Para reforçar o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, celebrado em 24 de março, e para relembrar que a doença persiste, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberlândia promoveu uma capacitação na quarta-feira, dia 6 de abril, com os técnicos da Vigilância Epidemiológica, da assistência e das unidades prisionais e/ou socioeducativas, para o alinhamento sobre manejo clínico e fluxo do encaminhamento das amostras para a realização do Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM-TB) e de cultura de micobactérias.

 

O diagnóstico consiste na abrangência de algumas técnicas, sendo: a apresentação clínica, exame laboratorial, radiologia, pesquisa de tuberculose latente (PPD/IGRA), anatomia patológica e métodos não tradicionais. Gustavo Camargo Lopes, médico infectologista da Universidade Federal de Uberlândia e do Ambulatório Herbert de Souza, destacou que os profissionais devem atentar aos grupos de risco e que a maior parte dos tratamentos ocorrem na Atenção Primária. “Deve existir um olhar diferenciado para os indígenas, pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana (PVHIV), privados de liberdade e moradores de rua. Os municípios da região que vão atender os pacientes - e serão encaminhados para a atenção especializada em Uberlândia apenas aqueles resistentes e com comorbidades”.

“Investigação e acompanhamento pela Atenção Primária”, alertou Josiane Arantes, referência técnica regional da tuberculose. “Médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde devem atentar às famílias daquele território. Não é apenas para fazer diagnóstico, como também fazer o rastreamento de contatos próximos e averiguar a conclusão do tratamento por parte dos pacientes”, completou Arantes.  

Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM-TB)

Há três anos o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) está realizando o Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM-TB).  A iniciativa faz parte da expansão da Rede de Teste Rápido Molecular para Tuberculose em Minas Gerais. De 2019 até o início de 2022 já foram processados 2.052 exames.

O teste é considerado como padrão ouro e fica pronto em duas horas. Ele é capaz de identificar a micobactéria, possui risco mínimo de contaminação, a taxa de sensibilidade é maior que a baciloscopia (metodologia usual que detecta se o paciente tem ou não tuberculose) e sinaliza a resistência ao tratamento por rifampicina, que é o fármaco mais utilizado no tratamento da infecção. “Uberlândia é uma das poucas cidades do Brasil que possui esta máquina que faz a ampliação do diagnóstico. Por isso é importante que todo o fluxo assistencial e epidemiológico estejam alinhados, pois devemos otimizar os exames e buscar os tratamentos efetivos para a doença”, disse a enfermeira da Atenção à Saúde da SRS Uberlândia, Bruna Betiatti.

Amostra clínica para cultura de micobactérias

A referência estadual para a realização do exame por cultura de micobactérias é a Fundação Ezequiel Dias (Funed). A testagem amplia o diagnóstico, possibilita a tipificação do bacilo e direciona a medicação para o tratamento.

Mariana Bernardes, referência técnica regional da tuberculose, reforçou quanto à coleta, fluxo para encaminhamento do material e preenchimento da ficha do Gerenciamento de Ambiente Laboratorial (GAL). “A coleta, armazenamento e transporte incorretos podem gerar um resultado falso negativo, e o preenchimento da ficha com inconsistências atrasa a notificação”, destacou a técnica.

Covid-19 e tuberculose

Nos últimos dois anos, com a covid-19, várias doenças, entre elas a tuberculose, foram subnotificadas e consequentemente impactou no tratamento e elevou a taxa de mortalidade. Em 2020, os dezoito municípios da SRS Uberlândia notificaram 232 casos de tuberculose, em 2021 foram 221 e 59 em 2022. Com relação aos óbitos, a região registrou nove mortes em 2020, dezenove em 2021 e duas em 2022 até o momento.

Capacitação para o manejo clínico da tuberculose - SRS Uberlândia - Foto: Lilian Cunha

O infectologista ressaltou que o diagnóstico da tuberculose ficou prejudicado pelo coronavírus. “A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a redução dos casos de tuberculose será revista, pois tivemos retrocesso nas investigações, tratamento e alteração nas taxas de transmissão”, enfatizou Lopes.

Por Lilian Cunha

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