, inclusive com a realização de ações fora das unidades de saúde e o investimento na qualidade do pré-natal com a realização da testagem da gestante, tratamento e monitoramento dos casos positivos, incluindo os parceiros, são medidas de fundamental importância para controle da doença. Combater a sífilis adquirida tem impacto importante na contenção da transmissão da doença, inclusive das gestantes para os bebês”, reforça Adriana Amaral, a referência técnica em sífilis da SRS Montes Claros. 

Outras medidas importantes que os municípios devem manter durante todo o ano são as ações de educação sexual envolvendo as diversas faixas etárias da população. Entre as atividades o foco deve ser direcionado ao planejamento familiar; ao pré-natal; às ações voltadas para o público presente nas salas de espera das unidades de saúde, escolas e universidades, além dos grupos de maior vulnerabilidade, constituído por pessoas do sexo masculino com idade entre 20 e 29 anos.  

 

Hospitais de referência

Para a implementação do Plano de Estadual de Enfrentamento à Sífilis, em julho do ano passado, por meio da Resolução 8.264, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) selecionou 14 hospitais da macrorregião de Saúde Norte para o atendimento à profilaxia da transmissão vertical da sífilis, hepatites virais e do vírus HIV em recém-nascidos. Os hospitais foram identificados como referências para o Programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/Aids), conforme critérios definidos pelas coordenadorias Materno Infantil, de IST/Aids e de Hepatites Virais da SES-MG.

No Norte de Minas, foram selecionadas as seguintes instituições: Hospital Municipal de Bocaiúva; Hospital Municipal Senhora Santana, de Brasília de Minas; Unidade Mista Municipal Dr. Brício de Castro Dourado, de São Francisco; Hospital Municipal São Vicente de Paulo, de Coração de Jesus; Hospital Municipal de Francisco Sá; Fundação de Assistência Social de Janaúba (Fundajan); Hospital e Maternidade Nossa Senhora das Graças, de Monte Azul; Hospital Municipal de Januária; Hospital Funrural, de Manga; Santa Casa de Montes Claros; Hospital Universitário Clemente de Faria, também sediado em Montes Claros; Hospital Dr. Moisés Magalhães Freire, de Pirapora; Hospital Municipal Dr. Oswaldo Prediliano Santana, de Salinas; e o Hospital Santo Antônio, de Taiobeiras.

A resolução estabelece que outros hospitais que realizam partos e que desejam ofertar a testagem rápida às puérperas poderão se cadastrar no Sistema de Controle Logístico de Insumos Laboratoriais (Sisloglab) para receber os kits, desde que tenham estabelecido um fluxo de acesso aos medicamentos junto ao Serviço de Atendimento Especializado e Unidade Dispensadora de Medicamentos, em caso de resultados positivos para HIV, sífilis ou hepatites virais. 

Por Pedro Ricardo

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