A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova, por meio do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi), promoveu na última terça-feira, 4 de outubro, em sua sede, reunião técnica para alinhar e discutir temáticas ligadas às Vigilâncias Epidemiológicas e de Saúde. O encontro, que tratou das principais resoluções e orientações sobre diversos agravos de notificação, foi direcionado aos coordenadores e técnicos da área, vindos dos municípios que compõem o território da SRS. Como fala introdutória, a superintendente Josy Duarte Faria, destacou o apoio da Regional para estabelecer processos de trabalho mais resolutivos. “Neste momento pós pandemia, é fundamental que revisemos nossas rotinas em todos os âmbitos. Fazer vigilância em saúde é aliar saberes e práticas sanitárias com o olhar atento para as necessidades da população do território”, disse.

A coordenadora do Nuvepi, Schirley Santana Medeiros, contribuiu com direcionamentos acerca da Resolução SES/MG nº 7730/2021, que institui o repasse de incentivo financeiro para o fortalecimento das ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT). “A ideia é dar maior visibilidade aos agravos da Saúde do Trabalhador e qualificar o banco de dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan). A resolução traz uma novidade, que é a disponibilização de recurso de custeio para o desenvolvimento de ações municipais na área”, atentou. 

Foto: Tarsis Murad

Em seguida, a coordenadora trouxe a questão da Paralisia Flácida Aguda (PFA)/Poliomielite, chamando atenção para a necessidade da busca ativa de casos suspeitos de paralisia motora em menores de 15 anos. “As baixas coberturas vacinais associadas à não vigilância são motivo de grande preocupação, pois há a possibilidade de reintrodução da doença no país”, alertou. Ela acrescentou que surgiram casos recentes de poliovírus selvagem em Malawi e Moçambique, países não endêmicos para a doença, além de poliovírus circulantes derivados da vacina em Israel, Moçambique e EUA. “Destaco, ainda, a importância da vigilância e da busca ativa, principalmente nas unidades sentinelas da região”. Encerrando sua contribuição, Schirley mencionou o “Dia S” de combate ao sarampo – ação que incentiva a busca ativa de casos suspeitos da doença sem a devida notificação – ocorrido em setembro, reforçando que no mês de dezembro ocorrerá mais uma mobilização nacional. 

A referência técnica das Causas Externas e Vigilância do Óbito, Karine Cardoso Miguel, por sua vez, trouxe a Resolução SES/MG n° 7.731/2021, que institui o repasse de incentivo financeiro para o fortalecimento das ações de enfrentamento da Sífilis, e a Resolução SES/MG nº 7.732/2021, que institui o repasse de incentivo financeiro, para fortalecimento da Vigilância das Causas Externas (Violências e Acidentes de Trânsito). Além disso, fez uma reflexão sobre a importância da notificação, do abastecimento de sistemas e da qualificação de dados na epidemiologia. “Somos o farol da assistência. Até mesmo a correta aplicação de recursos financeiros está intimamente ligada às informações extraídas dos sistemas, pois elas revelam as condições de saúde da nossa população”, ressaltou.

A coordenadora da Vigilância em Saúde Graziele Menezes, falou sobre a Resolução SES/MG nº 7.153/2020, que autoriza o repasse de incentivo financeiro para custeio complementar das ações estratégicas de Vigilância em Saúde; e a Resolução SES/MG nº 7.734/2021, que institui repasse de incentivo financeiro aos municípios que aderiram ao VigiMinas – programa de fortalecimento do Sistema Estadual de Vigilância em Saúde. “Estamos em um momento de risco iminente de reintrodução de várias doenças e precisamos implementar o VigiMinas, que visa fortalecer o planejamento, a gestão e a execução das ações”, disse a coordenadora. “Por isso, é fundamental que a Vigilância em Saúde se estruture e trabalhe de forma articulada com as Vigilâncias Sanitária, Epidemiológica, Ambiental e Saúde do Trabalhador”, completou. 

 

Mais agravos

A tuberculose também mereceu destaque no encontro. A referência técnica da Tuberculose, Dádiva Raquel Rodrigues, orientou acerca da Resolução SES/MG n° 8.161/2022, que institui o repasse de incentivo financeiro para a operacionalização nos municípios dos Planos Nacional e Estadual pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública. Ela destacou as atribuições dos municípios e apresentou fluxograma com ações para a primeira consulta. Além disso, elencou as principais ações, como busca ativa dos sintomáticos respiratórios, notificação, acompanhamento e encerramento dos casos, realização do Tratamento Diretamente Observado (TDO) e envio de amostras para a realização de teste rápido e exame de cultura. 

Já a referência técnica das Arboviroses, Paloma Gesualdo, acompanhada do supervisor de campo do Ministério da Saúde, Geraldo Caldas, tratou da Resolução SES/MG n° 7.733/2021, que institui as ações estratégicas e o repasse de incentivo financeiro aos municípios para auxiliar no enfrentamento das arboviroses, com ênfase para a continuidade das reuniões dos comitês municipais de enfrentamento das Arboviroses. Também apontou a necessidade de realização do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) em outubro, reforçou orientações sobre o período epidêmico e mencionou cronograma de multiplicação do projeto de qualificação de supervisores de campo. 

Outras referências técnicas do Nuvepi também deixaram sua contribuição. Thiany Oliveira (Imunização) e Nelci Nunes (Sinan) explicaram sobre o novo fluxo para notificação dos casos de monkeypox por meio do E-SUS Sinan. Thiany ainda alertou sobre os surtos de meningite, a necessidade de informações rápidas sobre casos suspeitos e estratégias urgentes para ampliação da vacinação contra a doença. 

Por fim, a referência técnica de Hanseníase, Mônica Fernandes, abordou a temática da hanseníase, enfatizando a baixa detecção de casos no território da SRS Ponte Nova nos últimos dois anos. “Isso pode ser resultado do elevado número de municípios silenciosos e do período de pandemia do vírus da covid-19 no país, quando consultas médicas foram postergadas e as visitas domiciliares diminuídas”, apontou. Para modificação do cenário, Mônica sugeriu a utilização de recursos de resoluções da Vigilância em Saúde para fortalecimento de ações, com ênfase nas ações de mobilização social e distribuição de materiais informativos junto à população. A referência destacou, ainda, a importância de se trabalhar a hanseníase em parceria com a assistência, para que as informações cheguem à vigilância com assertividade e, consequentemente, que os dados sejam digitados corretamente no Sinan.

Por Tarsis Murad

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