Para expandir o desempenho do ano passado, quando o número de doadores e de cirurgias no estado cresceu 20% em comparação ao período pré-pandemia, neste ano, o MG Transplantes (MGTX), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), impulsiona a sua política de parcerias com setores da sociedade, a fim de ampliar a campanha de conscientização para a doação de órgãos e tecidos.

Crédito: Janaína Oliveira

A primeira ação de 2024 uniu o MGTX à Associação de Veteranos da Força Aérea Brasileira de Minas Gerais (AVFAB-MG) para juntos, no último sábado, 4/5, levar informação e incentivar a adesão à doação de órgãos e tecidos pela população mineira em cinco pontos estratégicos distribuídos por Belo Horizonte e no Aeroporto Internacional de Confins.

O cirurgião e diretor do MGTX, Omar Lopes Cançado, e o presidente da AVFAV-MG, comandante Lúcio, estiveram na Praça da Liberdade, durante toda a manhã, quando o médico esclareceu dúvidas em relação aos transplantes e à doação de órgãos.

“Sempre apoiamos instituições idôneas interessadas em promover a discussão do assunto e a conscientização da população, com fornecimento de materiais impressos, além de ajuda voluntária nas atividades de rua. Quanto mais esclarecidas as pessoas estiverem, maior será a aceitação do processo de morte e, consequentemente, a decisão pela doação. Com isso, conseguimos aumentar o número de transplantes realizados”, explicou Omar.

Nova vida

A estudante Maria Izabel Ramos, 19 anos, foi uma das pessoas que passou pela Praça da Liberdade e elogiou a ação. Ela contou que aos 8 anos foi submetida a um transplante de rim e disse que ações de conscientização como esta podem fazer a diferença na vida de muitas pessoas que aguardam por um órgão.

“Eu fazia hemodiálise, não crescia como uma criança normal, não conseguia viver bem. O transplante foi uma bênção. Graças à família do meu doador, ganhei a possibilidade de viver bem, com saúde e feliz. E hoje realizo meu sonho de estar na faculdade, estudar e ter uma profissão. Tenho muita gratidão”, afirmou.

Amplitude de práticas

O apoio a ações como a desenvolvida pela AVFAB-MG e a outras instituições como, por exemplo, a Associação Mineira dos Pacientes Receptores, Doadores e Transplantados de Órgãos e Tecidos (Amparus), integra um contexto maior de práticas do MGTX que visam manter e expandir o desempenho da instituição tanto para a captação quanto para os transplantes.

Nesse rol se encontram, ao lado da busca ativa de órgãos e tecidos, a campanha Setembro Verde, realizada anualmente no mês de setembro, e sua veiculação, ao longo do ano, em mídias de grande alcance como rádios, televisões e jornais; além da certificação e do treinamento das comissões intra-hospitalares para doação de órgãos e tecidos para transplantes (CIHDOTT’s).

No ano passado, junto com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), foi instituído um incentivo financeiro para os hospitais tanto para a captação de órgãos e tecidos como para a realização de transplantes, que integra a política continuada de Ampliação à Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos de Minas Gerais, cujos resultados são esperados no médio prazo.

“Estamos apresentando um aumento no número de doações e transplantes em Minas Gerais e no Brasil. Entretanto, esse crescimento ainda está abaixo do potencial do nosso estado. Toda ação que vise conscientizar a população e discutir o assunto é muito importante para diminuir a taxa de recusa das famílias no momento em que oferecemos a oportunidade da doação e com isso aumentarmos o número de transplantes realizados”, sublinha o cirurgião.

Lista de espera

Embora o volume de doações no estado tenha sido o melhor da última década em 2023, a fila de espera aumentou. De acordo com o MG Transplantes, até o dia 29/4 deste ano, em Minas Gerais, 7.514 pessoas aguardavam por um transplante, sendo 3.741 de córnea, 3.581 de rim, 88 de fígado, 29 de coração, 68 de pâncreas/rim e 7 de pâncreas.

Cada dia na lista de espera significa uma expectativa pelo direito de permanecer vivo. Segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), em 2022, sete pessoas morreram por dia enquanto aguardavam por um transplante no Brasil. Em 2023, foram oito mortes diárias, num total de 3.014 óbitos no ano passado.

Omar Cançado explica que o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Ministério da Saúde, é o responsável por gerir a lista única de espera por transplantes no país. Nesse contexto, as famílias exercem um papel central para decidir pela doação e fazer valer o desejo manifestado por seu familiar de contribuir para a manutenção da vida de crianças, mulheres e homens que aguardam pela chance da cirurgia transplantadora.

O diretor do MG Transplantes acredita que a recente campanha para a autorização eletrônica de doação de órgãos (AEDO), instituída em abril deste ano, pode contribuir para a discussão sobre o assunto e facilitar a tomada de decisão pela família, que terá um documento oficial que comprova o desejo de doar expresso pela pessoa que faleceu.

Veteranos em ação

A AVFAB-MG, criada em maio de 2019, reúne quase uma centena de veteranos da Força Aérea Brasileira de Minas Gerais e é presidida pelo veterano Sidmar Lúcio dos Santos – comandante Lúcio, 60 anos.

Essa é a primeira campanha pela doação de órgãos e tecidos promovida pela AVFAB-MG. Segundo o comandante, existe a expectativa de que a ação seja realizada a cada três meses a partir de 2025.

No sábado, 4/5, os veteranos da AVFAB-MG contaram com voluntários do MG Transplantes e da Cruz Vermelha distribuídos pelos cinco pontos definidos para a ação, localizados em áreas estratégicas da cidade e no Aeroporto Internacional de Confins: Praça da Liberdade – próximo ao Coreto; Praça Sete de Setembro – no início da Rua Rio de Janeiro; Terminal Rodoviário de Belo Horizonte - Praça Rio Branco, 100 – Centro; Rua Padre Pedro Pinto, 1500 - em frente ao Shopping Popular – em Venda Nova e Aeroporto Internacional de Belo Horizonte/Confins (Aeroporto Tancredo Neves).

Por Alexandra Marques e Janaína Oliveira

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