No dia 11 de junho, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmou a notificação de um óbito suspeito de monkeypox em Uberlândia. Era o primeiro caso em investigação pela doença em território mineiro. Quatro dias depois, as autoridades sanitárias descartam o óbito pela doença. Para a investigação, foi realizada a coleta de amostra de material biológico para análise pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte.

O único laboratório público em Minas Gerais que faz o processamento das amostras para detecção de monkeypox é a Funed, sendo referência não apenas para os 853 municípios mineiros, como também para outros entes federados do país. Atualmente, a confirmação do diagnóstico da monkeypox é dada apenas por exame laboratorial.

Amostra monkeypox SRS Uberlândia - Foto: Lilian Cunha

Para otimizar o envio das amostras biológicas e contemplar a população dos 27 municípios do Triângulo do Norte, o transporte é feito de forma articulada entre a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberlândia e Gerência Regional de Saúde de Ituiutaba. A critério das prefeituras, além da disponibilidade do transporte estadual, as secretarias de saúde podem entregar a amostra biológica diretamente na Funed, desde que siga as orientações técnicas estabelecidas pelo laboratório.

 

Logística de envio de amostras

No último trimestre, a SRS Uberlândia encaminhou 112 amostras de casos suspeitos de monkeypox para a Funed. Belo Horizonte fica a 550 quilômetros de Uberlândia. Considerando as viagens realizadas, percorreu-se mais de 40 mil quilômetros, o que equivale à distância do Equador até um dos pólos. No transporte, também são enviados materiais para análise de outras doenças, como coronavírus, arboviroses (dengue, zika, chikungunya e febre amarela), meningite e tuberculose. A saída de Uberlândia ocorre no início da manhã, considerando que pode haver atraso na viagem, e a Funed recebe o material até às 16 horas, nos dias úteis e aos sábados. 

A coordenadora de gestão, finanças e prestação de contas da SRS Uberlândia, Juliana Mendonça Guerra, lembra como mudou, e muito, a logística do envio de amostras para a Funed desde o contexto da pandemia de influenza pelo vírus H1N1 e, recentemente, pelo coronavírus. A principal alteração diz respeito ao botijão de nitrogênio, no qual o material é acondicionado a uma baixa temperatura por longos períodos, preservando as características da amostra. “Em 2009 não tínhamos botijões de nitrogênio disponíveis, ficávamos com equipe de plantão todos os dias. Assim, os motoristas viajavam com frequência nos finais de semana. Hoje, em 2022, temos uma condição melhor de armazenamento e uma rotina de encaminhamento das amostras, que é de duas vezes por semana”.

 

Protocolo da coleta das amostras biológicas

A logística não envolve apenas o transporte e acondicionamento das amostras. Os municípios devem estar articulados e atentos a todo o processo. O fluxo, para se chegar a uma adequada investigação epidemiológica, depende das condições da coleta, correta identificação na ficha de registro no Redcap (plataforma usada pelo Ministério da Saúde para notificação de caso suspeito de monkeypox), preenchimento das informações necessárias no Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) da Funed e estar de acordo com a escala de recebimento na SRS Uberlândia.

“Os profissionais de saúde, de unidades básicas e hospitalares, devem fazer a correta higienização, uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e materiais adequados de coleta da amostra biológica, como os swab estéreis que são fornecidos pela Funed. Para a investigação do agravo, são coletadas a secreção e/ou crosta da lesão. Os tubos com o material não devem ser enviados na mesma caixa térmica que outras amostras e o material deve ser mantido refrigerado (2 a 8°C) por no máximo sete dias”, explicou, Mariana Menezes de Rezende Costa, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da SRS Uberlândia.

 

Fluxo de envio das amostras e acesso ao resultado

Há uma escala de recebimento das amostras enviadas pelos municípios na SRS Uberlândia, justamente para organizar o cronograma de viagens para Belo Horizonte e a forma do acondicionamento. O envio para a Funed, em prazo inferior a sete dias - entre a data da coleta e a entrega no laboratório público -, faz com que seja desnecessário o armazenamento das amostras no botijão de nitrogênio. Assim, elas são encaminhadas na caixa térmica, em que há monitoramento constante da temperatura.

“O fechamento do diagnóstico por meio do resultado laboratorial da Funed é uma das etapas de investigação epidemiológica. Por ser uma doença transmissível, enquanto o caso suspeito não for confirmado ou descartado, deve ser feito o isolamento imediato do paciente e o rastreamento de contatos”, finalizou Costa.

Fluxo de encaminhamento das amostras monkeypox - Arte: Higor Sabino

 

Cenário monkeypox em Uberlândia e região

Conforme dados atualizados pela SES-MG em 13/09/2022, a SRS Uberlândia tem 33 casos de monkeypox confirmados, sendo 32 no município sede e um em Araporã. Uberlândia é a segunda cidade de Minas Gerais com mais casos da doença, atrás apenas de Belo Horizonte, que já confirmou 192 casos.

É importante ressaltar que a monkeypox não é uma doença sexualmente transmissível, porém pode se propagar de uma pessoa para outra pelo contato físico com lesões de pele ou com secreções respiratórias de pessoas infectadas, bem como com objetos recentemente contaminados. 

Saiba mais em: https://www.saude.mg.gov.br/monkeypox/

 

Conteúdo produzido durante a campanha eleitoral e publicado após o período de vedação legal de divulgação

Por Lilian Cunha

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