Dentro do Plano de Enfrentamento da Sífilis, em desenvolvimento pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Sete Lagoas realizou nesta segunda-feira 24 de outubro, uma reunião com as referências técnicas dos 35 municípios da SRS para falar sobre a testagem e o atendimento a essas pessoas para que o tratamento chegue da forma mais ágil e eficiente a eles.

Reunião Plano de enfrentamento da Sífilis - Foto: Nayara Souza

Entre os anos de 2011 e 2022 foram registrados 869 casos de sífilis adquirida no território da Regional de Saúde de Sete Lagoas, sendo que desses, 251 são casos diagnosticados em gestantes. Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan, registrados até o dia 07 de outubro de 2022.

Equipe de Saúde de Capim Branco em Ação de prevenção à sífilis - Foto: Helena Porto

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que tem como uma de suas principais formas de prevenção o uso do preservativo, seja ele feminino ou masculino, em todas as relações sexuais.

No caso de mulheres grávidas, existe o risco de contaminação da mãe para o bebê. Crianças com a doença podem apresentar, já nos primeiros meses de vida, feridas no corpo, cegueira, má-formação dos dentes, outros problemas ósseos, surdez, deficiência mental e pneumonia. 

A testagem da gestante e do parceiro é muito importante para interromper a contaminação, mas ainda é um desafio. Dos casos registrados no território, 128 (50,9%) não tiveram o tratamento concomitante do parceiro. Na mesma época, 108 bebês apresentaram casos de sífilis congênita.

Para evitar que a sífilis adquirida pelas gestantes contamine os bebês é fundamental que as mulheres busquem as unidades de saúde da família para realizar o Pré-natal logo no início da gestação. Durante o acompanhamento a gestante passa por testes de sífilis e outras ISTs e poderá, caso seja diagnosticada com a doença, ter acesso ao tratamento gratuito disponível  no Sistema Único de Saúde (SUS).

Outra preocupação, como observou a referência técnica do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da SRS Sete Lagoas, Ivy Bernardes Oliveira, é que a testagem é um dos momentos de grande atenção no processo de atendimento e prevenção às ISTs. “São necessários profissionais aptos tecnicamente para realizar os exames e a fazer o acolhimento, principalmente em momentos mais delicados, como o de informar resultados positivos para HIV e sífilis, por exemplo.”, explica Oliveira.

O objetivo é que esse atendimento inicial envolva a orientação quanto ao início imediato do tratamento e a testagem dos parceiros para evitar a reinfecção, no caso da sífilis. A técnica explicita a importância de profissionais certificados trabalhando na ponta. “Esses profissionais são certificados a fazer testagem e atendimento, uma certificação que não se perde quando eles são realocados em outros setores da saúde”, explica. Até o momento, apenas em 2022, 90 profissionais da região passaram pela capacitação, sendo sensibilizados sobre o sigilo das informações. Outra iniciativa replicada é a da conscientização.

 

Mobilização em Saúde e Prevenção

 A coordenadora do NUVEPI, Silmeiry Angélica Teixeira, ressalta a seriedade da busca ativa para que os usuários tenham acesso à testagem e ao preservativo. “O processo da entrega do preservativo à população também é um momento educativo”, lembra Teixeira.

A referência em Educação Permanente e Mobilização Social do município de Capim Branco, Helena Porto, conta que são nas visitas às empresas e ações nas praças da cidade que os agentes do município têm contornado o preconceito quanto a prática de sexo seguro. “Muitos homens até perguntam e querem saber sobre a testagem, mas sentem vergonha de pegar os preservativos disponíveis no posto ou entregues nas campanhas. Por isso mesmo, nós adotamos a estratégia de envolver as camisinhas em envelopes e fazer uma entrega mais discreta”, contou Porto durante a reunião desta segunda-feira.

Por Nayara Souza

Enviar para impressão