A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) reuniu representantes da saúde pública mineira e nacional, nesta quinta-feira (19/10), para realização do Seminário da Política Estadual de Saúde Integral da População Negra e Quilombola.

Crédito: Fábio Marchetto

De acordo com a superintendente de Atenção Primária à Saúde, Camila Helen de Almeida, o encontro, que aconteceu em Belo Horizonte, é a reafirmação do compromisso de Minas Gerais com a implementação da política, uma vez que fomenta a sua discussão.

Instituída pela deliberação CIB-SUS/MG Nº 3.991, a política estadual de Saúde Integral da População Negra e Quilombola estabelece as ações e ferramentas a serem utilizadas para o enfrentamento das dificuldades no acesso à saúde.

Camila também antecipou que, para viabilizar a efetivação do que estabelece o documento, está em construção um plano operativo. “Será um instrumento norteador para que os municípios possam implementar a política. Dessa forma, a expectativa é de que futuramente, possamos vir para um seminário como esse falar sobre os 853 municípios executando essa política em seu território”, declarou."

Trabalho conjunto

A presidente do Conselho Estadual de Saúde (CES-MG), Lourdes Aparecida Machado, reforçou a importância de contar com representantes de diferentes esferas para fortalecer a política.

“O seminário de hoje conta com a participação de representantes do Ministério da Saúde, do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems-MG), da SES-MG, do controle social e do comitê. Essa adesão é fundamental para ampliarmos a compreensão das questões de acessibilidade e as vulnerabilidades da população negra e quilombola”, reforçou.

Já o presidente do Cosems, Edivaldo Farias da Silva, destacou o trabalho de todos os profissionais envolvidos na construção e pactuação da política. “Quando essa discussão chegou até nós, do Conselho, toda a equipe abraçou a causa. Tive a oportunidade de participar do momento em que a política foi pactuada e é muito bom poder observar o avanço das discussões, pautado num trabalho conjunto para a implementação da mesma em nosso território”, afirmou.

Quesito raça-cor

Ainda durante a abertura do seminário, o coordenador nacional de Atenção à População Negra do Ministério da Saúde (MS), Marcos Moreira da Costa, pontuou o principal elemento para fazer valer a política: o quesito raça-cor.

“Esse dado é obtido por meio da autodeclaração e, sem esse ponto, não conseguimos implementar a política. Por isso, é fundamental trabalharmos formas de aperfeiçoar os profissionais que fazem a coleta dessa informação e também a conscientização e letramento racial da população usuária do SUS”, destacou.

Saúde integral

A representante do Comitê Técnico de Saúde da População Negra, Misley Alexandra Sabino Pereira, destacou que trazer todo o estado para dialogar sobre a saúde das pessoas negras e quilombolas é um importante ato de existência dessas populações historicamente impactadas pelo racismo estrutural.

Nesse mesmo sentido, Yalorissa Neli Martins de Souza, também membro do comitê, trouxe para o debate o conceito de saúde integral. “No contexto de discussão dessa política em Minas Gerais, precisamos mencionar que o conceito de saúde integral contempla, por exemplo, as ideias de não sentir fome, de ter uma saúde de boa qualidade”.

Sensibilização dos trabalhadores da Saúde

De acordo com Ana Beatriz Querino, enfermeira obstetra e trabalhadora do SUS há 26 anos, é urgente se pensar em formas de impactar positivamente os indicadores de saúde dessas populações. E isso envolve, necessariamente, a sensibilização dos trabalhadores que atendem e acolhem os usuários.

“Participamos de discussões como esta pelos profissionais de saúde que já entenderam que o racismo é determinante no processo saúde/doença, mas também pelos profissionais que ainda não compreenderam isso. Precisamos discutir formas de sensibilizar esses trabalhadores para a importância dessa política, bem como de sua implementação”, reforçou.

Por Jornalismo SES-MG

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