Em Minas Gerais, a Campanha de Vacinação Antirrábica 2023 está prevista para ocorrer entre os meses de agosto e setembro e, para tanto, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) deixou a cargo dos municípios a logística e a organização das campanhas locais. Para fortalecer o trabalho das equipes municipais, a coordenação de vigilância epidemiológica da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora, por meio do núcleo de Zoonoses, realizou uma capacitação teórico-prática para servidores dos municípios de Santa Bárbara do Monte Verde e Bom Jardim de Minas no dia 10/7.

Glênia Campos, referência técnica em Zoonoses e responsável pela formação, orientou os servidores como fazer a aplicação do imunizante em cães e gatos, como lidar com animais mais estressados, o que fazer quando o animal não está acompanhado do dono e como identificar se o animal já tem pelo menos 3 meses, que é a idade mínima para ser vacinado.
A parte prática da capacitação foi realizada no canil municipal de Juiz de Fora. Com o apoio dos profissionais que atuam no canil, os participantes imunizaram antecipadamente cães e gatos, aprendendo pontos importantes na hora da vacina, como qual a parte mais segura do corpo do animal para fazer a aplicação, a forma de conter o animal e como evitar mordidas.

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Na oportunidade a referência técnica em Zoonoses explicou que os municípios de Santa Bárbara do Monte Verde e Bom Jardim de Minas não haviam recebido a capacitação. “Como houve mudança do quadro de funcionários e os municípios fizeram novo concurso, esses profissionais entraram recentemente e por isso é necessário que recebam as técnicas e informações necessárias”, detalhou.

Apesar de várias espécies de animais serem adotadas pela população, Glênia Campos alertou que a campanha é voltada apenas para felinos e caninos. Ela ressaltou que “o objetivo da campanha é vacinar cães e gatos. Sabemos que hoje em dia algumas crianças têm outros animais de estimação, como coelhos, porquinhos-da-Índia, até mesmo lagartos, mas estes outros animais precisam de assistência veterinária em relação às vacinas”.

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Cobertura vacinal

Segundo o informe epidemiológico sobre vigilância de raiva, elaborado pelo Núcleo de Epidemiologia em julho de 2023, a cobertura vacinal para gatos, na área de abrangência da regional, é melhor do que a cobertura para cães na comparação dos últimos 3 anos. Em relação aos cães, a porcentagem de vacinados era de 82,13% em 2020. Este total aumentou para 85,79%, em 2021, e caiu para 80,58% em 2022. Já entre os felinos, 97,44% foram imunizados em 2020. Esta porcentagem cresceu para 106,48%, em 2021, e atingiu 103,31% em 2022.

Em relação aos resultados de 2020 a 2022, segundo Glênia Campos, houve intensificação da vacinação de gatos se mostrou importante, pois são animais que podem ter contato com morcegos portadores de raiva. “Eles são carnívoros e gostam de brincar, muitas vezes trazem para o dono o que encontram”, explicou.

A SRS está solicitando aos municípios para que intensifiquem a divulgação da campanha 2023 de forma a aumentar a cobertura de vacinação para cães também. “Nós atuamos no SUS (Sistema Único de Saúde) numa campanha de vacinação animal para evitar a raiva humana”, enfatizou a referência técnica.

De acordo com o boletim epidemiológico da vigilância de raiva, nos 37 municípios da área de abrangência da SRS não foram notificados casos de raiva humana, canina ou felina nos últimos 11 anos. A imunização de cães e gatos contra raiva, além de um cuidado com a saúde animal, é uma forma de proteger os seres humanos, que podem ser contagiados pelo contato com a saliva dos animais infectados por meio de mordida, do arranhão e de lambedura. De acordo com Glênia Campos, “a vacinação é uma das atividades principais no controle da raiva, sendo que a redução do número de casos de raiva canina e felina consequentemente reduz a raiva humana”. Ela também ressalta que “uma das coisas que a gente tem como principal, para conhecimento do vacinador, é que ele está atuando com a vida. A sua vida é importante, assim como a vida do bichinho”, finalizou Glênia Campos.

Cuidados em caso de acidente por animal potencialmente transmissor da raiva:

- Realizar a limpeza do ferimento com água corrente abundante e sabão, ou outro detergente, para diminuir o risco de infecção;
- A limpeza deve ser cuidadosa, visando eliminar as sujidades sem agravar o ferimento; em seguida, devem ser utilizados antissépticos que inativam o vírus da raiva;
- Os antissépticos deverão ser utilizados uma única vez, na primeira consulta, e, posteriormente, sempre que possível, a região deve ser lavada com solução fisiológico;
- Não se recomenda a sutura dos ferimentos;
- Todas as atualizações nas Normas Técnicas de Profilaxia devem ser acompanhadas e disponibilizadas aos profissionais responsáveis por este atendimento no município.

Diante de casos suspeitos de raiva canina e felina:

- Notificar imediatamente o caso à vigilância epidemiológica municipal; unidade de Vigilância em Zoonoses(UVZ), quando houver;
- Se o animal estiver vivo, não realizar a eutanásia. Juntamente com a autoridade sanitária, garantir que seja observado com segurança, em ambiente isolado, tendo alimentação adequada, para o acompanhamento da evolução do quadro. A eutanásia diminui a precisão do diagnóstico laboratorial, pois a quantidade de vírus presente no cérebro mantém relação direta com o desenvolvimento clínico da doença;
- Se o animal apresentar sintomatologia compatível com a raiva e não houver possibilidades de observação em local seguro, recomenda-se sua eutanásia, por profissional habilitado. Para tal, recomenda-se seguir o preconizado pelas normativas legais, dentre elas a Resolução n°1000 de 11 de maio de 2012, do Conselho Federal de Medicina Veterinária;
- Se o animal morrer, providenciar o envio do encéfalo ao laboratório, devidamente conservado em gelo. A conservação em formol é contraindicada pelos laboratórios, pois impede o desenvolvimento de técnicas de isolamento viral e imunológicas. Para coleta adequada ao diagnóstico da raiva deve-se evitar traumatismo craniano, pois o cérebro danificado reduz a utilidade para o diagnóstico.

Saiba mais informações acessando o link: http://www.saude.mg.gov.br/raivahumana. 

 

 

 

Por Jonathas Mendes

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