Quinze municípios que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros foram selecionados para iniciar, em outubro deste ano, a participação no curso de Formação em Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN). Trata-se de iniciativa que envolve a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o Ministério da Saúde (MS) por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

A Vigilância Alimentar e Nutricional tem como objetivo a análise permanente da situação de saúde da população para a organização e a execução de práticas mais adequadas para prevenção e cuidado de todas as formas de má nutrição, incluindo a desnutrição, o excesso de peso e a obesidade, bem como outros agravos relacionados às doenças crônicas.

06.09.2024 - FOTO AGENCIA MINAS

A nutricionista e referência técnica da Coordenadoria de Redes de Atenção à Saúde da SRS Montes Claros, Graciele Helena Fernandes Silva, explica que a VAN “é uma importante etapa para a organização do cuidado e da atenção nutricional da população no Sistema Único de Saúde (SUS). O acompanhamento constitui uma ferramenta essencial de gestão da saúde, por nortear a elaboração de planos de ação com objetivos claros e metas determinadas focadas nas ações de promoção da saúde e alimentação adequada e saudável, contribuindo para a qualificação do cuidado na atenção primária”.

A estruturação da Vigilância Alimentar e Nutricional no Norte de Minas foi apresentada na quinta-feira (5/9), aos secretários municipais de saúde durante reunião da Comissão Intergestores Bipartite do Sistema Único de Saúde (CIB-SUS), coordenada pela SRS. Na oportunidade, a referência técnica da Coordenadoria de Redes de Atenção à Saúde, Patrícia Lima Magalhães explicou que, “com a realização do curso a Secretaria de Estado de Saúde, Unimontes e a Fiocruz estarão dando o suporte necessário para que os municípios estruturem as ações de Vigilância Alimentar e Nutricional”.

As 15 localidades contempladas de forma prioritária são: Bocaiuva; Francisco Sá; Glaucilândia; Josenópolis; Mamonas; Matias Cardoso; Mato Verde; Mirabela; Ninheira; Nova Porteirinha; Novorizonte; Olhos D´Água; Padre Carvalho; Salinas e Verdelândia.

Neste mês a Superintendência Regional de Saúde realizará encontro e oficina presencial com dois representantes indicados por cada município para detalhar os processos de estruturação da Vigilância Alimentar e Nutricional. Já a partir de outubro, com duração de três meses, será ministrado de forma on-line curso sobre o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), que terá etapa presencial de monitoramento e avaliação.

As aulas serão conduzidas por Graciele Fernandes, com participação da pesquisadora da Fiocruz, Santuzza Arreguy Silva Vitorino. Ela é referência nacional da Fiocruz e do Ministério do Planejamento em questões relacionadas à vigilância alimentar e nutricional. O suporte técnico do curso ficará a cargo da nutricionista, Lucinéia de Pinho, professora do mestrado profissional em ciências da saúde da Unimontes. Após o curso a SRS fará o acompanhamento dos municípios na implantação do Sisvan.

Referência
Segundo a Fiocruz, “nos últimos anos Minas Gerais se tornou referência nacional em Vigilância Alimentar e Nutricional. Atualmente, 127 municípios realizam uma correta implementação da VAN cobrindo mais de 60% das suas populações. Contudo, para a tomada de decisões, continuam sendo desafios o fortalecimento dessa cobertura e o uso das informações geradas pela Vigilância Alimentar e Nutricional”.

A Fundação Oswaldo Cruz avalia que “uma boa gestão em saúde precisa de informações atualizadas e de qualidade sobre o estado de saúde da população, a fim de enfrentar a atual epidemia de obesidade e as carências nutricionais persistentes. Contar com informações assertivas e qualificadas sobre esses problemas torna mais eficiente a gestão da Atenção Primária à Saúde (APS) não só na oferta e organização dos serviços e cuidados, mas também nas estratégias intersetoriais de promoção à saúde”.

Nesse contexto, assinala a Fiocruz, a Vigilância Alimentar e Nutricional é a ferramenta de gestão que permite conhecer o estado nutricional e os hábitos alimentares das populações em diversos territórios, sendo indispensáveis para implementar estratégias bem sucedidas de atenção primária à saúde.

Entre as possibilidades para melhorar e expandir a Vigilância Alimentar e Nutricional, a Fundação Oswaldo Cruz entende que por parte dos governos estaduais e federal é preciso apoiar as gestões municipais por meio de investimentos em capacidade técnica e ações intersetoriais, bem como a promoção da cultura da avaliação com base em processos participativos.

Por parte dos municípios a Fiocruz entende que há a necessidade de reconhecer a VAN como um sistema complexo e intersetorial que requer o envolvimento de diferentes agentes conscientes do processo geral de trabalho e capacitados nas suas tarefas específicas. Além disso, é preciso que os municípios promovam a intersetorialidade entre as diferentes áreas de governo: saúde, educação, assistência social, agricultura, meio ambiente, comunicação e as instâncias executivas de tomadas de decisão.

Também é necessário, segundo a Fiocruz, que os municípios atuem para que o planejamento da Vigilância Alimentar e Nutricional seja estratégico e participativo, implicando na coleta, tratamento e disponibilidade de informações de toda a população e não somente de crianças e gestantes.

Entre outras ações específicas que devem ser implementadas pelos municípios, a Fundação Oswaldo Cruz aponta a educação permanente dos profissionais de saúde sobre competências específicas da Vigilância Alimentar e Nutricional e sua articulação com a atenção primária à saúde. Também é preciso que haja o reconhecimento de toda a equipe de Atenção primária à saúde como protagonista das ações de alimentação e nutrição.

Por Pedro Ricardo / Foto: Agência Minas