A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova, por meio do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi), realizou, nos dias 28 e 29/10, no auditório do Sindicato dos Produtores Rurais de Ponte Nova, o I Seminário Regional da Tuberculose. O evento foi dividido em dois momentos: no primeiro dia, participaram profissionais que atuam na Vigilância Epidemiológica e Atenção Primária dos municípios da área da SRS Ponte Nova, com conteúdo voltado ao cenário epidemiológico regional. No segundo dia, participaram profissionais médicos do território, que puderam se atualizar sobre o diagnóstico e o tratamento da doença. 

Segundo a idealizadora do seminário, a referência do Programa Estadual de Controle da Tuberculose e técnica do Nuvepi, Dádiva Raquel Rodrigues, “a região precisa trabalhar melhor a busca ativa de sintomáticos respiratórios e os indicadores relacionados ao Plano Nacional de Eliminação da Tuberculose como Problema de Saúde Pública. Entre eles o diagnóstico por meio do teste rápido molecular (TRM-TB), o exame de contatos e o percentual de realização de teste de HIV dos casos em tratamento”, pontuou.

03.10.2023-PonteNova-Tuberculose

Conforme dados apresentados, os indicadores regionais estão abaixo dos preconizados. No que se refere à cura, a taxa regional em 2022 ficou em 61%. Já a cobertura de investigação de contatos ficou em 79% e a testagem de HIV, por sua vez, ficou na casa dos 76,5%. A meta para os três indicadores é de 90% ou mais. 

Dádiva ressaltou a importância de investigar os óbitos por tuberculose ocorridos nos últimos dois anos na área da SRS, a fim de conhecer os fatores que impactaram no mau prognóstico dos casos e evitar novos óbitos pela doença. “Em 2022, foram registrados oito óbitos (na região da SRS Ponte Nova) por tuberculose e, de janeiro a agosto de 2023, os municípios da SRS já notificaram nove óbitos”, disse. A médica sanitarista Katiúscia Rodrigues, de Governador Valadares, uma das palestrantes do evento, trabalhou no cenário apresentado e explicou como o processo de investigação de óbitos deve ser realizado. 

O primeiro dia de palestras contou também com a apresentação de experiências exitosas dos municípios de Ponte Nova e Governador Valadares, com o intuito de estimular os profissionais presentes a replicarem as iniciativas em seus territórios. O coordenador da Coordenação da Assistência Farmacêutica (CAF) da SRS Ponte Nova, Marcos Luiz de Carvalho, trouxe exemplo regional bem-sucedido no que se refere ao tratamento medicamentoso da infecção latente da tuberculose, com o novo esquema disponibilizado pelo Ministério da Saúde, envolvendo a dispensação dos medicamentos Rifapentina mais Isoniazida (disponibilizados pela SUS). 

Houve entrega de certificados de reconhecimento aos municípios que conseguiram alcançar a meta de busca ativa de sintomáticos respiratórios em 2022, sendo: Canaã, Oratórios, Piedade de Ponte Nova, Raul Soares, Rio Casca, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado, São José do Goiabal e São Pedro dos Ferros. 

 

Capacitação 

O segundo dia foi conduzido pela médica pneumologista e tisiologista Silvana Spíndola, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenadora do Laboratório de Pesquisa em Micobactérias da UFMG e médica do Ambulatório de Tuberculose -  referência secundária em tuberculose do Hospital das Clínicas de Belo Horizonte. 

O primeiro momento foi destinado à capacitação dos médicos para o diagnóstico e tratamento da Tuberculose, seguido de aula sobre Tuberculose Extrapulmonar e Tratamento da Infecção Latente. “É importante capacitar a APS, para que seus profissionais resolvam, na ponta, a maioria dos casos de tuberculose. Com isso, conseguimos liberar os outros atendimentos para a Atenção Secundária e Terciária”, disse Silvana. “Outro ponto é que, aprendendo a manejar os casos mais simples, principalmente na forma pulmonar da tuberculose, conseguimos controlar a doença e, com isso, evitar a transmissão entre as pessoas. Quanto mais rápido detectar e tratar, menor a transmissibilidade desses casos”, completou.

Por Tarsis Murad

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