Pular carnaval, lutar contra o preconceito e promover a inclusão dos pacientes. Estes são apenas alguns dos objetivos do Bloco Mente Bamba, que há mais de uma década reúne usuários da rede de saúde mental da cidade de Carangola, município pólo de microrregião de saúde de Carangola e que faz parte da área de abrangência da Superintendência Regional de Saúde (SRS) Manhuaçu.

“Mais uma vez este ano o bloco carnavalesco mostrou que a melhor terapia é a alegria”, destacou a psicóloga e coordenadora municipal de saúde mental de Carangola Patrícia Leite Tavares. “Já é uma tradição e procuramos manter e inovar a cada ano. Tivemos uma adesão muito especial de servidores, amigos e familiares dos pacientes da rede de saúde mental.Esse ano o bloco foi formado por 150 integrantes”, comemorou.

Bloco Mente Bamba  2

“O mais importante é acreditarmos na recolocação dessa pessoa no mundo. Quando há essa confiança, essa aposta, certamente os resultados das terapias aparecem e as portas da sociedade se abrem. Tudo é muito bem pensado para que as pessoas possam se sentir incluídas e assim retornar ao convívio em sociedade”, explicou a referência técnica de Saúde mental da SRS Manhuaçu, Marcos Alexandre de Faria Moreira.

O superintendente regional de Saúde de Manhuaçu, Juliano Estanislau Lacerda destacou que esse movimento de integração com a comunidade contribui para transformar o preconceito contra o transtorno mental em admiração e respeito. “Mais um exemplo de que Minas Gerais é referência para o Brasil no que se refere ao movimento da Luta Antimanicomial, que é a luta pelos direitos das pessoas com sofrimento mental e por serviços mais humanizados na rede”, destacou.

Rede de Saúde Mental

O município de Carangola tem se destacado pelos serviços oferecidos na rede de saúde mental. Atualmente o município atende cerca de 700 pacientes e recentemente inaugurou o serviço de acolhimento por meio do centro de convivência de saúde mental.

A coordenadora do centro, Lucia Valle, que atua há 13 anos na rede, falou dos desafios e conquistas. “Na saúde mental aprendemos todos os dias. É necessário um olhar por completo e acreditarmos nos pacientes. Ver uma pessoa sair recuperada é muito satisfatório e por isso estamos sempre buscando atualização e novas ferramentas para implementar os projetos terapêuticos”, lembrou a coordenadora. Ela também citou os projetos de economia solidária como a horta suspensa que irá produzir hortifrútis e a barraca na feira que irá comercializar artesanatos como pintura, bordados e sabão produzido por meio de óleo reciclado. Outras experiências exitosas são as oficinas de música, dança, caminhada e passeios.

Centro de Convivência e Cultura

Recentemente foram implantados 4 novos Centros de Convivência no território. Esse dispositivo da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é vinculado à Atenção Primária e se apresenta, estruturalmente e simbolicamente, de portas abertas para os encontros na diversidade humana, na desafiadora e complexa ação de conviver.

Configuram-se como espaços de circulação, inclusão, socialização e promoção de encontros entre os usuários da saúde mental e a população/comunidade geral e realiza ações de forma articulada com a rede e através de estratégias e ações diferentes dos demais equipamentos de saúde, tendo como foco a produção de encontros e a convivência, através de oficinas, grupos e ações comunitárias, alinhado com a ideia de promoção à saúde.

Trata-se de um equipamento idealizado a partir das diretrizes do SUS e da RAPS, nas quais se promove a convivência produtora de inclusão mediada pelo cuidado considerando a autonomia e protagonismo dos usuários.

Por Antonio Rodrigues

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