Com o aumento das temperaturas no Norte de Minas, a partir do segundo semestre, época de transição entre inverno, primavera e verão, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros está reforçando com os 54 municípios que compõem a sua área de atuação a importância do repasse de orientações à população para a adoção de medidas preventivas de acidentes com animais peçonhentos. A iniciativa dá continuidade ao seminário de capacitação sobre o manejo clínico de pessoas vítimas de acidentes com animais peçonhentos, realizado em junho deste ano, envolvendo mais de 130 profissionais de saúde. 

Na oportunidade, Mariano Fagundes Neto Soares, médico de saúde da família e professor universitário, observou que o período entre junho e novembro é a época do ano em que mais casos de acidentes com animais peçonhentos são notificados. Devido às altas temperaturas os animais se deslocam com mais frequência, inclusive para dentro de domicílios, à procura de sombra, água e alimentos.

Em todo o país, 47% dos acidentes envolvem escorpiões, 18,2% aranhas e 17,5% estão relacionados a serpentes. No Norte de Minas, os acidentes com escorpiões do gênero Tityus serrulatus (mais conhecido como escorpião amarelo) apresentam maior incidência, com prevalência de casos graves vitimando crianças com idade entre um e quatro anos. 

No Norte de Minas os acidentes com escorpiões do gênero Tityus serrulatus apresentam maior incidência

A referência técnica das coordenadorias de vigilância epidemiológica e de saúde da SRS de Montes Claros, Amanda de Andrade Costa, lembra que o risco de acidentes com animais peçonhentos pode ser reduzido com cuidados simples para prevenção. Entre elas estão: usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem; examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho antes de usá-las; afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários; não acumular entulhos e materiais de construção; limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede; vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés.

Também é recomendada a utilização de telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos; manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quintais, paióis e celeiros; evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada; limpar terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas.

Já para proteção individual, Amanda Costa observa que a dica é, “no amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da vegetação, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que as serpentes estão em maior atividade. Além disso, as pessoas devem evitar mexer em colmeias e vespeiros”. 

 

Tratamento

A coordenadora de vigilância em saúde, Agna Soares da Silva Menezes, lembra que há mais de sete anos a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros criou 18 polos de soroterapia para o atendimento de pessoas vítimas de animais peçonhentos. “O objetivo é agilizar o atendimento de vítimas de acidentes em municípios com localização estratégica nas microrregiões de saúde, o que possibilita o início dos tratamentos no menor espaço de tempo possível, reduzindo com isso as possibilidades de ocorrência de óbitos”. 

Além de evitar o desabastecimento de soro nas microrregiões de saúde, a definição dos polos estratégicos levou em consideração informações epidemiológicas e geográficas. Em Montes Claros, o Hospital Universitário Clemente de Faria é o centro de referência para o atendimento de vítimas de acidentes com animais peçonhentos. Outras 17 unidades hospitalares de referência estão sediadas em Bocaiúva; Coração de Jesus; Espinosa; Grão Mogol; Francisco Sá; Jaíba; Janaúba; Mato Verde; Mirabela; Monte Azul; Montezuma; Ninheira; Porteirinha; Rio Pardo de Minas; São João do Paraíso; Salinas e Taiobeiras.

Em caso de acidente com animais peçonhentos, é necessário procurar atendimento médico imediatamente. Deve ser informado ao profissional de saúde o máximo possível de características do animal, como: tipo, cor, tamanho, entre outras. Se possível, lave o local da picada com água e sabão; mantenha a vítima em repouso e com o membro acometido elevado até a chegada a um serviço de saúde.

Agna Menezes alerta que, em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, a vítima deve retirar acessórios que possam levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados. Não se deve amarrar (torniquete) o membro acometido, cortar ou aplicar qualquer tipo de substância (pó de café, álcool, entre outros) no local da picada. Também não se deve tentar sugar o local com a boca para extrair o veneno, pois essa ação apenas aumenta as chances de infecção local. 

 

Por Pedro Ricardo

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